USP Mulheres lança campanha pela igualdade de gênero no contexto da pandemia de covid-19

Cartaz da campanha “A USP unida pela igualdade de gênero”

O Escritório USP Mulheres lançou, na última sexta-feira (19), a campanha “A USP unida pela igualdade de gênero”, que busca conscientizar a comunidade universitária sobre a necessidade de uma justa divisão de tarefas domésticas e de cuidados com familiares, durante (e após) o período de isolamento social.

Como parceira da ONU Mulheres no programa IMPACTO 10X10X10 do movimento #ElesPorElas (em inglês, #HeForShe) desde 2016, a USP implementa a iniciativa atual em resposta ao apelo da organização diante da pandemia do covid-19, reforçando seu propósito de promoção da igualdade de gênero e enfrentamento à violência na Universidade, também neste período de crise sanitária.

A campanha #ElesPorElasEmCasa, lançada pela ONU Mulheres em maio, tem o objetivo de incentivar os homens a assumir tarefas e equilibrar o trabalho cotidiano em suas famílias, transformando definitivamente as relações de gênero dentro de casa. O estabelecimento de novas rotinas e práticas demandaram mudanças de atitude diante da vida, evidenciando que todas as pessoas da família devem compartilhar os cuidados com a casa e com os familiares.

Para dar visibilidade às mudanças e impactos na vida das mulheres com a pandemia de covid-19, a ONU Mulheres publicou um documento no qual são sugeridas medidas prioritárias nas respostas à crise e na recuperação dela a longo prazo.

No texto, a organização internacional destaca que a crise global desencadeada pela covid-19 tornou evidente como a manutenção da vida diária baseia-se no trabalho invisível e não remunerado de muitas mulheres e meninas. O fechamento das escolas e creches, a intensificação das rotinas de higiene dos espaços domésticos e dos cuidados com as pessoas idosas, com doenças crônicas e com deficiências aumentaram exponencialmente o trabalho de cuidado, sobrecarregando especialmente as mulheres.

Antes da covid-19, as mulheres despendiam três vezes mais tempo em cuidados não remunerados e trabalhos domésticos do que os homens. No contexto da pandemia, o aumento da demanda de cuidados está aprofundando as desigualdades já existentes na chamada divisão sexual do trabalho. Globalmente, as mulheres são consideradas as cuidadoras familiares não remuneradas padrão.

A sobrecarga de trabalho e o estresse dela decorrente impactam não só a saúde física e mental das mulheres, mas também suas oportunidades de aperfeiçoamento educacional e profissional, bem como seu trabalho remunerado, já que elas dispõem de menos tempo para se dedicar a essas atividades.

No Brasil, a desigualdade é ainda maior do que a estimativa global, pois as brasileiras gastam quatro vezes mais tempo em tarefas não remuneradas do que os homens, conforme levantamento feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Algo nada digno de orgulho: o desempenho brasileiro é considerado o 17º pior do mundo.

A ONU Mulheres alerta, ainda, que evidências das epidemias passadas mostram que as meninas e adolescentes correm um risco particular de desistir e não voltar à escola, mesmo após o término da crise, já que elas passam significativamente mais horas em tarefas domésticas do que seus colegas do sexo masculino.

 #ElesPorElasEmCasa também na USP

Com a interrupção das aulas e atividades presenciais na USP desde 17 de março, a vida acadêmica passou a ocupar maciçamente o espaço doméstico, seja por meio do teletrabalho ou das aulas online. A discussão sobre as consequências dessa mudança radical e repentina é pertinente e se faz necessária.

Por isso, a equipe do Escritório USP Mulheres elaborou um cartaz com mensagem chamando os homens para a participação nas tarefas domésticas e de cuidados familiares. Encaminhado a toda a comunidade de docentes, discentes e servidores técnico-administrativos por e-mail, o material foi também divulgado nas redes sociais para incentivar o debate entre uspianas, uspianos e seus familiares sobre a importância da igualdade de gênero, na Universidade e em casa.

Além do incentivo externo feito pela ONU Mulheres para que os impactos da pandemia sobre as mulheres fosse discutido em nossa Universidade, há que se destacar também uma demanda interna, particularmente das mães da comunidade universitária, para encontrar soluções no que se refere às suas condições.

Próxima campanha

A próxima campanha do Escritório USP Mulheres no contexto da pandemia de covid-19 abordará a violência doméstica, mobilizando a comunidade universitária a perceber e intervir adequadamente diante desse grave problema social e de saúde pública.

Com o isolamento e a limitação ao acesso de serviços e recursos, o aumento da violência doméstica tem sido reportado em vários países desde o início da pandemia. Segundo a ONU Mulheres, é a pandemia invisível ou pandemia das sombras.

Além de dar visibilidade a essa temática e convocar a comunidade para a ação, a campanha oferecerá um mapeamento atualizado de diversos recursos de informação, orientação, acolhimento e atendimento (psicológico, jurídico, social e de saúde) para mulheres vítimas de violência em todas as cidades onde a USP possui campus ou unidade, a saber: São Paulo, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos e São Sebastião.

O mapeamento será disponibilizado no site do Escritório e encaminhado para todos os dirigentes de unidades, órgãos centrais e prefeituras dos campi para divulgação entre os profissionais que realizam esse tipo de acolhimento em suas unidades e membros das Comissões de Direitos Humanos. Nessa oportunidade, os campi do interior serão convidados para uma reunião com o Escritório USP Mulheres, buscando o estreitamento de laços e parcerias.

Edição 329