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Segundo as pesquisadoras, em estudo anterior foi investigada a bioacumulação de microcistinas em alfaces. Plantas foram irrigadas com diferentes concentrações de microcistinas, que ficaram bioacumuladas nos tecidos foliares, e analisadas por meio de um ensaio de imunoabsorção enzimática (Elisa), ou enzyme-linkedimmunosorbentassay, em inglês. Observou-se, então, que a toxina bioacumulada nos tecidos vegetais ultrapassou bastante o limite de ingestão diária tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), comprovando que a água contaminada é importante rota de contaminação humana, mesmo não sendo consumida diretamente.

Há, entretanto, grande variação na capacidade de acúmulo de toxinas entre diferentes vegetais. “Não se pode generalizar, pois cada organismo reage de maneira diferente diante da exposição às toxinas de cianobactérias”, informam Maria do Carmo e Micheline, revelando que isso ocorre porque as plantas apresentam um sistema de desintoxicação via rotas enzimáticas, nas quais as substâncias estranhas ao organismo delas são quebradas em partes menores, ou seja, em moléculas mais simples, que podem ser mais facilmente excretadas.

Os estudos abrangem atualmente duas toxinas que causam problemas no fígado: a microcistina e a cilindrospermopsina. Na atual pesquisa, que já era feita com a alface, foi incluída a rúcula. “Além disso, uma nova técnica para análise das toxinas bioacumuladas nos tecidos das plantas está sendo utilizada, a cromatografia líquida acoplada à espectometria de massas em sequência (LC-MS/MS). Com essa técnica, haverá maior confiabilidade nos resultados, pois será quantificada apenas a molécula completa (molécula matriz) das toxinas, e não os seus produtos derivados devido às reações de desintoxicação que ocorrem nas plantas”, explica Micheline Cordeiro. O projeto investiga ainda o período de desintoxicação das toxinas visando avaliar o tempo que as hortaliças levariam para se limparem. “Dessa forma, poderia se tentar recuperar um determinado plantio que tivesse sido contaminado”, completa.

Papel importante na cadeia

Cianobactérias são micro-organismos procariotos (os menores, mais antigos e estruturalmente os mais simples organismos do planeta), que fazem fotossíntese e que estão presentes nos mais variados ambientes (terra, água e neve). Nos ambientes aquáticos, esses micro-organismos têm papel importante para a cadeia alimentar como produtores primários, ou seja, produzem seu próprio alimento, destacando, dessa forma, sua participação na comunidade fitoplanctônica (micro-organismos que vivem em suspensão na água). Muitos desses micro-organismos são capazes de produzir substâncias tóxicas: as toxinas de cianobactérias ou cianotoxinas, que podem causar doenças no sistema nervoso, alergias e, em casos mais extremos, causar hegemorragias no fígado e até matar.

A bioacumulação e seus efeitos

Um dos principais exemplos de bioacumulação é o do inseticida diclorodifeniltricloroetano, conhecido por DDT. Ele se concentra no corpo dos organismos filtradores (como ostras, por exemplo), que podem concentrá-lo até 70 mil vezes em seu organismo. Ao serem consumidos, chegam a causar intoxicação e morte. No homem, o DDT pode provocar problemas no fígado, como cirrose e câncer. Ao passar de um nível trófico (etapas) para outro dentro de uma cadeia alimentar, a quantidade de poluentes, como o DDT, vai se tornando cada vez mais concentrada, de tal forma que uma pequena concentração presente na água pode chegar a uma concentração altíssima no corpo de um consumidor secundário ou terciário (seres carnívoros que se alimentam de outros seres).

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