No podcast Estação Esalq dessa semana o jornalista Caio Albuquerque, da Divisão de Comunicação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), conversa com o professor Antonio Almeida, do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq e com o pesquisador Gustavo Furlan, ambos membros do grupo de pesquisas que desenvolve, na USP em Piracicaba, estudos sobre Inteligência Artificial (IA), Ciência de Dados e Robótica Aplicada. (Ouça o Podcast)
“Estados Unidos e China estão investindo centenas de bilhões de dólares em pesquisa sobre inteligência artificial já que essa é uma tecnologia muito poderosa”, antecipa o docente, destacando que “vivemos em uma sociedade pró tecnologia, com muita publicidade favorável às tecnologias, mas acabamos esquecendo que toda tecnologia tem dois lados, pois quanto mais poderosas elas são, maiores são os benefícios e, na mesma proporção, maiores são os problemas”.
Guerras híbridas – Almeida reforça que a AI é uma tecnologia extremamente poderosa e interfere cada vez mais em nosso cotidiano. “Já temos visto ocorrer nas campanhas eleitorais, nos ataques cibernéticos e mais ainda com as chamadas guerras híbridas, nas quais as populações do país a ser atacado são monitoradas e, a partir do conhecimento gerado em função da inteligência artificial, são traçadas estratégias de desestabilização de uma sociedade inteira”.
Sobre o conflito na Ucrânia, por exemplo, o docente da Esalq aponta que as informações sobre a guerra são em grande medida falsas, mesmo aquelas oriundas dos grandes conglomerados de mídia que são relativamente confiáveis. “A informação chega distorcida por que em grande parte ela é transformada em armamento. No caso da Ucrânia temos o uso de armas com inteligência artificial. O avião SU 57, o caça de combate mais moderno da Rússia, o copiloto não é mais um ser humano, mas um sistema de inteligência artificial. Houve um apelo na ONU para que as inteligências artificiais não fossem utilizadas em armas, mas isso já é uma realidade”.
Covid-19 e qualidade de vida no Brasil
Mas é fato que as tecnologias desenvolvidas com IA também melhoram a eficiência e a rapidez das interações na sociedade. “As tecnologias de inteligência artificiais farão parte da nossa vida cotidiana de uma forma muito mais acentuada do que hoje. A Inteligência Artificial é uma tecnologia talvez comparada com a energia elétrica, ou seja, será usada em todo tipo de atividade. Existem benefícios na área da Saúde, da Agricultura, hoje temos veículos autônomos na área agrícola”, complementa Antonio Almeida.
Um desses exemplos é o que propõe o projeto desenvolvido pelo pesquisador Gustavo Furlan, formado em Educação Física. Ele iniciou sua trajetória na Ciência de Dados pois quando atuava como treinador de tênis de mesa começou a se preocupar como o uso de celulares estava atrapalhando seus atletas. Aprendeu a fazer análises estatísticas e não parou mais. Defendeu o mestrado e hoje, no doutorado, atua com a Covid-19 e qualidade de vida no Brasil sob a perspectiva da ciência de dados e inteligência artificial.
“A proposta é analisar os dados brasileiros com os de outras nações e para isso estamos em vias de fechar uma parceria importante com uma universidade de renome internacional”.
A pesquisa pretende mapear o impacto da pandemia na vida das pessoas, o efeito do lockdown sobre a mobilidade relacionada ao trabalho, entre outros aspectos. “À medida que aumentar o público participante da pesquisa, os dados serão refinados e essa ferramenta de avaliação ficará disponível para verificação do nível de qualidade de vida”, acrescenta
Para o professor Antonio Almeida, a universidade não poderá ficar de fora das discussões sobre o tema e principalmente do processo de desenvolvimento dessas novas tecnologias. “A universidade precisa se envolver mais com essas questões e ajudar os alunos na formação no sentido não somente na aquisição de habilidades para trabalhar com inteligência, mas também na capacidade de enxergar esses instrumentos de uma forma crítica e responsável”, finaliza.
Clique aqui e ouça na íntegra o episódio 105 do podcast Estação Esalq.