Próxima | Anterior
 
ESTRATIFICAÇÃO
 
   Os Diagramas de Ishikawa permitem visualizar possíveis estratificações a serem aplicadas nos sistemas em estudo. 

   A estratificação consiste no desdobramento do sistema de tal forma que os itens de controle, por exemplo, porcentagem de terra na Figura 7, sejam estudados em situações homogêneas. 

   Dessa forma, toda a metodologia aplicada para estabelecer parâmetros de controle é usada em estratos uniformes, permitindo que as causas dos problemas sejam detectadas com maior sensibilidade.  
 

 
Figura 7. Diagrama de Ishikawa com os principais fatores que
influenciam na quantidade de terra em cana-de-açúcar
 
   No exemplo da Figura 7 considerou-se como principais estratificações a serem adotadas as provenientes do tipo de solo no qual foi plantada a cana-de-açúcar (solo arenoso e solo argiloso)  e o teor de umidade deste solo (solo úmido e solo seco). 

   Assim, definiram-se dois estratos; situações de homogeneidade relativa para estabelecer parâmetros de controle: 

Estrato A: solo arenoso seco =  condição de baixa quantidade de terra aderida à cana-de-açúcar. 

Estrato B: solo argiloso úmido = condição de alta quantidade de terra aderida à cana-de-açúcar. 
 
 
  

GRÁFICOS DE CONTROLE
 
   Nas Figuras 8 e 9 são apresentados Gráficos de Controle de Shewhart para as duas situações acima mencionadas. 
 
 
Figura 8. Gráfico de controle e análise exploratória em solo arenoso seco
 
 
 
Figura 9. Gráfico de controle e análise exploratória em solo argiloso úmido
 
   Os gráficos de controle constam de um limite superior (LS) e um limite inferior (LI) de controle e espera-se que as médias aritméticas estejam dentro dos limites de controle com 99,7% de confiança, probabilidade em situações normais.  

   No exemplo dado (Figuras 8 e 9), caminhões carregados com cana-de-açúcar industrializável foram monitorados quanto à quantidade de impurezas minerais (% terra) em sua carga. Os caminhões da Figura 8 transportavam cana-de-açúcar plantada em solo arenoso e colhida em condição de baixa umidade no solo, já os caminhões da Figura 9 transportavam cana-de-açúcar plantada  em solo argiloso e colhida quando o solo apresentava alta umidade. 

   As Figuras 8 e 9 diferem significativamente no limite superior de controle, indicando que existe uma influência de estratos. O estrato A (solo arenoso e seco) apresenta um limite superior de controle de 5,1 enquanto que no estrato B (solo argiloso úmido) o limite superior é de 8,1. 

   Se a estratificação não tivesse sido considerada, ou seja, se as canas provenientes dos dois tipos de solos tivessem sido avaliadas juntas, os limites de controle seriam os apresentados na Tabela 1, para análise conjunta dos dados. 

 
 
Tabela 1. Comparação dos limites de controle para talhão 1, talhão 2 e 
análise conjunta (variável % de terra em cana-de-açúcar)
 
Limites de Controle
Talhão 1
Talhão 2
Análise conjunta
Limite Superior
5,1
8,1
6,6
Limite Inferior
1,2
0,9
1,1
 
 

   Na análise conjunta, o limite superior de controle  (6,6) estabelece um critério excessivamente permissivo para as condições do estrato A e excessivamente rigoroso para as condições do estrato B, incorrendo num erro técnico. 

   Esse erro técnico pode ter consequências graves, já que os gráficos de controle podem servir como base para se adotar um critério de bonificações e punições, por parte dos industriais, em função da qualidade da matéria-prima, no caso a cana-de-açúcar que é levada para a indústria. Um erro desse gênero já impediu entendimento entre industriais e fornecedores de cana-de-açúcar na Austrália (The South Johnstone Cane and Sugar Quality Improvement Committee, 1980). 

   No setor sucroalcooleiro, o desentendimento entre industriais e fornecedores prejudica ambos e a sociedade, já que a não implementação desse programa de melhoria da qualidade induz a perda de competitividade que, no contexto de economia globalizada, implica em perda de mercado por aumento de custos ou diminuição do nível de qualidade do produto final. 

   Os gráficos de controle (Figuras 8 e 9) mostram que os caminhões 4 (estrato A) e 6 (estrato B) estão fora de controle, excedendo o limite superior de controle. Com esses dados objetivos podemos então estudar as causas do aumento na quantidade de terra desses dois carregamentos de cana-de-açúcar, possivelmente  falta de treinamento ou cuidado do operador que poderia ser treinado novamente ou advertido. 

   Em contraposição existem alguns caminhões abaixo do limite inferior de controle; os operadores desses caminhões  poderiam ser bonificados e ajudar no treinamento de seus colegas. 

   Será apresentado um programa SAS para elaborar gráficos de controle com box-plot como os gráficos  das Figuras 8 e 9. Concretamente mostraremos o programa e os dados usados para elaborar a Figura 8. Deve-se contar com o Módulo Quality Control (SAS Institute Inc., 1996b). 
 

 
 
Próxima | Anterior
© Copyright 1998-2020 ESALQ/USP. Todos os direitos reservados. 
Por: Andrés E. L. Reyes (SIESALQ-ESALQ/USP) e Silvana R. Vicino (DME-ESALQ/USP)