USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Agência USP de Notícias
Data: 04/03/2015
Caderno/Link:
Assunto: Estudo mapeia impacto de mudança climática no agronegócio
Estudo mapeia impacto de mudança climática no agronegócio
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Região Centro-Oeste é a menos vulnerável às variações na temperatura média
Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, avaliou
empiricamente, e sob um enfoque econômico, o impacto potencial das variáveis climáticas (em termos
anuais) no valor da produção agrícola agregado dos principais Estados produtores do País. De acordo
com o trabalho da economista Nicole Rennó Castro, os efeitos adversos produzidos por mudanças nas
condições climáticas médias sobre o setor agrícola são divergentes entre os Estados, sendo mais
atrelados às variações de temperatura e, ao mesmo tempo, a agricultura praticada no Centro-Oeste tem
sido a menos vulnerável em relação às variações de temperatura. O estudo teve orientação do professor
Humberto Francisco Silva Spolador, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq.
“As mudanças impactam a atividade econômica, e as atividades agropecuárias devem enfrentar tais
efeitos de forma mais intensa, uma vez que o setor tem seu desempenho intrinsecamente dependente dos
recursos naturais e das condições climáticas”, aponta Nicole. Segundo a pesquisadora, a questão ganha
relevância, uma vez que efeitos adversos sobre a agricultura, além de prejudicarem os produtores via
quedas de produção e produtividade, afetam diretamente os preços e a qualidade dos alimentos, o
equilíbrio do mercado internacional de commodities e, também, a segurança alimentar global.
Nicole avaliou empiricamente, e sob um enfoque econômico, o impacto potencial das variáveis climáticas
(em termos anuais) no valor da produção agrícola agregado dos principais estados produtores do País. “A
análise foi realizada a partir de um modelo de efeitos fixos aplicado a um painel de dados com dez
estados (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerias, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) durante 23 anos (1990 a 2012). Foi implementada a
estimação por meio do uso direto da função de produção, de forma agregada para cada estado”, explica.
O estudo teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e
mostrou que a resposta da agricultura em relação às variações nas condições climáticas médias é
divergente entre os estados. Mesmo que a análise se concentre nos principais estados produtores, ainda
entre eles as estruturas do setor agrícola são bastante distintas. “Os resultados estão condicionados às
diferenças na composição da produção agrícola a partir de diferentes lavouras, no nível de tecnologia
empregado e demais estratégias de manejo, e em aspectos como o tamanho das propriedades e outros
fatores”, acrescenta Nicole.
Variações na temperatura
Considerando a heterogeneidade dos cenários agrícolas brasileiros, a pesquisa apontou a região Centro-
Oeste como a menos vulnerável às variações na temperatura média. De acordo com o trabalho, diversos
fatores podem ser avaliados a fim de se justificar este resultado. “O expressivo crescimento da região
como grande produtora e exportadora no contexto nacional; a predominância da soja no Valor Bruto de
Produção destes estados — cultura que teve expressivo aumento de adaptabilidade a diversas condições
climáticas tropicais; e, também, à recente capitalização dos produtores, consequente da expressiva
elevação dos preços internacionais da soja, inclusive após 2006 (ano do último censo agropecuário