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« Previous Page Table of Contents Next Page »nutriente. Parte do carbono que compõe o metano emitido pelo gado poderia ter sido usado para produzir mais carne. Parte dos resíduos agrícolas queimados no campo poderia ter gerado eletricidade, ou num futuro próximo, etanol de segunda geração, aumentando assim a quantidade de energia que se produz em um hectare de terra.
Além de reduzir emissões, é preciso também remover parte do dióxido de carbono acumulado na atmosfera e estocá-lo de alguma forma. As plantas já fazem isso pela fotossíntese, estocando carbono em sua biomassa. Florestas em crescimento, por exemplo, são chamadas de sumidouros de carbono, funcionando como um reservatório. Outro importante reservatório de carbono é o solo. Há mais carbono orgânico no solo que em toda a vegetação e atmosfera somados. À medida que a biomassa das plantas se decompõe, uma parte do carbono contido no material vegetal fica retida no solo, no chamado seqüestro de carbono. Este processo é, no entanto, lento e reversível. Ao haver revolvimento excessivo do solo, pode-se perder boa parte do carbono estocado. Diversas ações na agricultura precisam ser tomadas para aumentar a quantidade de carbono que fica estocada no solo e evitar que este carbono seja perdido. Alguns exemplos de práticas que aumentam o aporte de material orgânico são o uso de adubos verdes, a manutenção de resíduos de cultura sobre o solo, e a diminuição ou eliminação do cultivo do solo.
É essencial também considerar as emissões de GEE como um dentre diversos impactos ambientais das atividades humanas. Ações para reduzir emissões ou aumentar a fixação de carbono devem também promover o uso responsável dos recursos hídricos e energéticos, além de minimizar impactos na biodiversidade e na saúde humana, para citar alguns exemplos.
Outro conceito importante na gestão de emissões é a visão de cadeia produtiva. As emissões de GEE e outros impactos ambientais precisam ser avaliados ao longo de todo o ciclo de vida de produtos agrícolas, passando pela produção de matéria prima, processamento, embalagem, transporte e consumo. Esta abordagem implica em uma ação conjunta entre os diversos elos da cadeia de produção e consumo, em contraste a uma identificação simplista de “culpados”. O mercado consumidor interno e externo exerce um papel de crescente importância ao cobrar produtos produzidos com baixas emissões.
O agro brasileiro tem todas as condições para produzir com sustentabilidade e lucratividade, reduzindo suas emissões de GEE e aumentando a fixação de carbono com tecnologias disponíveis. É importante, portanto, fomentar e desenvolver práticas agrícolas com potencial de amenizar o problema do aquecimento global, por meio de políticas públicas e pesquisa científica. O papel positivo que o agro pode exercer como parte da solução deste desafio global precisa ser intensificado, apoiado e divulgado.
Referências:
Cerri, C.C., Maia, S.M.F., Galdos, M.V., Cerri, C.E.P., Feigl, B.J., Bernoux, M. (2009) Brazilian greenhouse gas emissions: the importance of agriculture and livestock. Scientia Agricola 66: 831-843.
Marcelo Galdos é pesquisador do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) no Programa de Sustentabilidade. Doutor em Ciência do Solo pela Esalq/USP.
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