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« Previous Page Table of Contents Next Page »O trote faz a exigência do silêncio, que é típica dos grupos criminosos, das máfias. Para entrar no grupo, a pessoa vai passar por dor, sofrimento físico e psíquico e precisa manter o silêncio sobre isso. É um teste de obediência para saber se cumpre a lei do silêncio, se executa tarefas contrárias a vontade para pertencer ao grupo. O trote, por essa dinâmica, é uma porta para corrupção. Os grupos corruptos vão exigir o mesmo silêncio e obediência.
Qual a consequência que o trote gera para a formação do aluno?
A universidade deveria ser um espaço de liberdade e não um espaço de exercício de poder. Os assuntos que precisam ser debatidos dentro da universidade implicam em liberdade. Nesse clima de terror que o trote produz, como você vai debater a desigualdade social, o machismo, a corrupção e todos os assuntos difíceis que precisam ser debatidos? Existe uma necessidade de liberdade para que possa debater as coisas. O grupo trotista mata isso. Os alunos ficam intimidados, não conversam, tem inimizades que perduram para o resto da vida. Além disso, a universidade está formando, ou deformando, profissionais pensando em modelo de produção autoritário, que hoje está em franca decadência.
Voltando aos casos da FMUSP, como será o médico formado em um ambiente de trotes?
Eles vão pensar a medicina que não é social, não é preocupada com a prevenção. É uma medicina dos laboratórios, da tecnologia mais pesada. Mas completamente despreocupada com a saúde da grande massa da população brasileira, que não tem recursos para esse tipo de tratamento.
Vemos frequentemente, filmes hollywoodianos fazendo referências ao trote nas universidades americanas. Como é isso lá?
Nos Estados Unidos, o trote é muito problemático. Mas as universidades têm estabelecidos práticas coibitivas do trote porque as pessoas entram com ações judiciais não só contra o agressor, mas contra as universidades. Várias foram obrigadas a pagar indenizações muito altas. Um levantamento de um autor norte-americano indica que 19 pessoas morreram por causa do trote em 2000. No Brasil, a estimativa é que sejam duas ou três mortes por ano.
Esse seria o caminho para coibir a prática aqui?
Precisa entrar com ações contra o agressor, a pessoa que efetivamente aplicou o trote, e também contra instituição, que precisa ser penalizada judicialmente porque ela é responsável, principalmente nos casos em que o trote é recorrente, com históricos de violência todos anos e que tem alunos machucados ou que abandonam o curso por causa disso.
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