Fungos selecionados em pesquisa podem auxiliar área médica e agricultura

Autor: 
Diana Fortkamp
Orientador: 
Simone Possedente de Lira
Programa: 
Microbiologia Agrícola
Curso: 
Doutorado
Data da defesa: 
sex, 02/03/2018 - 13:00

 

Biodiversidade da Mata Atlântica permite obter compostos fúngicos de importância biotecnológica

A Mata Atlântica foi o cenário de um estudo realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq) que propõe auxiliar no combate a doenças em humanos e na agricultura. Desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola, a tese Metabólitos secundários produzidos por fungos endofíticos isolados de Anthurium alcatrazense e Begonia spp. teve como objetivo extrair compostos produzidos por fungos com aplicações na área médica (como antibióticos, remédios contra o câncer e leishmaniose) e na agricultura (como agroquímicos contra a antracnose e a seca da haste da soja).

O estudo tem autoria de Diana Fortkamp, orientação da professora Simone Possedente de Lira, do departamento de Ciências Exatas da ESALQ, em Piracicaba-SP e faz parte do projeto Temático Biota FAPESP intitulado “Componentes da Biodiversidade, e seus Caracteres Metabólicos, de Ilhas do Brasil – Uma Abordagem Integrada”, tendo como pesquisador responsável o professor Roberto Gomes de Souza Berlinck.

“Buscamos isolar os fungos que habitam o interior de plantas, os quais são conhecidos como fungos endofíticos”, explica Diana.

Segundo a pesquisadora, as coletas das folhas de plantas foram realizadas na Mata Atlântica em dois lugares: no continente (Ubatuba-SP) e na Ilha de Alcatrazes (litoral do estado de São Paulo). “No continente coletamos a planta Begonia fischeri (nome popular: begônia), e na Ilha de Alcatrazes as plantas Begonia venosa (nome popular: begônia), endêmica da Mata Atlântica, e Anthurium alcatrazense (nome popular: antúrio), endêmico da Ilha de Alcatrazes”.

Diana conta que alguns dos compostos fúngicos isolados nessa pesquisa foram ativos no combate ao alvo do proteassoma - alvo validado contra o câncer -, contra o fungo Colletotrichum gloeosporioides - um dos fungos causadores da antracnose, doença que afeta diversas culturas agrícolas - e contra o fungo Phomopsis sojae, causador do cancro e seca da haste e da vagem de soja.

“Outras frações fúngicas, cujos compostos puros ainda não foram identificados, se mostraram ativas contra a formação de biofilme de duas bactérias (Pseudomonas aeruginosa, Gram negativa e Staphylococcus aureus, Gram positiva), mostrando possibilidade de atuação conjunta com antibióticos”. Essa parte da pesquisa, relata a autora, foi realizada como parte do doutorado sanduíche de seis meses na Alemanha, no Helmholtz Zentrum für Infektionsforschung, na cidade de Braunschweig, sob a orientação do Dr. Wolf-Rainer Abraham.

“Ainda precisam ser realizados testes de toxicidade, entre outros, mas esses compostos isolados surgem como uma nova alternativa no combate a essas doenças”, finaliza.

A pesquisa contou com a colaboração de outras instituições, com  o apoio do ICMBio e da Marinha, e com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Diana Fortkamp foi bolsista do CNPq e também da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Diana Fortkamp
Créditos: texto - Caio Albuquerque | Foto - acervo pessoal de Diana Fortkamp