Page 39 - MODELO

This is a SEO version of MODELO. Click here to view full version

« Previous Page Table of Contents Next Page »

deveria ter sido tomada. Folegatti se defendeu reafirmando que não sabia do conteúdo dos emails e que, quando foi averiguar, eles já haviam sido apagados.

O presidente da comissão, o deputado Adriano Diogo (PT), revelou que os membros da CPI têm sido ameaçados pelos ex-alunos citados no depoimento da vítima. Ele também leu um depoimento escrito pela família da vítima, no qual se afirmava que Folegatti desestimulou que se desse prosseguimento à denúncia: Ele foi omisso e nos disse: olha, não vai fazer nada, deixa isso quieto.

Reitor da USP

O depoimento do reitor da USP, Marco Antônio Zago não trouxe esclarecimentos relevantes em relação ao combate ao trote, e foi, nas palavras de Adriano Diogo, decepcionante. Ele disse que todas as denúncias estão sendo acompanhadas pela reitoria, que delegou à Comissão de Direitos Humanos da USP (CDH-USP) a responsabilidade pela investigação das denúncias.

Marco Aurélio de Souza ressaltou os problemas no processo de sindicância, relatando o caso de uma aluna que fez uma denúncia que foi alterada ao ser escrita. O vice-diretor da Faculdade de Medicina ABC, Marco Akerman, que estava presente à sessão, também sugeriu que era necessário uma canal de comunicação mais efetivo para acolher as denúncias: A CDH-USP não vai conseguir construir uma lógica sensível de escuta, seria necessário que houvesse um órgão intermediário.

Problema pontual

Durante o tempo todo, o reitor tratou do problema como se fosse o caso de alguns alunos desviantes, e não de um problema estrutural, misturado à própria hierarquia da instituição universitária. Eu tenho a impressão que não seria saudável nós generalizarmos, disse ele sobre os alunos de medicina, Há nesse conjunto de denúncias uma mescla de situações muito diversas, disse em outro momento, mostrando como a universidade trata de cada caso como um caso específico sem conexão com a cultura do trote.

Ao final da sessão, o aluno de medicina Felipe Scalisa, um dos que tiveram a iniciativa de levar as denúncias à CPI, disse ao reitor: O que nos fez vir à esfera pública foi que estávamos sofrendo perseguição dentro da universidade e não sabíamos o que fazer, é uma centena de alunos (que está envolvida nos trotes), não é um ou dois.

O reitor também culpou as confraternizações dos alunos por parte da violência, dizendo que as festas na universidade e o consumo de álcool são graves problemas. Afirmou ainda que com a medida de abolirem as festas e o consumo de álcool a situação irá melhorar. A advogada Marina Ganzarolli, uma das fundadoras do coletivo feminista Dandara, da Faculdade de Direito da USP, disse em resposta: o foco do problema não são as festas, não é o álcool, não são as confraternizações da vida estudantil. A gente não tem que ensinar as meninas a usar uma saia mais longa ou parar de beber, é preciso ensinar os alunos a não estuprar. É pra isso a gente precisa de apoio administrativo.

Page 39 - MODELO

This is a SEO version of MODELO. Click here to view full version

« Previous Page Table of Contents Next Page »