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Ano XI Número 37 setembro/2014 4

Alimentos biofortificados

A deficiência de vitaminaA (DVA) é um grave problema mundial de saúde pública. Esta acarreta consequências para a sobrevi-vência e a saúde, que poderiam ser evitadas com uma alimentação que suprisse a ingestão diária recomendada. Tal carência é a princi-pal causa de cegueira noturna e do aumento da incidência de infecções, abortos e morta-lidade em crianças menores de cinco anos, re-cém-nascidos, puérperas e gestantes. Um es-tudo realizado emparceria entre ESALQ e The Ohio State University (OSU), nos Estados Unidos, busca minimizar o problema utilizan-do-se da estratégia da biofortificação, recente tecnologia em implantação no Brasil que visa à redução das deficiências de micronu-trientes por meio do melhoramento genético dos ali-mentos básicos.

Oestudo de PauloRoberto deAraújoBerni avaliou o ganho nutricional obtido emmandio-cas ( Manihot esculenta Crantz) e batatas doces ( Ipomea batatas Lam) biofortificadas compró-vitamina A pelo programa brasileiro Biofort. Nessa dissertação de mestrado intitulada “Biodisponibilidade de betacaroteno emman-diocas e batatas-doces biofortificadas: estudos dos efeitos de genótipos e processamentos”, Berni relata que a base da dieta da população brasileira em risco de DVA é baseada emarroz, feijão, mandioca e batata, alimentos que não possuem quantidades significativas de pró-vi-tamina A. “O diferencial dos alimentos biofortificados está no aumento dos nutrientes diretamente nos vegetais por meio domelhora-mento genético tradicional. No caso dos ali-mentos biofortificados para redução da hipovitaminoseA, busca-se aumentar os teores de carotenoides pró-vitamínicosAnas culturas alimentares básicas”, declarou o pesquisador. Berni ressalta que a mandioca é uma das culturas mais importantes na alimentação hu-

mana dos trópicos, principalmente para as po-pulações de baixa renda, enquanto que a batata-doce é uma rica fonte de energia, fibras, mine-rais e vitaminas e possui grande potencial para biofortificação. “Meu objetivo na pesquisa foi avaliar os efeitos dos processamentos e genótipos sobre a estabilidade e a biodisponi-bilidade dos carotenoides em mandiocas biofortificadas e batatas-doces de polpa alaran-jada submetidas ao cozimento e fritura”. O pesquisador sinalizou três aspectos im-portantes em seu estudo: contribuir com os programas de biofortificação; comprovar o grande potencial que os alimentos biofor-tificados têmpara reduzir deficiências nutrici-onais, no caso a vitamina A; e colaborar para melhor compreensão dos fenômenos envolvi-dos na estabilidade e biodisponibilidade de carotenoides frente aos processamentos e di-ferentes matrizes alimentares. “Os alimentos melhorados convencionalmente têm potencial para serem culturalmente bem aceitos e apre-sentarem diversas possibilidades de consumo ou utilização como matéria-prima para produ-tos tradicionais. Desse modo, a biofortificação com pró-vitaminaA é uma estratégia inovado-ra que pode ser uma importante ferramenta na redução da deficiência de vitamina A, com a maior vantagem de não modificar os hábitos alimentares e culturais de produtores e consu-midores”, explicou. A pesquisa de Berni, sob orientação da professora Solange Guidolin Caniatti Brazaca, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), foi realizada emparceria coma Embrapa, IAC, Harvestplus e The Ohio State University . Pro-gramas demelhoramento genético da Embrapa e do InstitutoAgronômico de Campinas (IAC) forneceram os genótipos para o estudo. Fo-ram empregados instrumentos e técnicas de ponta para avaliar a eficácia nutricional das

mandiocas e batatas-doces, com destaque para o modelo de avaliação in vitro da biodispo-nibilidade de carotenoides, o qual emprega o cultivo de células intestinais humanas. Essas análises foram feitas na OSU e financiadas pela rede internacional Harvestplus. “Precisa-mos ter certeza que a pró-vitamina A nesses alimentos será adequadamente absorvida pelo organismo, que é o que chamamos de biodisponibilidade.A técnica que usamos nos Estados Unidos permitiu a avaliação da biodisponibilidade nos diferentes genótipos e processamentos. Esse método ainda não é empregado no Brasil e nós o estamos trazendo à ESALQ”, finalizou o pesquisador.

Resultados - O melhoramento genético produziu genótipos de mandioca contendo até 23 vezes mais â-caroteno nas raízes frescas do que a variedade branca. Esse acréscimo ocor-reumajoritariamente no todo-trans-â-caroteno, que possui duas vezes mais atividade de vita-mina A do que os isômeros cis-â-caroteno e outros carotenoides. Uma porção (100 g) de mandioca biofortificada pode fornecer até 28% da IDR de vitaminaA para crianças entre qua-tro e seis anos.As cultivares Jari, da Embrapa, e 06-01, do IAC, foram as que apresentaram as maiores quantidades de pró-vitaminaA ini-cial e biodisponível.

O processamento das mandiocas resultou emdegradação e isomerização do todo-trans-â-caroteno com consequente perda de atividade de vitaminaA. A fritura possui o maior impac-to, ocasionandomaior perda, porém essa perda é compensada pelamaior biodisponibilidade dos carotenoides.A fritura tambémaumentou a ab-sorção pelas células humanas Caco-2 e resultou emmaior quantidade de todo-trans-â-caroteno acumulado intracelularmente, oque significaque as mandiocas biofortificadas são mais eficien-tes quando fritas em óleo.

TEXTO Alicia Nascimento Aguiar

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