USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: FAESP / SENAR
Data: 05/05/2015
Caderno/Link:
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avanco-em-melhoramento-genetico-diz-professor/69294
Assunto: Falta de gestão impede avanço em melhoramento genético, diz professor
Falta de gestão impede avanço em melhoramento genético, diz
professor
Belo Horizonte, 05 - O professor e pesquisador da Escola Superior de Agricultura (Esalq/USP), Sergio De
Zen, disse que os pecuaristas - tanto de gado de corte quanto de leite - só não investem mais em
melhoramento genético dos animais por falta de gestão. "Ele (produtor) não faz a conta, porque se fizer,
vai ver que é muito mais compensatório. Tem também aqueles que compram touro melhorado e não sabe
manejar corretamente", afirmou ele à reportagem na ExpoZebu 2015, que ocorre em Uberaba, no
Triângulo Mineiro. O professor comentou que é muito difícil gerenciar a atividade, diferentemente das
lavouras, como soja. "Não acho que produzir soja seja mais rentável do que criar boi. É que o produtor de
soja recebe o pacote tecnológico completo. Suínos e aves que estão indo no meio caminho. Na pecuária,
não, por isso, a dificuldade de gerenciar a atividade", disse. Ontem, na Expozebu, De Zen apresentou um
estudo do Cepea que comparou os resultados obtidos por propriedades que têm rebanhos (bovino de
corte ou de leite) com genética zebuína devidamente provada e outras consideradas típicas (ou modais),
sem comprovação de origem. As vantagens das margens líquidas e também de aspectos ambientais e
sociais das propriedades "com genética" são significativas, o que se traduz em maior sustentabilidade
desses negócios. Conforme o estudo, que comparou quatro pares de propriedades de pecuária de corte
em Mato Grosso e Goiás e dois pares de pecuária leiteira, um em Minas Gerais e outro em Goiás, a
produtividade nas propriedades com genética variou de 1,5 unidade de animal por hectare a 2,2 unidades
de animal por hectare. Nos 14 Estados nos quais o Cepea faz levantamentos, a produtividade das
propriedades típicas fica entre 0,7 unidade de animal por hectare e 1 unidade animal por hectare. O
levantamento mostrou, ainda, que propriedades mais produtivas apresentam maior eficiência no uso dos
recursos naturais. O Cepea considera um estabelecimento eficiente aquele que tem melhores resultados
de intervalo entre partos, crias produzidas por vaca, taxa de lotação em área de pasto e idade de abate do
boi gordo/venda do animal ou produção de leite, entre outros. A média geral dessas comparações apontou
que propriedades da pecuária de corte "com genética" têm "eficiência ambiental" 41% superior às típicas
e, no caso da atividade leiteira, a diferença positiva é de 14,3%. Já no âmbito social, constatou-se que as
propriedades que trabalham com genética zebuína proporcionam mais empregos por área e os
funcionários recebem maiores salários. "Considerando-se o salário e o número de funcionários por
hectare, o ganho social é estimado por volta de 50% para o corte e 38% para o leite. Esse é um cálculo
superficial, mas dá uma noção do que os números detalhados indicam", comentou De Zen. Segundo ele,
entre os Estados, Mato Grosso do Sul é o que apresenta melhor qualidade em melhoramento genético.
Mercado físico
O professor também afirmou que os preços atuais da arroba do boi gordo estão em um nível "ótimo" para
o pecuarista, resultado do choque de oferta de animais para o abate decorrente da seca de 2013 e 2014.
"Se não houver choque de demanda não tem como sustentar esses valores nos próximos anos", declarou.
De Zen declarou que, se o dólar chegar ao nível de R$ 2, o pecuarista vai ter de investir mais em genética
para agregar valor ao seu produto e não deixar que os preços da carne recuem tanto. Sobre bezerros, o
especialista acredita que, pela remuneração atual e pelo clima, que está mais chuvoso, a cria é a atividade
que pode voltar a ser estimulada.