Projeto é selecionado pelo Instituto Serrapilheira

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Folha de Nicotiana benthamiana exibindo resposta de defesa contra um patógeno não adaptado (crédito: Paulo Teixeira)
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O Instituto Serrapilheira anunciou os 24 cientistas contemplados com até R$ 100 mil para desenvolver projetos por um ano, inseridos na 2ª Chamada Pública de Pesquisa Científica. Entre os contemplados está o professor Paulo Teixeira, do departamento de Ciências Biológicas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

A proposta apresentada pelo professor leva o título de “Doenças são a exceção e não a regra: Por que as plantas são imunes à maioria dos patógenos?” e está inserida na área Ciências da Vida. A questão embutida no projeto faz referência ao fenômeno no qual todos os indivíduos de uma espécie são resistentes a todas às variantes do patógeno, denominado pela comunidade científica de resistência de não-hospedeiro.

“A maioria das plantas é resistente à maioria dos patógenos. Mesmo microrganismos que são devastadores a certas espécies de plantas normalmente falham ao colonizar outras. Esta observação é fascinante e levanta uma questão: como plantas naturalmente estabelecem resistência durável contra patógenos?”, pergunta o docente.

Teixeira lembra que, embora os princípios fundamentais do sistema imune vegetal tenham emergido nos últimos anos, mecanismos genéticos e moleculares da resistência de não-hospedeiro ainda são pouco conhecidos. “Iremos investigar por que o patógeno do citrus Xanthomonas citri pv. citri é incapaz de infectar um painel de plantas não hospedeiras evolutivamente distantes para explorar a diversidade de mecanismos usados por plantas para limitar patógenos não adaptados. Esta pesquisa pode revelar fatores que determinam a especialização de hospedeiros em bactérias patogênicas”, explica

Para o desenvolvimento do projeto, o professor antecipa que serão ofertadas duas bolsas de iniciação científica. Os alunos terão contato com técnicas de biologia molecular, microbiologia e genética, incluindo o silenciamento gênico em plantas. Mais detalhes estarão disponíveis no site do laboratório (www.teixeiralab.org).

Após um ano, os projetos contemplados pelo Instituto Serrapilheira serão reavaliados e até três poderão receber até R$ 1 milhão, por três anos. O apoio pode ser renovado anualmente. Além de receber o apoio financeiro, os beneficiados participarão de treinamentos, workshops e eventos de integração, como o “Encontros Serrapilheira”, realizado anualmente.

Paulo Teixeira – É formado em Biologia pela Unicamp (2008), onde também realizou doutorado direto na área de Genética e Biologia Molecular. Em sua tese (2013), trabalhou com genômica e transcriptômica para entender os aspectos moleculares da interação entre o cacaueiro e o fungo Moniliophthora perniciosa, causador da doença vassoura de bruxa. Realizou pesquisa de pós-doutorado na Universidade da Carolina do Norte (EUA) como bolsista do programa Pew Fellows in the Biomedical Sciences. Em 2018, foi contratado como pesquisador do Howard Hughes Medical Institute (HHMI), atuando ainda na Universidade da Carolina do Norte. Em abril de 2019, assumiu a vaga docente do departamento de Ciências Biológicas da Esalq.Tenho especial interesse em culturas de importância econômica para o país, como o cacau, citrus e soja, mas também usarei organismos modelo (Arabidopsis e tabaco) como ferramentas de pesquisa. Meu laboratório estudará não apenas as plantas, mas também os microrganismos que causam doenças nestas culturas. Uma linha de pesquisa envolvendo o microbioma de plantas também será implementada”.

Texto: Caio Albuquerque (29/04/2019)