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« Previous Page Table of Contents Next Page »genética e melhoramento participativo. É o caso da sapota, uma espécie da Amazônia Ocidental, planta cultivada no Alto Solimões, mas pouco comercializada. É uma das frutas que podem ter a área cultivada ampliada. Trabalhamos com melhoramento participativo e vamos nessas áreas dialogar com o agricultor, aprender com ele e levar conhecimentos em relação aos caracteres que devem ser considerados no processo de melhoramento. Como deixar um fruto mais amarelo, mais escuro, doce ou não, e estabelecer, também, nos locais de atuação, um sistema de conservação. O que é um sistema de conservação?
É para manter a variabilidade genética da espécie. Porque uma espécie não é somente uma planta ou uma população. Isso não é suficiente, porque, se ocorrer algum evento que coloque em risco a sobrevivência da espécie, não haverá variação suficiente para superar esses problemas. Se acontecer uma mudança climática que afeta a planta e não tiver variação, não há como adaptá-la às novas condições, não tem variabilidade suficiente e a possibilidade de extinção é muito alta. No caso do açaí saído da Amazônia, ele se desenvolve bem em terra firme, mas também está no ambiente úmido, de várzea. Uma vez fui fazer uma visita a um agricultor. Ele sabia que o açaí é uma espécie de terra firme, mas vimos um na várzea e perguntamos ao agricultor – e aí entra a questão do etno-conhecimento – por que, se a planta é de terra firme, ela está na várzea? Ele contou que a planta resiste. A planta está adaptada porque passou por um processo de seleção. Em uma população de açaí, a dispersão é natural, vai semente para todo lugar, se algumas delas caem num lugar e não tem adaptação, então a própria natureza seleciona contra. Se tiver alguma planta [indivíduo] adaptada, ela permanece e assim a frequência de indivíduos [genes] adaptados vai aumentando gradativamente. Como o senhor vê a participação da população local no seu trabalho?
A gente trabalha com a reafirmação cultural porque a cultura deles permitiu que essas espécies, que são milhares e foram domesticadas por seus ancestrais, continuassem existindo lá. Essa cultura é responsável pela manutenção da agrobiodiversidade. Se essa cultura mudar, a questão da conservação da biodiversidade não vai ter mais significado. O que seria diferente?
É diferente da conservação ex situ, que é a conservação fora do local de incidência da espécie. O Inpa possui uma coleção de pupunha, que é muito difícil manter, porque foi feita a coleta na América Central, na Colômbia, no Peru, e foram levadas para uma estação experimental. É difícil porque tem que manter as plantas vivas fora do local de ocorrência.
O senhor acha que o Brasil tem que apostar mais na reafirmação cultural?
Para isso tem que se reconhecer que uma das funções da agricultura familiar e das áreas de proteção ambiental é a de conservar os recursos que estão lá dentro, não é só produzir. A castanha-do-brasil, por exemplo, vem principalmente do extrativismo, embora a função dessas reservas de castanha seja não só produzir, mas também manter o recurso. Essa tem sido a política do Ministério do Meio Ambiente. Tem bolsa-família, bolsa-floresta, que ajudam a fazer esse trabalho na conservação. Seria aproveitar também o melhoramento genético participativo?
A interação com o agricultor é muito importante porque ele é o detentor do conhecimento local. Se esses elementos da natureza estão lá e estão sendo conservados, é porque alguém, a cultura humana, permitiu isso. Saber como eles fazem isso é importante. O melhoramento é um processo de evolução, o homem conduz essa seleção, quero isso ou quero aquilo. A condução é do homem e a identificação também. A participação do conhecimento tradicional é importante e, como esse material está nas áreas comunitárias e públicas, a decisão de como melhorar e manter deve ser a partir dos próprios agricultores. A gente interage e diz que se eles quiserem melhorar uma espécie e se pretendem comercializar é com eles. Estamos lá mais como consultores. Trabalhamos para respeitar e fazer a decodificação desse
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