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Controle Estatístico de Qualidade para Qualidade Total (QT), 
Certificações ISO e Quality System Requirements (QS) 
 
   O Controle Estatístico de Qualidade, que envolve grande número de técnicas além das Sete Ferramentas Estatísticas, é fundamental para a implantação de um sistema de garantia da qualidade baseado na utilização de princípios da QT ou Certificação Internacional de Qualidade através de normas ISO ou QS, 

   A estatística é um dos pilares da QT. Outro pilar, que complementa a base de sustentação dessa tecnologia profundamente eficaz é o comportamental, do qual a Filosofia Kai (mudança) Zen (para melhor) é parte importante (Rotondaro & Vaz, 1996). 

   Na implantação de um programa de QT, as ferramentas estatísticas são indispensáveis para o gerenciamento de processos produtivos, especialmente no monitoramento e implantação de rotinas. No caso de implantação de rotinas, as ferramentas estatísticas colaboram efetivamente na definição e implementação de itens de controle e verificação, avaliação de processos, definição de problemas prioritários e padronização (a etapa final no ciclo de implantação da QT, conjuntamente com o processo de delegação). 

   Essas ferramentas também são aplicadas em outras etapas de implantação da QT. No Ciclo PDCA, utilizado como método gerencial em todas as etapas, as técnicas estatísticas podem ser aplicadas nos processos on line, isto é, na etapa Fazer (Do), e em processo off line, isto é, na etapa Checar (Check). Para as outras duas etapas do PDCA são mais indicadas as Sete Ferramentas para o Planejamento da Qualidade.

   No MASP - Método de Análise e Solução de Problemas, as ferramentas estatísticas são utilizadas nas etapas de identificação dos problemas, análise, verificação e padronização (Donati, 1997). 

   O Ciclo PDCA já começou a ser utilizado na agricultura no Brasil, ainda com algumas limitações. Milan (1997) enfoca o problema aplicado ao processo de operações agrícolas, elaborando associações entre o PDCA, relação cliente-fornecedor interno, histograma e gráfico de controle. O autor considera que a aplicação dessa metodologia é um fator de sobrevivência para as empresas agrícolas. 

   Hoje, o mecanismo para a garantia da qualidade mais reconhecido em todo o mundo é a Certificação da ISO. O Brasil é representado nessa organização pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, e quem fiscaliza globalmente é o INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia. 

   Como o Brasil, diversos países (mais de 60) estão representados na ISO, sediada em Genebra. Como exemplo citam-se o ANSI - American National Standards Institute que representa os Estados Unidos da América e o JIS - Japanese Industrial Standar representando o Japão (International Organization for Standardization, 1997). 

   A produtividade da indústria brasileira está crescendo a uma média de 7,6% ao ano, enquanto nos países industrializados esse crescimento é de 2% ao ano. Uma evidência dessa busca pela melhoria é o número crescente de certificações ISO, principalmente a 9002 (65%) seguida da 9001 (34%), que fortalecem a infra-estrutura tecnológica do país (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, 1996). 

   Até outubro de 1996, foram certificadas no Brasil 1341 empresas; este foi o maior número de certificações entre os países de economia emergente e com taxa de crescimento das mais altas do mundo. Sem a certificação da ISO, torna-se difícil realizar negócios com muitas empresas americanas e é quase impossível vender para o mercado europeu (Friedlander, 1996). 

   As normas ISO podem ser divididas em contratuais (9001, 9002, 9003 e 14000) e não contratuais ou orientativas (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1994b). O controle estatístico pode ser utilizado intensivamente na implementação de todas as normas contratuais e muitas orientativas.

   A norma 9001 adequa-se a empresas que trabalham com projeto, a 9002 a empresas que geram produtos ou serviços, porém, que não têm projetos e a 9003 a empresas de revenda. 

   Como exemplo podemos mencionar empresas multinacionais que têm as matrizes que geram os projetos situadas no primeiro mundo e são certificadas pela ISO 9001. Suas filiais, situadas no terceiro mundo, são geradoras de produtos, porém, não criam projetos e são certificadas pela ISO 9002, por último temos as revendedoras desses produtos que podem ser certificadas pela ISO 9003. A ISO 14000 é ligada à certificação para minimizar impacto ambiental.

   Existe outro sistema de garantia da qualidade desenvolvido nos Estados Unidos e já presente no Brasil, o QS-9000 (Quality System Requirements). Esse sistema é mais exigente que a ISO, na atualidade, quanto à aplicação de técnicas de controle estatístico da qualidade e de gestão, mas essa tendência pode ser modificada em novas revisões da ISO (Tognetti, 1997).  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 

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Por: Andrés E. L. Reyes (SIESALQ-ESALQ/USP) e Silvana R. Vicino (DME-ESALQ/USP)