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« Previous Page Table of Contents Next Page »O uso disseminado e indiscriminado de inseticidas também provocou o desenvolvimento de insetos resistentes a esses químicos. Outra consequência indesejada é a contaminação ambiental, que pode levar a problemas como a morte de abelhas, por exemplo.
“Todos esses fatores impulsionaram os trabalhos com controle biológico, que envolve áreas como taxonomia, modelos de simulação, ecologia, bioecologia, seletividade de produtos químicos e várias outras áreas”, detalhou.
Biodiversidade pouco explorada
Um grande desafio para a aplicação do controle biológico no Brasil é o subaproveitamento de uma riqueza natural: a sua ampla biodiversidade. “Apesar de ser imensa, nossa biodiversidade é pouco conhecida, pouco investigada e pouco explorada”, disse Parra, ressaltando que aí poderiam ser encontradas fontes naturais para o combate de pragas.
O Brasil tem dez inimigos naturais disponíveis para a utilização no campo; no mundo, são registrados cerca de 250, segundo Parra. No entanto, o número de pragas conhecidas ultrapassa 500 espécies, o que abre um imenso caminho a ser percorrido pela pesquisa.
As novas metodologias de controle biológico podem utilizar técnicas modernas como sensoriamento remoto com hiperespectrômetros, aparelhos capazes de detectar a presença de insetos na planta, mesmo que estejam sob folhas ou no interior do vegetal.
Com essa técnica, é possível calcular a quantidade de insetos na lavoura com precisão bem maior que os métodos tradicionais, como as armadilhas de feromônios, armadilhas luminosas e a amostragem de insetos por batimento de pano, que consiste em colocar um tecido branco nas entrelinhas da plantação e chacoalhar as plantas para os insetos caírem nele e serem contados.
“Isso é inviável em uma plantação de 50 mil hectares”, argumentou Parra. Por isso, drones equipados com hiperespectrômetros podem mapear a quantidade e a localização dos insetos para que a ação de combate seja direcionada a esses alvos. Os drones também podem fazer uma liberação controlada de inimigos naturais de acordo com a incidência de pragas encontrada.
Essas novas tecnologias levam a outro gargalo: a sua transferência ao produtor. Técnicas modernas exigem mão de obra especializada e um serviço de extensão rural que saiba repassar esses conhecimentos, o que o professor da USP considera um grande desafio.
A logística é outro obstáculo a ser superado devido à grande extensão territorial do Brasil. “Estamos acostumados a falar sobre prazo de validade e tempo de prateleira para patógenos, mas, quando
produzimos insetos, isso é mais complexo”, disse. O inimigo natural deve ser lançado no campo no tempo de vida ideal, medido em dias, e seu transporte para lugares distantes tem de ser feito em câmaras frigoríficas.
Ao mesmo tempo, é preciso ter cuidado com predadores como as formigas que atacam a vespinha Trichogramma, um dos insetos mais populares no combate a pragas, inclusive à lagarta Helicoverpa armigera.
De acordo com Parra, o controle biológico será cada vez mais difundido por necessidade e pressão dos mercados. Ele narrou o caso da Espanha, maior produtor mundial de pimentão, que se viu diante da proibição do uso de inseticida nessa cultura. Por conta disso, o país foi obrigado a utilizar controle biológico.
“Estamos vivendo no Brasil um marco para o controle biológico. Se continuarmos aplicando inseticidas de maneira indiscriminada, as pragas vão aumentar. Temos necessidade do controle biológico e condições favoráveis: biodiversidade, mercado agrícola forte e massa crítica de especialistas para desenvolver a área”, disse Parra.
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