Projeto conscientiza estudantes sobre a importância das geleiras

Atividade do projeto coordenado pelo Centro de Referência de Ensino de Ciências da Natureza (CRECIN) (Divulgação)

As mudanças climáticas apresentam cenários cada vez mais extremos, mudando a realidade do planeta como o conhecemos. Deste modo, abordar essa temática no contexto da Criosfera, reforça a importância da extensão universitária e da divulgação científica, amparando a popularização do conhecimento junto à sociedade.

Durante o ano de 2025, é celebrado o Ano Internacional das Geleiras (IYGP 2025). Neste contexto, o Centro de Referência de Ensino de Ciências da Natureza (CRECIN), grupo de pesquisa e extensão da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em parceria com o Museu de Geociências, do Instituto de Geociências - IGc/USP, tem atuado desde março deste ano em momentos de formação e reflexão com escolas e a sociedade em geral, por meio de práticas extensionistas.

Com visitas mediadas às instituições de ensino, participação em aulas e na realização de eventos abertos à comunidade, além das visitas do próprio museu, a proposta une o diálogo, materiais expositivos, recursos didáticos como jogos, dinâmicas e práticas, destacando o lúdico no ensinar e facilitando os processos de absorção e fixação das informações, baseados em conceitos de Metodologias Ativas de Ensino e no Modelo STEAM.

Até o encerramento do mês de agosto, foram realizadas 30 atividades, com alcance de mais de 3.100 participantes, sendo 2.318 composto por alunos da rede pública de ensino, entre o ensino básico e o universitário (graduação e pós-graduação), enquanto que 92 eram professores. Quanto ao Museu de Geociências, reaberto desde 26 de maio deste ano, as ações abordam o tema da Criosfera dentro do contexto das geociências, associado à narrativa exposição e conteúdos presentes dentro do espaço. No total, até meados de julho de 2025, essas atividades alcançaram quase 20 mil visitantes.

A professora Rosebelly Nunes Marques, docente do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP, coordenadora do grupo CRECIN e responsável pelas ações, destaca a urgência deste tipo de ação. “As previsões da redução e perda dos glaciares estão mudando rapidamente, restando pouco tempo para reflexões e ações. Assim, é necessário o debate sobre as geleiras e sua correlação com o cotidiano, principalmente no Brasil, onde o desafio é ainda maior, em virtude da dificuldade de explorar elementos como gelo, geleiras e neve para uma população que não conta com tais condições em seu cotidiano. Mas, se considerarmos que estamos todos em um sistema fechado, a Criosfera atua no planeta nos ciclos da água, por exemplo. Assim, abordar esse tópico para a comunidade, principalmente nas escolas, é uma oportunidade de conscientização e aprendizado”, pondera a docente.

Miriam Della Posta, coordenadora do Museu de Geociências, destaca a relevância desse tópico para a formação de alunos, desde o ensino básico até o universitário. “O estado de São Paulo teve, no decorrer de sua história geológica, a presença de geleiras. É justamente essa existência que moldou relevos e estruturas rochosas de determinadas regiões do Estado. É interessante notar que grande parte da população sequer sabe que esse tipo de formação ocorreu tão próximo. E falar sobre esse assunto auxilia diretamente no entendimento do local que habitamos, destacando estes fatores tão importantes”.

ODS – Na prática, as atividades envolvem a explicação acerca do conceito da Criosfera, abordando os processos de formação das geleiras, as eras glaciais, as mudanças climáticas, os processos geológicos, a importância no ciclo da água e para o clima, sua fauna e aspectos culturais associados às geleiras. São inserindos temas norteadores presentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como ODS 3 - Saúde e bem-estar, ODS 4 - Educação de qualidade, ODS 6 - Água potável e saneamento, ODS 13 - Ação contra a mudança global do clima e ODS 14 - Vida na água. Ainda, há um grande movimento de produção de conteúdo para as redes sociais do Museu e do CRECIN, abordando facetas e tópicos sobre o Ano Internacional das Geleiras, de forma a levar o conhecimento também para o universo virtual.

