Dupla diplomação em Ciências dos Alimentos tem o primeiro esalqueano formado

O estudante Mateus Quelhas dos Santos Martins permaneceu na França por dois anos e oitos meses (Crédito: Gerhard Waller - ESALQ/Acom)

Em 2011, a ESALQ anunciou a parceria com a Ecole Nationale Vétérinaire, Agroalimentaire et de L’Alimentation Nantes-Atlantique, denominada Oniris. A iniciativa proporciona que estudantes do curso de Ciências dos Alimentos cursem o programa de dupla diplomação, ou seja, tenham sua formação enriquecida com um diploma validado tanto em território brasileiro quanto na França.

Três anos depois, Mateus Quelhas dos Santos Martins é o primeiro esalqueano a completar a formação inserido no programa. Classificado como bolsista no processo seletivo CAPES/BRAFAGRI 2011, o estudante seguiu para a França em janeiro de 2012 e, por dois anos e oito meses, cursou disciplinas e fez estágios naquele país até cumprir os créditos necessários.

De volta ao Brasil, Mateus conta que, na esfera acadêmica, a formação na França complementa a base conceitual apresentada na ESALQ. “Levamos a base da graduação em Ciências dos Alimentos e completamos a formação com os aspectos ligados à engenharia, além de economia, estratégias de negócios etc. “Com isso, adquirimos uma visão holística do setor, saímos da ESALQ com conhecimento relacionado às temáticas da bioquímica dos alimentos e, na França, partimos mais para a área empresarial, de mercado de alimentos, e assim passamos a conhecer a dinâmica dos negócios, até porque realizamos estágios obrigatórios dentro do ambiente corporativo”.

Sobre os estágios, o estudante conta que desenvolveu três durante sua permanência. “Na primeira experiência, de um mês, atuei como operário em uma linha de produção de uma empresa que trabalha com camarão e moluscos. Ali aprendi todo o processo, embalando produtos, pesando etc. No segundo ano, o estágio prevê a oportunidade de escolhermos uma área em que temos interesse em desbravar e assim consegui entrar em uma empresa no norte francês que atua com derivados do leite. Dessa vez o estágio foi realizado na área de marketing. Finalmente, no terceiro ano, realizamos o trabalho de conclusão de curso integrado no estágio e aí eu me mantive na empresa de derivados lácteos”.

Adaptação – Sobre o processo de adaptação, Mateus aponta o clima como um grande obstáculo, mas revela que o contato com a cultura e o povo francês foram tranquilos. “As estações do anos são bem marcadas, eu cheguei no ápice do inverno e, particularmente, foi um grande desafio. Quanto ao povo francês, são receptivos, mas temos que abrir o espaço e pedir ajuda. Há um distanciamento natural, mas que ocorre somente no início. Já a relação professor-aluno é mais formal do que no Brasil”.  Quanto à moradia, Mateus teve acesso a um dormitório com sanitário, garantido até o final da graduação.

No retorno à ESALQ, Mateus apresentou a documentação necessária no Serviço de Graduação (SVG) da Escola para a validação do curso realizado na França e faz planos para o futuro. “Eu me identifiquei com a área de marketing e penso em realizar um curso suplementar, para ter uma formação mais aprofundada, talvez um MBA. Sobre o programa de dupla diplomação, foi fantástico, mudei tanto no quesito profissional quanto no aperfeiçoamento dos idiomas e assim me sinto pronto para o mercado de trabalho”.

No início de setembro, convidado pela professora Thais Vieira, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da Escola, o discente reuniu-se com alunos do curso para contar suas experiências. “É importante eles conhecerem o ponto de vista do aluno, os desafios enfrentados desde que chegamos na França e como passar da melhor forma os dois anos e oito meses”.

Para a docente do LAN, que coordena na ESALQ as atividades deste programa de dupla diplomação, trata-se de uma oportunidade excelente para os alunos conseguirem estágios em empresas, não só no Brasil como em outras partes do mundo. “O primeiro aluno francês que concluiu a dupla diplomação foi encaminhado por uma empresa francesa para atuar na África, em Moçambique, para trabalhar com segurança alimentar, porque ele tinha a experiência no Brasil e dominava nosso idioma, o mesmo do país africano. O plano de estudo que definimos com esses alunos é muito claro e, antes de partirem para a França, eles têm a plena consciência do caminho acadêmico que precisam trilhar, o que facilita o máximo do aproveitamento nesses dois universos”.

Texto: Caio Albuquerque (30/09/2014)

Boletim 42