USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: BOL
Data: 04/03/2015
Caderno/Link:
-
e-vila-ou-vitima-na-crise-hidrica.htm
Assunto: A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica?
A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica?
Professores criticam 'vilanização' da agricultura, mas dizem que ainda há desperdício
Enquanto cidades como São Paulo apertam o cinto para não ficar sem água em meio a uma crise sem
precedentes e fazem esforços para reduzir o consumo hídrico, o uso na agricultura entra em debate. O
setor gasta mais água do que deveria ou seu consumo é justificado pela produção de alimentos?
Cerca de 72% da água captada no país vai para a produção agrícola, o que está em linha com a média de
70% no mundo, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas). Mas esse consumo envolve diversas
variáveis e, segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, ainda há desperdício significativo no setor
e muito o que fazer para economizar água.
Os analistas concordam em uma coisa: o Brasil tem água o bastante para todos, mas precisa aprender a
geri-la de forma mais eficiente e combater os desperdícios.
"Em locais onde falta água, podemos, no futuro, precisar optar por culturas agrícolas que consumam
menos água. Isso faz parte de um planejamento maior. Mas o Brasil não pode passar por uma crise como
a que temos agora, porque nós temos água", opina o pesquisador Lineu Rodrigues, da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ligada ao ministério da Agricultura).
Para Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da ONG SOS Mata Atlântica, a eficiência passa por
criar uma relação mais "sustentável" entre o setor e os recursos hídricos. "Há setores que têm reduzido
sua pegada hídrica. É preciso separar a agricultura que incorporou a sustentabilidade muitas vezes
porque depende disso para obter certificados internacionais que a permita exportar da perversa, de muitas
monoculturas (que exaurem os recursos do solo) e dos setores que usam muito veneno", opina.
A seguir, perguntas e respostas sobre algumas das principais questões envolvendo água e plantio. As
opiniões díspares evidenciam as diferentes realidades do setor:
Como é o consumo de água na agricultura?
Especialistas do setor agrícola alegam que, na área rural, o consumo de água em geral não compete com
o uso pelas pessoas.
Mas, para a SOS Mata Atlântica, muitas vezes o plantio concorre com o consumo humano, seja na
captação ou em casos de poluição das fontes de água.
Agricultura de irrigação tende a crescer, e desafio é que isso não eleve o consumo de água
Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), a cobrança pela captação da água na agricultura varia
conforme o tamanho do uso (pequenos produtores rurais costumam ser isentos) e o local de onde é
retirado: em algumas bacias hidrográficas, há isenção de custos para os agricultores, o que estimula
desperdícios; em outras, paga-se pela autorização de captação (a chamada outorga) ou por litro captado.
Em São Paulo, segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), seis bacias hidrográficas -
de um total de 22 - cobram pela utilização dos recursos hídricos: Paraíba do Sul;
Piracicaba/Capivari/Jundiaí; Sorocaba/Médio Tietê; Baixada Santista; Baixo Tietê e Alto Tietê.