USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Feed & Food
Data: 17/06/2015
Caderno/Link:
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nutricao-animal/
Assunto: Análise de amido fecal como instrumento da nutrição animal
Análise de amido fecal como instrumento da nutrição animal
Com a intensificação dos sistemas de produção, prática laboratorial é empregada em bovinos confinados
Estratégico e eficiente, o confinamento otimiza a propriedade e geralmente é conduzido no período da
seca, devido à escassez de forragem de qualidade. Entretanto, somente cerca de 10% dos animais
abatidos hoje no País são de confinamentos. Mercado, preços, animais para terminação e fontes de
alimento são requisitos influenciadores, positivo e negativamente. O amido fecal é um indicador do
aproveitamento do amido na dieta, no qual é possível ter maior controle sobre a mesma.
"O amido fecal dá uma estimativa bem próxima do que está acontecendo com o animal e isso é importante
para a eficiência alimentar. Ele é o coração do confinamento e o aproveitamento pode variar de 80 a
100%", esclarece o professor da Universidade da Califórnia (EUA), Richard Zinn, em palestra na capital
sul-mato-grossense, Campo Grande. A ferramenta é simples, de acordo com o renomado nutricionista,
sem muitos pormenores e foi inicialmente utilizada para avaliar a floculação do milho. "O produtor recolhe
dez amostras de fezes de um mesmo lote e mesma dieta e envia o material seco para um laboratório
credenciado, que por sua vez, mede a porcentagem de amido e entrega, em 24 horas, o valor de
digestibilidade do lote", detalha Zinn.
Atualmente, Canadá, Estados Unidos e México adotam em grande escala a tecnologia. No Brasil, a
pecuária leiteira já observa os impactos positivos desse controle. Dados experimentais indicam que "para
cada unidade percentual de variação na digestibilidade do amido tem-se 300 ml de variação na produção
de leite. Portanto, se o índice passar de 80% para 95% deve-se esperar um aumento de 4,5 kg de leite ou
melhora na condição corporal dos animais", revela Marcelo Hentz Ramos, médico-veterinário, que
acompanha o professor Richard Zinn durante o Ciclo de Palestras 3rlab por cidades brasileiras.
O especialista em nutrição de ruminantes comenta que na pecuária de corte o uso desse instrumento
ainda é incipiente, mas com perspectivas favoráveis. "É um efeito muito grande no desempenho que pode
fazer com que o boi coma menos e produza a mesma quantidade de carcaça. É um produto integrado ao
animal, passa pelo manejo, pelo trato, pela rotina e tudo isso é acompanhado".
"Era uma análise restrita e de custo elevado. Hoje há uma facilidade laboratorial, rápida e que permite ao
nutricionista da propriedade ajustar a dieta do confinamento, melhorando assim o aproveitamento dos
grãos processados", avalia o consultor Rodrigo Otavio Splenger. Para ele, o produtor rural tem apostado
no confinamento, com crescimento gradativo, e em tecnologias de ponta, reflexos da forte demanda por
exportação da carne bovina nacional nos últimos anos. Conforme a Associação Nacional dos
Confinadores (Assocon, Goiânia/GO), em 2015, os confinamentos brasileiros engordarão 4,47 milhões de
animais, 7,6% superior a 2014.
Pesquisa
. A análise do amido fecal pode ser considerada um instrumento de nutrição de precisão, com
relevância em sistemas mais intensificados. "Nesses modelos de produção a eficiência é fundamental,
pois os custos alimentares são altos. Portanto, qualquer ferramenta que promova ganhos em
desempenho, mesmo que sejam pequenos, são valiosos", ressalta o pesquisador da Embrapa, Rodrigo da
Costa Gomes. "A Esalq/USP já trabalha nessa linha, tendo, inclusive desenvolvido curvas de calibração
para amido fecal que permitem a utilização do NIRS na sua determinação", complementa Sérgio Raposo
de Medeiros. O NIRS é uma técnica laboratorial que utiliza a informação de como a luz reflete em
determinada matéria para descrever suas características.