Esalqueana permaneceu um ano na Austrália

Isabela de Freitas Correa é graduanda em Ciências Biológicas (Crédito: Gerhard Waller - ESALQ/Acom)

Nos últimos anos, a partir do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), cerca de 800 estudantes brasileiros tem optado por complementar sua formação universitária na Austrália. “Antes os chineses lideravam as estatísticas de estrangeiros por lá, agora, onde quer que você vá na Austrália, você houve alguém falando português e, quase sempre, este alguém é brasileiro”, conta Isabela de Freitas Correa, 21 anos, aluna do curso de graduação em Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).

Entre julho de 2013 e julho de 2014, via CsF, a universitária permaneceu na capital Camberra e estudou nove disciplinas na Australian National University, instituição que atrai estudantes de várias partes do mundo. “Lá conheci muitos asiáticos, africanos, norte-americanos e sul-americanos”, conta a esalqueana.

Isabela escolheu a Austrália pelo clima e pelas disciplinas ofertadas pela instituição. “Um amigo me deu essa referência, eu queria fazer intercâmbio em um lugar que não fizesse muito frio e, além disso, a universidade de lá oferece disciplinas de conservação e ética. Das nove disciplinas que eu cursei, a maioria passou por essas duas áreas”. 

Sobre as vantagens desse período, a estudante destaca as possibilidades de entrar em contato com diversidades culturais oriundas da colonização britânica, além da cultura aborígene, tradicional naquele país. “Eu cresci muito tanto por conhecer pessoas dos mais diferentes lugares e também pelas relações dentro da própria universidade”. Em Camberra, Isabela permaneceu alojada nas instalações da universidade, local que abriga cerca de 300 estudantes entre australianos e estrangeiros. “É como se fosse a casa do estudante, só que era pago. Era bem próximo aos prédios onde tínhamos aula. Lá moravam outros quatro brasileiros”. Na área de Ciências Biológicas, Isabela lembra que a biotecnologia ligada à genética humana é um dos pontos fortes na formação de quem cursa biologia na Australian National University. “As ciências jurídicas e as engenharias são o carro chefe da Universidade, mas na minha área a biotecnologia dita as regras por lá. No geral, a Austrália agrada qualquer biólogo, tem uma paisagem muito diversa, rica. Eu viajei aos principais focos de intercâmbio e o país é maravilhoso, um excelente local para conhecer pessoas do mundo todo!”.

Choque cultural – Além do conhecimento adquirido na Oceania, Isabela trouxe de volta ao Brasil impressões sobre a civilidade australiana e as dificuldades de relacionamento entre as culturas de formação britânica e a aborígene. “As pessoas são muito educadas, respeitam as leis de trânsito e são extremamente acolhedoras. Acabei me surpreendendo, as ruas são limpíssimas, tem ciclovias e estão muito longe de ser um povo frio. No entanto, ainda existe muito preconceito com os aborígenes, com a cultura proveniente desses grupos, que hoje estão agrupados em locais específicos no país, como nossos índios, por exemplo. Por outro lado, as pessoas que tem origem aborígene sentem muito orgulho dessa cultura e dos valores que ela representa”.

Texto: Caio Albuquerque - jornalista - 12/08/2014

Boletim 35