As ações seguem ocorrendo até dezembro, com programação envolvendo atividades em escolas, espaços de ensino não formal e em eventos de divulgação científica. Porém, as práticas deverão ter uma continuidade, sendo alocadas nas propostas futuras do grupo CRECIN e do Museu de Geociências na abordagem sobre a cultura oceânica e a divulgação científica sobre as ciências da natureza.

Agenda – Para as próximas semanas, a equipe do projeto estará envolvida, no dia 12 de setembro (sexta-feira) com a participação no evento Meu Dia na USP. Em seguida, no dia 20 de setembro (sábado), estão programadas atividades no Museu de Geociências em São Paulo. Já entre os dias 23 e 26 de setembro, durante a Primavera dos Museus, haverá participação na 2ª Feira Eureka da SME em Piracicaba, além de atividades em parceria com o Museu Prudente de Moraes, o SENAC Piracicaba, o IFSP Piracicaba e os cursos de Licenciatura.

Contextualização - Declarada em 2022 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi adotada uma resolução definindo 2025 como o Ano Internacional da Preservação dos Glaciares, acompanhado da proclamação do dia 21 de março como o Dia Mundial dos Glaciares, a partir de 2025.

Com o objetivo de destacar a emergência global sobre a perda e sobre o papel crítico dos glaciares, da neve e do gelo no sistema climático e no ciclo hidrológico, bem como os impactos econômicos, sociais e ambientais das mudanças iminentes na Criosfera da Terra, abordar tais questões se faz cada vez mais importante, diante o acelerado derretimento dos glaciares e da cobertura de gelo do globo.

O derretimento dos glaciares afeta todos: desde populações alocadas em zonas costeiras, afetadas pelo aumento do nível do mar, até aquelas que habitam regiões montanhosas e de jusante, como também populações propensas a riscos de inundações, deslizamentos de terra e avalanches.

Este mesmo derretimento dos glaciares e das camadas de gelo foi identificado como um dos maiores contribuintes para a elevação do nível do mar nas últimas décadas, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC - 2022).

Apesar de serem locais considerados Patrimônio Mundial da UNESCO, estão a derreter a um ritmo alarmante, prevendo-se que um terço desapareça até 2050, e com isso levando a uma enorme perda de biodiversidade, especialmente de espécies endémicas, o desaparecimento de valores culturais e modos de vida tradicionais, além da ameaça ao abastecimento de água natural a nível global.

A Criosfera - O termo “Criosfera” tem origem na palavra grega ‘kryos’ (geada ou frio glacial). A criosfera impacta todos os seres vivos do planeta. Ela se estende por todo o globo e pode aparecer sazonalmente ou estar permanentemente presente na maioria das partes do mundo.

A neve, geleiras, o permafrost e o solo congelado são importantes fontes e armazenamento de água doce, sustentando ecossistemas e apoiando meios de subsistência dentro e muito além das regiões onde estão localizados, ao qual todos os seres vivos dependem direta ou indiretamente da criosfera. Um dos diversos exemplos são os principais rios que se originam de montanhas, sendo essenciais no papel de fornecimento e regulação de recursos de água doce para cerca de metade da população mundial, ao qual também auxiliam como indicadores para as mudanças climáticas.

Contato para informações

crecin.esalq@usp.br

mugeo@usp.br

Redes sociais – Instagram

@crecin.esalq | @museudegeocienciasusp

Links úteis:

https://www.un-glaciers.org/en
https://www.un-glaciers.org/en/partners-content/discovering-cryosphere-i...

https://www.un-glaciers.org/en/articles/glaciers-science-knowledge-and-ludicity

 

Com informações do mestrando em Ecologia Aplicada Charles Albert de Medeiros, membro do CRECIN/Esalq

Edição 593