Clipping semanal - - page 66

dois insetos é que hoje o Brasil é o maior produtor de derivados de produtos da cana-de-açúcar - como o
açúcar e o álcool - e vem se destacando mundialmente com os biocombustíveis. Logo, controlar essas
pragas nas plantações é relevante para a economia do país", enfatiza.
As fêmeas dos insetos Diatraea saccharalis botam ovos na região abaxial (parte de baixo) das folhas da
cana-de-açúcar. Quando esses ovos eclodem, as chamadas neonatas entram pelas gemas laterais do
colmo da cana, formando galerias, que fazem com que haja a perda de peso da cana. Os túneis, quando
transversais, podem ocasionar o tombamento da cana ou até sua perda total.
Essas galerias são uma porta de entrada para microrganismos como os fungos, que provocam, por
exemplo, a podridão vermelha, uma das principais doenças da cana-de-açúcar. Ela recebe esse nome
porque fica avermelhada e apodrece, degradando os colmos.
Enquanto a Diatraea saccharalis é um inseto especialista da cana, a Spodoptera frugiperda é uma
espécie generalista, atacando vários tipos de cultura economicamente relevantes, como as culturas do
milho e do arroz, produtos muito utilizados na alimentação. Na verdade, são a sua base, informa a
doutoranda que, em seu estudo teve como foco ver como o inibidor atuava sobre o desenvolvimento
desses insetos, sob os aspectos bioquímicos e de proteômica.
Resultados
A investigação da bióloga apontou que a Diatraea saccharalis foi sensível e mostrou um efeito positivo a
esse inibidor em termos bioquímicos. Em relação à Spodoptera frugiperda, aconteceu o contrário. Esse
inseto foi resistente ao inibidor. "Então fomos procurar técnicas que respondessem as nossas perguntas:
por que um é tão suscetível a esse inibidor, suficiente para ser um possível candidato a combater esse
inseto, e o outro não?", pergunta.
Desirée analisou os fluidos intestinais desses dois insetos através da proteômica e da espectrometria de
massas. Com isso, foi possível ver quais eram todas as proteínas que estavam sendo mais, ou menos,
expressas no intestino desses insetos, quando alimentados com tal inibidor.
Para Diatraea saccharalis, o inibidor teve um efeito bioquímico - reduziu atividade de tripsina,
quimotripsina, peso e teve baixa deposição de ovos - em duas gerações consecutivas de insetos. A
explicação, opina, é que Diatraea saccharalis não mostrou sinais de resistência até a segunda geração,
sugerindo que o ApTI é um potencial no controle dessas pragas.
Quando analisadas as proteínas diferencialmente expressas no intestino de Diatraea saccharalis, "não
obtivemos sucesso qualitativo e quantitativo dessas proteínas. Então não conseguimos validar o método
de espectrometria de massas para identificar as vias metabólicas onde proteínas diferencialmente
expressas participam e entender os mapas metabólicos desse inseto", explica. "Será necessário fazermos
adaptações na metodologia adotada para que essas informações sejam respondidas através da
espectrometria de massas."
Agora, mesmo a Spodoptera frugiperda sendo resistente ao ApTI, foram encontradas diferenças de
expressão entre os insetos que foram alimentados sem inibidor e os alimentados com inibidor. Também
foram achadas proteínas semelhantes aos dois insetos, como proteínas relacionadas ao crescimento e
proteínas digestivas.
Nos insetos alimentados com inibidor, entre as proteínas mais abundantemente identificadas, estiveram
aquelas ligadas à resistência contra estresse: proteínas do tipo heat shock (HSPs), ou seja, as proteínas
de choque elétrico. "Isso era esperado, uma vez que o inibidor de peptidase ApTI atua negativamente no
desenvolvimento do inseto."
Muitos estudos ainda precisam ser conduzidos, salienta a autora. "Já temos material para ser analisado,
quantificado, para então ser possível fornecermos informações que possibilitem a implementação de
novas estratégias para o uso de inibidores de peptidases no controle biológico de pragas."
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