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Sorrentino – Sou paulistano da zona leste, de família operária, e quando tinha 15 anos minha família se mudou para Embu das Artes. Lá descobri a importância e os benefícios que a natureza traz para a vida do ser humano. Desde então persigo a convergência da ação conservacionista em defesa dos bens naturais e as possibilidades de fazer isso em prol do ser humano.

JUSP – A educação ambiental tem em sua essência o princípio da convergência entre duas áreas do conhecimento. Essa convergência está permeada na sua formação?

Sorrentino – Sim. Já na graduação percebi que a biologia, de forma solitária, não contemplaria o

comprometimento do ser humano com a dimensão conservacionista e com o que estávamos descobrindo no final da década de 1970, ainda sob vigência da ditadura. Assim, da convergência entre o campo ecológico e as questões sociais forjou-se meu agir ambientalista, tanto que ainda na década de 1970 participei do movimento em defesa da reserva de Morro Grande e da região de Caucaia do Alto, em Cotia (SP), contra a construção do aeroporto metropolitano. Em 1977 participei da criação da Associação de Proteção Ambiental de São Carlos, entidade que atua até hoje. Foi essa a forma que eu e tantos outros encontramos para atuar em prol da reconstituição da democracia no País.

JUSP – A convergência entre educação e ambientalismo ainda não está consolidada na pauta dos governos, da mídia e da comunidade científica?

Sorrentino – Em todos os campos essa convergência ainda está obnubilada, esmaecida e esquecida. A mídia aborda a questão ambiental apenas sob enfoque ecológico, emotivo ou sensacionalista e não aprofunda devidamente a conexão entre a nossa forma de organização, o modo de produção e consumo e essa degradação socioambiental que vivemos, potencializando assim os seres humanos para transformações sociais.

JUSP – O que falta para a cobertura jornalística nesse sentido?

Sorrentino – Falta abrir o espaço para o diálogo aprofundado e mostrar a relação entre a autonomia do Banco Central e a degradação socioambiental ou a relação entre o aquecimento global e o que é ensinado de biologia, de matemática na sala de aula. Faltam esses ganchos analíticos que permitam às pessoas sair da zona de conforto e compreender as causas e consequências da degradação. Falta para a mídia e para a academia. Estamos cada um na nossa caixinha, fazendo estudos aprofundados e específicos e dificilmente fomentamos o diálogo entre pesquisadores para uma compreensão ampliada dessa problemática.

JUSP – E na esfera governamental, também ocorre esse distanciamento?

Sorrentino – O governo fica refém desse comportamento isolado entre ministérios, secretarias e diretorias, não compreendendo que a solução do problema socioambiental exige a união e diálogo de todos os atores para o planejamento e a ação estruturante de solução desses problemas.

JUSP – Entre 2003 e 2008 o senhor atuou como diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. Como contribuiu para aproximar as instâncias em prol da educação ambiental no País?

Sorrentino – Tive a oportunidade de colocar em prática a Política Nacional de Educação Ambiental, que foi aprovada em 1999, regulamentada em 2002 e implantada em junho de 2003 por um ato conjunto da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do então ministro da Educação, Cristovam Buarque.

As equipes dos dois ministérios trabalharam em conjunto, um fato inédito. Assim criou-se o Programa Nacional de Educação Ambiental, com subprogramas que buscavam estruturar na sociedade uma proposta denominada coletivos de educadores socioambientalistas.

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