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« Previous Page Table of Contents Next Page »autofecundação] e foi preciso esperar até a terceira geração para verificar se apareciam plantas resistentes à bactéria nas gerações segregantes e, ao mesmo tempo, produziam frutos bons para o consumo. Conseguimos uma variedade altamente resistente. Foi uma combinação de material que veio da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, com outro da Guiana Francesa. Deu certo e avançamos na seleção. Na Amazônia, começamos a fazer o ensaio com os produtores, porque lá é que aconteceria o plantio comercial. Observamos que o tomate era resistente mesmo, mas que algumas linhagens não produziam. Chegamos à conclusão que era a questão do abortamento das flores, fenômeno que acontece quando o tomate é cultivado em ambientes com temperaturas elevadas. Demos sorte porque, dentro do material selecionado, algumas progênies [descendentes] apresentavam, também, resistência ao calor. Usamos e deu certo.
Antes o tomate consumido na Amazônia chegava de outras regiões do país?
Não. A murcha bacteriana é um problema generalizado. O que eles faziam? Tinha uma escola técnica adventista que usava uma tecnologia norte-americana de colocar numa caixa acima do solo e esterilizar com brometo de metila. Matava todos os microrganismos que estivessem lá dentro. Só que o produto é muito perigoso e foi até banido. Eles conseguiram produzir dessa maneira utilizando dois cultivares norte-americanos, mas começaram a surgir doenças que não conseguiram controlar e o sistema foi abandonado. O tomateiro é uma planta que foi muito manipulada geneticamente e isso o tornou pouco resistente ao cultivo em ambientes naturais e muito dependente do controle ambiental na área da cultura. O tomate que o senhor desenvolveu tem o nome de Yoshimatsu. O que significa?
Precisei batizar porque é necessário identificar o que fizemos não para ganhar alguma coisa, mas porque é preciso uma referência de como foi obtido. Decidi batizá-lo com o nome Yoshimatsu tendo como referência os meus pais: Yoshimasa, pai, e Matsu, mãe.
Ao contrário da maioria de outras variedades, as sementes do Yoshimatsu são fornecidas gratuitamente. Por quê?
Primeiro, considero que, sendo o Inpa uma instituição pública de pesquisa científica, a destinação de toda sua produção de conhecimentos científicos, técnicos e produtos deve ser, prioritariamente, a sociedade brasileira. Por outro lado, acho que o tomate Yoshimatsu nunca vai ser produzido por uma empresa, porque a quantidade de sementes necessárias para abastecer determinadas regiões, como o estado do Amazonas, é muito pequena. Dez quilos de semente às vezes bastam. O agricultor produz sua própria semente?
Parte da área plantada pode ser destinada à produção de sementes para venda e plantio para a próxima safra. Mas é preciso cuidado porque pode haver cruzamento entre plantas de diferentes variedades. Temos um projeto-piloto para subsidiar políticas públicas para a produção de sementes voltadas para a agricultura familiar financiado pelo CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. O objetivo é transferir a tecnologia para os agricultores e acoplar isso dentro de um sistema estadual. Alguns produtores irão produzir sementes e vender aos órgãos públicos de assistência técnica e extensão rural, que, por sua vez, irão distribuir gratuitamente aos agricultores. Quais outras contribuições o senhor deu para a agricultura da Amazônia?
Nós trabalhamos com hortaliças não convencionais. Existem as tradicionais, como tomate e pimentão, que são importantes. Não são locais, mas importantes. Várias famílias do interior consomem tomate, fazem molho etc. Então fazemos um trabalho de adaptação genética ao ambiente tropical úmido. Em relação às plantas locais tem a taioba, a vinagreira e o feijão-macuco, que é uma planta interessante, porque é capaz de fixar nitrogênio atmosférico e transformar em proteína, então não precisa usar adubo nitrogenado. Do feijão-macuco se consome a raiz tuberosa, que contém até 9% de proteína, enquanto a mandioca contém 1%, na matéria seca. Já com frutas trabalhamos em relação à conservação e manutenção da variabilidade
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