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« Previous Page Table of Contents Next Page »voltam a cortar o cabelo. Os alunos de quinto ano, cortam cabelo com máquina cinco, do quarto, com máquina quatro, do terceiro, com três, do segundo, com dois e do primeiro com um. Nas festas de 5, 10, 15 de formados, as pessoas continuam com as práticas de trote, mesmo depois de formadas.
Qual era e qual é o significado do trote?
A motivação do trote é diferente hoje do que era no passado. Nos rituais de passagem das sociedades tribais, eles marcam a igualdade entre as pessoas. As pessoas passam pelos rituais porque elas são iguais. Na nossa sociedade, esses rituais estão cada vez mais ligados à questão de privilégios, a questão de grupos que querem estar acima de outros grupos, competição. Hoje o trote marca a desigualdade entre as pessoas.
Qual a mensagem por trás dos trotes? Por que os trotes são praticados?
Trote é basicamente um processo seletivo de entrada de determinados grupos. No caso do trote universitário, há dois tipos de instituições. Uma é uma instituição em que o trote é relação entre alunos, esporádica, mesmo assim pode causar danos, inclusive mortes, mas onde não há um grupo trotista bem estruturado e que controla a instituição. Não é um grupo forte. Embora tenha alguns alunos que apliquem os trotes, mas não é um grupo que tem controle ou raiz profunda dentro da instituição.
O que são esses grupos trotistas?
Esses grupos são estruturados, tem uma disciplina praticamente militar. Aqueles que comandam o grupo não são alunos. São professores, dirigentes, são reitores, são diretores, são chefes de departamento, presidente de comissão...
Qual é o perfil dessas pessoas?
A pessoa que pratica o trote tem uma pronunciada aceitação de preconceitos. Então você tem racistas, homofóbicos, machistas. Esse é o perfil. Isso se manifesta nas próprias práticas do trote. Os apelidos, por exemplo, geralmente fazem referência a aparência física, origem étnica, opção religiosa, opção sexual, opção política e coisas assim. São claramente manifestações de preconceito.
Quais exemplos o senhor pode dar?
No caso do pedágio, por exemplo, é o aluno de primeiro ano colocado na posição de mendigo. Essa coisa da embriaguez no limite também tem a mesma lógica. Aqui na Esalq, eles usam um chapelão [de palha], como se fosse os trabalhadores da agricultura. Na Geociência, eles tomam banho de lama e ficam colocados na mesma condição do garimpeiro. A manifestação se dá por meio dessas práticas que são bastante preconceituosas.
Quem dá esse poder para esses veteranos aplicarem os trotes?
Na ideia deles, é uma pedagogia. O trote é fundamentalmente constituído de duas partes. No primeiro ano, recebe todas as praticas do trote, todas as violências, os assédios. No segundo ano, a pessoa é obrigada a aplicar o trote. Se ela recusa, é excluída do grupo. É um processo de formação de opressores, que se auto intitulam donos da tradição e da universidade. Eles dizem que amam a universidade, que é uma espécie de grande-mãe e são uma espécie de herdeiros dela. Eles recebem esse poder dos ex- alunos, professores, dos dirigentes, que agem estimulando o trote e impondo essa prática. Tem ex-alunos, pessoas com 40, 50 anos, que vêm à universidade e ficam exigindo dos alunos que moram nas repúblicas, que apliquem trotes. Essas pessoas deveriam ser investigadas.
Então quem são os verdadeiros culpados?
Geralmente, as atléticas estão envolvidas porque o trote cultua a força e a imposição. Então, os mais atléticos, supostamente poderiam dominar os menos atléticos. Mas os grandes responsáveis são exalunos, que se tornaram professores influentes dentro da universidade e ex-alunos que estão no mercado de trabalho, voltam à universidade e exigem dos novos que apliquem trotes. A ideia propagada é que se ele entrar para o grupo do trote, terão facilidade no mercado de trabalho.
Por que poucos alunos não compactuam com essa prática e não denunciam os abusos?
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