Homenagem ao Professor Humberto de Campos

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Humberto de Campos ao lado da família durante homenagem recebida na Esalq em fevereiro de 2020 (crédito: Gerhard Waller)

Faleceu em 6 de agosto de 2020, o Prof. Humberto de Campos, docente aposentado do Departamento de Ciências Exatas (LCE) e diretor da Esalq entre 07/01/1987 a 06/01/1991.

Humberto de Campos nasceu em Rio Verde (GO), veio para Piracicaba com 14 anos para estudar no Colégio Piracicabano. Ingressou na Esalq como aluno de Engenharia Agronômica em 1955, formou-se em 1958 e, em 1961 entrou, aos 23 anos, para o corpo docente da Universidade, ocupando a Cadeira 17, do então departamento de Matemática e Estatística, hoje departamento de Ciências Exatas. Na Esalq, foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Estatística e Experimentação Agronômica, criando em 1964, presidente da Comissão de Pós-graduação, chefe do departamento e diretor da Esalq entre 1987-91, sendo o último dirigente a residir na antiga Casa do Diretor (local que hoje hospeda o Museu Luiz de Queiroz).

O professor foi ainda Secretário Municipal de Educação (1993-96) e prefeito de Piracicaba (1997-2000). Após esse período voltou a lecionar na pós-graduação e, de 2007-2010, foi diretor executivo da Fundação Municipal de Ensino. Em 2010, aposentou-se definitivamente das atividades oficiais.

Projeto Memória – A edição nº11 do Esalq notícias, publicada em agosto de 2007, trouxe uma entrevista com o professor Humberto no espaço Projeto Memória.

Confira a seguir a entrevista na íntegra

“Sempre tive vontade de fazer agronomia, sou ovelha desgarrada, pois saí cedo de casa para fazer aqui toda minha carreira e me aposentar como agrônomo após 30 anos de profissão, mas posso dizer que o dia que a Escola precisar de mim estou pronto a trabalhar por ela, porque sou dela um filho reconhecido”.

Goiano de Rio Verde e penúltimo filho entre os 12 da prole, Humberto de Campos se considerava a ovelha desgarrada da família. Aos dez anos foi para um internato em Goiás e aos 14 chegou à cidade para fazer o científico no Colégio Piracicabano e depois tentar o vestibular para Engenharia Agronômica. “Entrei na Esalq em 1955, com 17 anos de idade, sou de 1937. Saí da Escola com o título de engenheiro agrônomo com 21 anos e comecei a vida.”

Ao se referir à época de faculdade, Campos se recorda que sua turma não passou pelo trote aplicado pelos agricolões. No ano anterior uma assembleia decidiu colocar fim nessa prática. Lembra ainda com orgulho da façanha de ter conquistado nota 10 na primeira prova do temido professor Orlando Carneiro. “Acertei uma questão fácil de geometria descritiva, matéria que não gostava, e os demais colegas de classe queriam saber quem era o calouro que havia conquistado a nota máxima com o professor que todos receavam.” Por ironia do destino, veio a lecionar justamente essa disciplina nos dois primeiros anos do curso de Engenharia Civil (1969/70), na Fundação Municipal de Ensino (Fumep), instituição hoje dirigida por ele.

Campos formou-se engenheiro agrônomo em 1958, porém seu início de carreira não foi muito fácil. Nos dois primeiros anos passou por empresas em Piracicaba e Araraquara, cujos empregos não vingaram. Em 1959, foi para a Secretaria de Agricultura do Estado, na área de irrigação e drenagem, com sede em Ribeirão Preto e lá ficou até integrar o corpo docente de cadeira número 17, de Matemática, na Esalq, em fevereiro de 1961. O catedrático da época era o professor Frederico Pimentel Gomes. A cadeira foi depois transformada no departamento de Matemática e Estatística, hoje Ciências Exatas.

No departamento, galgou todos os cargos possíveis. Foi coordenador do programa de pós-graduação de Estatística e Experimentação Agronômica, implantado em 1964 e um dos primeiros da Escola. Depois presidiu a Comissão de Pós-graduação. Assumiu a chefia do departamento e chegou ao posto máximo da instituição ao assumir a diretoria no período de 1987 a 1991. “Fui o último diretor a morar na ‘Casa Branca’, residência oficial dos diretores da Esalq”. A partir de então, o prédio que acolheu a família de todos os diretores da Escola, desde sua inauguração em 1945, passou a abrigar o Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes “Luiz de Queiroz”.

Após permanecer por um ano nos EUA, introduziu na grade curricular do curso de pós-graduação em Estatística e Experimentação Agronômica a disciplina Estatística não-Paramédica. Criou ainda a Residência Agronômica, onde os alunos passam por um programa de iniciação profissional e incorporam os créditos necessários para a conclusão do curso. Destaque maior fica por conta da implantação do projeto da Enciclopédia Agrícola. “Quando diretor, fui procurado pelo idealizador da obra, Dr. Julio Seabra Inglês de Sousa, com essa ideia e acatei de imediato a iniciativa”, lembra o professor que pôde ver a obra concluída após 18 anos.

Humberto de Campos foi ainda Prefeito de Piracicaba durante a gestão 1997/2000 e, anteriormente, ocupou o cargo de Secretário de Educação do município.