Aluna conquista primeiro duplo-diploma do PPG em Estatística e Experimentação Agronômica

Izabela Regina Cardoso de Oliveira (Crédito: Gerhard Waller - ESALQ/Acom)

Novamente, os convênios estabelecidos entre a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) e diversas universidades estrangeiras mostram que a internacionalização se intensifica a cada semestre. Exemplo disso é a aluna Izabela Regina Cardoso de Oliveira, que concluiu seu doutorado, conquistando o primeiro duplo-diploma do Programa de Pós-graduação em Estatística e Experimentação Agronômica (PPG-EEA), da Escola.

Orientada pelo professor Carlos Tadeu dos Santos Dias, do Departamento de Ciências Exatas (LCE), a pesquisadora iniciou seu estudo no Brasil. A partir de maio de 2013 passou a desenvolvê-lo na Universiteit Hasselt, na Bélgica, tendo permanecido no país estrangeiro até março de 2014. “No início, foi discutido o problema da pesquisa com meu orientador belga, Geert Molenberghs, e com a professora Clarice Garcia Borges Demétrio, também do LCE, que estava na Bélgica naquela época. Em seguida foi definido o plano de trabalho para os meses seguintes. Vale destacar que os bancos de dados utilizados no trabalho são todos do Brasil, porque a linha de pesquisa deles é um pouco diferente da nossa, já que o curso de Bioestatística de lá é voltado para análises médicas”, relata a doutora.

Por dentro do assunto – Segundo Izabela, dentro da Estatística, muitos métodos são desenvolvidos para quando se tem variáveis respostas que seguem uma distribuição normal de probabilidade. “Inclusive, várias quantidades ou coeficientes importantes, em diversas áreas, são calculados assumindo que a resposta de interesse segue essa distribuição”. Um exemplo é o coeficiente de herdabilidade (h²), muito utilizado nas áreas de melhoramento animal e vegetal. Poucos relatos são encontrados na literatura sobre o cálculo desse coeficiente para dados não normais. “Com nossa proposta, é possível atender dados do tipo tempo-até-evento e contagem, estendendo um importante conceito de genética para o caso em que a variável resposta de interesse não possui distribuição normal”.

Na prática, essa proposta de cálculo do coeficiente de herdabilidade foi aplicada a dados de melhoramento animal, em que uma variável de interesse é tempo até atingir um peso pré-especificado. A pesquisadora trabalhou com dados de progênies de nelore e buscou identificar a contribuição genética na variabilidade total desta característica. Outro exemplo utilizado, considerado no caso de contagem, foi o cálculo da h² para algumas características avaliadas em programas de melhoramento de milho. “Os dados desse segundo trabalho foram obtidos em experimentos com genótipos de milho e uma variável de interesse era o número de ramificações do pendão. ” Esses dados foram cedidos pelo Programa de Melhoramento Vegetal do Departamento de Genética da ESALQ.

Para Izabela, a proposta principal, que era obter expressões para calcular o coeficiente de h² para dados de contagem e do tipo tempo-até-evento, foi atendida de modo pioneiro e fiel à natureza dos dados. “Nós calculamos com sucesso e aplicamos a banco de dados reais. Também vimos que as expressões resultantes são relativamente simples e ainda disponibilizamos as rotinas computacionais, o que facilita a implementação por pesquisadores da área aplicada e faz com que a metodologia proposta seja mais difundida”.

Experiências – Durante o desenvolvimento da pesquisa no exterior, a esalqueana participou de congressos, simpósios, cursos de formação, seminários, defesas de mestrado e doutorado, além de reuniões de grupos de estudo. “Tentei viver ao máximo a vida dos alunos de doutorado de lá e fui tratada como uma aluna deles também, sem distinção nenhuma. Eu fiz bastante amizade e tentei viver a rotina belga. Nos eventos, tive oportunidade de conhecer pesquisadores renomados da nossa área, inclusive o Sir David Cox, que é um grande nome na Estatística”.

Com a primeira tese de duplo-diploma defendida no PPG-EEA, Izabela incentiva outros alunos a buscarem a cotutela. “Eu acredito que esse é um bom retorno que podemos dar para o nosso Programa e para a Escola, depois de tanto incentivo e investimento em nós, alunos. Escolher um bom orientador no exterior e uma universidade acolhedora, para que o tempo lá seja mais prazeroso possível, é imprescindível para aqueles que desejam seguir o mesmo caminho que o meu”, finaliza.

O trabalho contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ciências sem Fronteiras (CsF), projeto do governo brasileiro, que oferece bolsas de estudos para alunos das universidades brasileiras de graduação, pós-graduação e pós-doutorado.

Texto: Raiza Tronquin – Estagiária de Jornalismo – 04/08/2014

Boletim 34
Izabela ao lado do estatístico britânico Sir David Cox (Crédito: Rolando Uranga)