Ano XII
Número 40
junho/2015
4
GerhardWalller(Acom)
Reação em cadeia a favor da soja
TEXTO
Ana Carolina Brunelli
Inovação
Tecnológica
Pesquisa desenvolve metodologia que detecta fungos
patogênmicos em sementes de soja de forma mais rápida
em comparação aos métodos tradicionais
Avanços tecnológicos, unidos à eficiên-
cia e habilidade de produtores agrícolas, in-
fluenciam o desenvolvimento da cultura da
soja, que se destaca principalmente no Cen-
tro-Oeste e Sul do Brasil. O grão, que é utili-
zado na preparação de ração para animais,
também está presente na dieta dos humanos
e, portanto, cuidados são necessários para que
não ocorramprejuízos durante a produção des-
sa cultura que sofre com a presença de alguns
agentes patogênicos, entre eles, os fungos.
Uma pesquisa realizada na Escola Supe-
rior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, por
Juliana Ramiro, no Programa de Pós-gradu-
ação em Fitopatologia, adaptou uma técnica
molecular chamada Reação em Cadeia da
Polimerase em Tempo Real (qPCR) para se-
mentes de soja. “Estabelecemos uma
metodologia para detectar fungos fitopato-
gênicos encontrados com maior frequência
em sementes de soja de uma maneira mais
rápida e precisa” contou Juliana.
As sementes são as principais fontes de
disseminação dos fungos. Portanto, a estra-
tégia mais eficaz é, por meio da técnica
molecular, realizar a exclusão de lotes de se-
mentes contendo patógenos antes do plantio.
Os fungos patogênicos de maior ocorrência
em sementes de soja são
Phomopsis
spp
.
Colletotrichum truncatum, Cercospora
kikuchii, Rhizoctonia solani, Sclerotinia
sclerotiorum, Fusarium pallidoroseum (
sin
.
F. semitectum), Aspergillus flavus, Penicillium
spp., entre outros.
A técnica desenvolvida na ESALQ possi-
bilita verificar a presença de dois ou mais
patógenos alvos de uma única vez. “A vanta-
gem desse método é a rapidez com que se con-
segue diagnosticar se há ou não presença de
algum fungo patogênico à soja na semente, em
poucas horas”, disse a pesquisadora. Atual-
mente, a detecção convencional é realizada em
laboratórios oficiais credenciados peloMinis-
tério daAgricultura, Pecuária eAbastecimento
(MAPA), em acordo com as Regras paraAná-
lises de Sementes no Brasil (RAS).
O estudo, orientado pelo professor Nel-
son Sidnei Massola Júnior, do Departamen-
to de Fitopatologia e Nematologia, utiliza ini-
ciadores e sondas no qPCR, que estão sendo
avaliados e comparados aos métodos tradici-
onais de detecção de patógenos. De acordo
com Juliana, os métodos tradicionais estabe-
lecidos pela RAS são demorados, laboriosos
e demandam profissionais com conhecimen-
to em taxonomia clássica para que sejam exe-
cutados. “Ametodologia de detecção por meio
de técnicas moleculares, além de mais rápida,
pode ser executada e interpretada por pesqui-
sadores que não tenham conhecimento de
taxonomia clássica de fungos” ressaltou.
Segundo a pesquisadora, quando uma se-
mente de soja é diagnosticada com alguma
doença, é possível excluir os lotes de semen-
tes contaminadas, evitando assim, reduções
na produção da cultura ou até mesmo a entra-
da de patógenos em áreas onde ainda não
ocorrem. “Este projeto deve servir para in-
centivar pesquisadores para que continuem
se empenhando na busca de otimização de
mão de obra tanto para pesquisa, como para
as medidas práticas que auxiliam no desen-
volvimento do agronegócio brasileiro” fina-
lizou.
Equipe –
Participam do desenvolvimen-
to da pesquisa, além da autora e de seu
orientador, a professora Maisa Ciampi
Guillardi, pós-doutoranda no Laboratório de
Fungos Fitopatogênicos do Departamento de
Fitopatologia e Nematologia; o professor
Wagner Vicente Pereira, pós-doutorando na
Universidade Federal do Paraná; a aluna de
iniciação científica Marina Coan Goldoni
Barbieri, do curso de EngenhariaAgronômi-
ca da ESALQ e a especialista em laboratório
Maria Heloísa Duarte de Moraes, também do
Departamento de Fitopatologia e Nemato-
logia. O projeto conta, também, com o apoio
da professora Danielle Gregório Gomes Cal-
das, do Laboratório de Biologia Celular e
Molecular do Centro de Energia Nuclear na
Agricultura (CENA) da USP, que é coorde-
nado pela professora Siu Mui Tsai.