quantidade transportada variar), mas também o metal da parte aérea é transportado para a raiz
(e este não era um resultado intuitivo).
Outro tópico importante explorado pela pesquisa foi a genotoxicidade. No caso específico, tratou-
se de investigar o efeito do metal tóxico na estrutura dos ácidos nucleicos da planta. Isto é, se o
cádmio se ligava ou não ao DNA, e, caso a resposta fosse positiva, que consequências
resultariam disso. “Verificamos que, sim, o cádmio altera bastante a taxa de divisão celular e
provoca uma série de aberrações cromossômicas. Entre elas, a formação de quebras e pontes
cromossômicas durante a mitose – o processo de divisão celular. Isso ocorre mesmo em
concentrações muito baixas do metal. Estas não provocam nenhuma manifestação visível de que
a planta esteja estressada. Mas as alterações intracelulares são muito expressivas”, declarou o
pesquisador.
As consequências do efeito dos metais dependem de uma série de variáveis. Uma delas é o tipo
de cultivar exposto ao metal. Há cultivares mais tolerantes e cultivares menos tolerantes. Ou seja,
existe uma diversidade de mecanismos envolvidos, que podem modificar a taxa de absorção do
cádmio pela planta ou reduzir o efeito do metal uma vez absorvido. Por isso, o projeto também
envolveu a mutagênese e a seleção de mutantes mais tolerantes. Para o produtor, a
compreensão de tais mecanismos possibilita que estes sejam explorados em programas de
melhoramento, com vistas a obter plantas mais resistentes. Mas, para o consumidor, o consumo
de uma planta mais resistente pode até mesmo significar, eventualmente, a absorção ainda maior
do metal tóxico.
“Para um consumo totalmente seguro, seria preciso saber se o solo ou água utilizados no cultivo
estavam ou não contaminados, e, estando, em que parte da planta se acumulou o metal, se
naquela que será consumida ou naquela que será descartada. Há uma grande quantidade de
fatores, o que torna o estudo bastante complexo”, ponderou Azevedo.
Por isso, outra vertente do projeto temático foi exatamente estudar o processo de
fitorremediação, isto é, de recuperação de solos contaminados mediante o plantio de espécies
vegetais altamente resistentes capazes de absorver e, assim, retirar os metais pesados do
ambiente. São plantas como a Dolichos lablab, que acumulam grande quantidade de cádmio sem
ter seu desenvolvimento afetado, podendo ser utilizadas como fitoestabilizadoras de cádmio.
Artigo a respeito foi submetido para publicação no Journal of Soils and Sediments e encontra-se
atualmente no prelo: “Physiological and biochemical responses of Dolichos lablab L. to cadmium
support its potential as a cadmium phytoremediator”.
No total, o projeto temático já ensejou mais de 50 artigos em publicações especializadas e há
vários outros em processo de elaboração. Toda a experimentação foi realizada em estufa, em
plantios no solo ou em sistema hidropônico. O tomateiro foi escolhido por ser uma planta-modelo
em genética, com grande quantidade de cultivares e grande quantidade de mutantes. Além disso,
uma das cultivares dessa espécie, a Micro-Tom (tomate-cereja miniatura), que produz uma planta