No Brasil a maioria dos resíduos é disposta em "lixões" ou aterro controlados, causando impactos negativos ao meio ambiente, saúde e evitando que esses materiais voltem ao ciclo produtivo. Ao menos 50% do total de resíduo produzido dentro das nossas residências são orgânicos, como por exemplo cascas de frutas, verduras, alimentos preparados e alimentos não consumidos (desperdiçados). Em Piracicaba, temos um total de 45,83% de resíduos orgânicos enviado para aterro, segundo o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. No campus “Luiz de Queiroz”, existem diversas fontes geradoras de resíduos orgânicos originadas das atividades agrícolas, pecuária e dos serviços de alimentação do campus.
Um dos locais geradores de resíduos do campus é a lanchonete, contratada pela Prefeitura do campus, que serve pratos e sucos naturais e gera com isso restos de preparos como cascas de frutas e sobras de alimentos deixados nos pratos pelos usuários. Uma alternativa para o gerenciamento adequados dos resíduos é a compostagem, técnica milenar que permite a transformação de restos orgânicos em composto orgânico.
As composteiras podem ser adaptadas às diversas escalas, abrangendo desde caixas para espaços reduzidos como os “minhocários” à compostagem em escala industrial. Para a compostagem da lanchonete foi adotado pelo Programa USP Recicla - Piracicaba, o modelo de compostagem estática em cestos aramados, com introdução de tubo PVC com furo ao centro para proporcionar a aeração.
Desde junho de 2018, diariamente, os estagiários do Programa USP Recicla do campus “Luiz de Queiroz” recebem, da lanchonete, aproximadamente três a cinco baldes de resíduos orgânicos separados pelos funcionários. O material é pesado diariamente pela equipe do USP Recicla e encaminhado para a compostagem.
Sistema de compostagem dos resíduos orgânicos da lanchonete do campus (acervo USP Recicla)
São manejadas simultaneamente duas composteiras. A primeira para cítricos (laranjas e limões), e a segunda para os restos de alimento em geral. “Esta separação é feita para que na composteira de cítricos, seja utilizado um complemento com cal, por se tratar de um resíduo ácido, buscando a neutralização. A partir do momento em que as composteiras ficam lotadas, são instaladas outras e estas primeiras, são fechadas com um sombrite para que ocorra a decomposição dos resíduos”, explica a coordenadora do USP Recicla, Ana Meira. O grupo de extensão CEPARA (Grupo de Estudos e Pesquisas em Aproveitamento de Resíduos Agroindustriais), auxiliou o Programa USP Recicla neste processo.
Distribuição – Os sacos de compostos ensacados foram distribuídos primeiramente para os funcionários da Lanchonete, valorizando assim a disposição e responsabilidade ambiental destes. E continuamente o composto peneirado e ensacado vem sendo distribuído para a comunidade do campus “Luiz de Queiroz”.
“O contrato com a lanchonete terceirizada também prevê o cuidado com outros itens ambientais, tais como o uso de materiais duráveis ao invés de descartáveis para evitar a geração de resíduos, uso consciente de água, entre outras ações de sustentabilidade socioambiental”, lembra Ana Meira.
Segundo a coordenadora do USP Recicla, estima-se que durante um ano de atividade já foram compostados pelo menos 10 toneladas de resíduos orgânicos (restos de alimentos da lanchonete e folhas do campus), gerando entorno de 3 toneladas de composto. “Além de evitar que esses resíduos sejam encaminhados para aterro e otimizar recursos, esse processo contribui para a educação ambiental da comunidade, responsabilidade e exemplo de prática de gerenciamento que pode ser desenvolvida nas residências”.
Mais informações: Programa USP Recicla - recicla.esalq@usp.br