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Ano IX Número 29 setembro/2012 4

Uma luz para a relação entre

genótipos e ambientes

No campo da experimentação agronômi-ca, a comunidade científica, a partir de progra-mas de melhoramento, conduz experimentos de forma repetitiva para que obtenham-se res-postas de melhor produtividade agrícola con-dicionada ao material genético e sua relação comas variáveis climáticas. Entre 2001 e 2002, Carlos Tadeu dos Santos Dias, professor do Departamento de Ciências Exatas (LCE), rea-lizou um pós-doutorado na Exeter University , Inglaterra. Em contato como professorWojtek Krzanowski, teve seu interesse despertado por utilizar o ferramental estatístico emprol dome-lhoramento genético. “A contribuição desses dois fatores é de grande importância no cotidia-no dosmelhoristas, mas essa relação acaba con-figurando-se, ao mesmo tempo, em um grande obstáculo no processo de tomada de decisões nomeio agropecuário”, comentaTadeu. Os ambientes influenciam os genótipos de forma bastante efetiva. As características do ambiente, representadas por temperatura, plu-viosidade, geada luminosidade, vento, altitu-de, latitude, influenciam e interferem nas res-postas do material genético proveniente das mais variadas culturas agrícolas.

Após uma década de estudos nessa área, o professor do LCE propôs, em parceria com um grupo de pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Estatística e Experimenta-ção Agronômica da ESALQ, uma nova apli-cação no Teste Estatístico F, um modelo de-senvolvido na década de 1940 pelo pesquisa-

dor inglês Ronald Fischer (1890-1962). “Os melhoristas de plantas compreendem que a interação genótipos x ambiente é de suma im-portância para obtenção de variedades superi-ores. Entretanto, há necessidade de entender a contribuição de cada genótipo e ambiente”, co-mentaMirian Fernandes CarvalhoAraújo, ma-temática daUniversidade Federal deUberlândia (UFU) e autora da dissertação de mestrado, orientada pelo professor Tadeu, que propõe o novo formato do Teste F.

O estudo avaliou quatro conjuntos de da-dos, cada um com diferentes números de genótipos dentro de ambientes comquatro blo-cos. Para um dos conjuntos, simularam-se as somas de quadrados das linhas (genótipos) e colunas (ambientes) da matriz de interação genótipos x ambientes (GE) gerando 500, 5000 e 10000 experimentos para verificar a distribui-ção empírica. “Testamos a contribuição de cada genótipo e ambiente para a interação genótipos x ambientes em ensaios multiambientais e implementamos uma rotina computacional para a realização da análise de dados segundo o teste proposto”, afirmaMirianAraújo.

Na prática, trata-se de um teste confirma-tório. “Não existe nenhum teste idêntico”, re-forçam Lucio Borges deAraújo e Priscila Ne-ves Faria, pesquisadores que contribuíram no estudo e aplicaram o teste com dados das cul-turas de trigo e feijão na Faculdade de Mate-mática, da UFU, instituição na qual lecionam. Segundo eles, o modelo matemático-estatísti-

co AMMI, por exemplo, configura-se como ferramenta descritiva, mas não com a mesma significância.

A aplicação proposta pelos pesquisadores da ESALQ resultou na oportunidade de se mapear a variação de genótipos e ambientes. “Se varia muito, significa que o genótipo tem umcomportamento imprevisível, ou seja, muda muito de umambiente para outro. Os genótipos que não contribuem significativamente para a interação são os melhores, pois não apresen-tam variação de acordo com o ambiente”, ex-plica o professor.

Questionado se o teste pode ser transferi-do de forma imediata ao setor produtivo, o professor Carlos Tadeu é enfático. “Se desco-brimos quais genótipos interagemmelhor com determinado ambiente, isso ajuda o pesquisa-dor a definir com mais rapidez e eficiência o número de genótipos que poderá entrar emum programa de melhoramento. É um teste que se aplica a qualquer pesquisa que envolva dois fatores e, colocado em prática, trará vantagens técnicas e econômicas. Aplicamos com a cul-tura do milho, mas pode ser utilizado em qual-quer outra cultura, emmelhoramento de linha-gens animais etc”.

No último mês de julho, um artigo sobre o tema, de autoria dos matemáticos Mirian Fernandes CarvalhoAraújo, Lúcio Borges de Araújo e Priscila Neves Faria, além do profes-sor Carlos Tadeu dos Santos Dias, foi publi-cado na revista científica Interciência.

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