USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Caminhões-e-Carretas
Data: 03/04/2015
Caderno/Link:
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Assunto: Pesquisa sobre transporte rodoviário de madeiras no MT em toras mostra frota
sucateada e condições precárias de trabalho
Pesquisa sobre transporte rodoviário de madeiras no MT em toras
mostra frota sucateada e condições precárias de trabalho
Caminhões com mais de duas décadas de uso. Motoristas em condições precárias de trabalho. Circulação
de carretas carregando de forma irregular toras de madeiras com toneladas de peso. Essa é a
combinação que resulta em mortes diárias, na época da safra, na região amazônica chamada de Arco do
Desflorestamento, Arco do Desmatamento ou Arco de Fogo, como é denominada pelo IBAMA. "Entre
inúmeras consequências do transporte rodoviário na região, é espantosa a circulação excessiva de
veículos de transporte de carga (madeira bruta e em toras) transitando livremente dentro das cidades
entre pedestres, bicicletas, motos, cavalos, automóveis etc", aponta a engenheira florestal Mariana Peres
Lima, docente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e autora de um estudo desenvolvido no
programa de Pós-graduação em Recursos Florestais, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
(USP/ESALQ). A realidade vivenciada em municípios do centro-norte do MT chamou atenção de Mariana
quando começou a lecionar na UFMT, na área de Manejo Florestal. "Na minha área de atuação, como
professora de Transporte Florestal, verifiquei uma diferença absurda entre a realidade vivida
anteriormente, em São Paulo, e a nova realidade encontrada no Mato Grosso. Trabalhar na Amazônia se
tornou em verdadeiro desafio pessoal e profissional para mim, uma vez que essa realidade causava e
ainda causa inúmeros acidentes com um número assustador de vítimas fatais, e estranhamente tratadas
como "normais" pela sociedade local, já que as ocorrências são cotidianas em época de safra". O estudo
tem orientação do professor Fernando Seixas, do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ e traz
um panorama do descaso, da falta de fiscalização, da livre circulação destes veículos e a não observância
dos condutores autônomos, empresas e terceiros com as legislações federais que regulamentam o
transporte rodoviário de madeira em toras. "Senti a necessidade de desenvolver algum trabalho para
verificar que o transporte rodoviário de madeira bruta e em toras no "Arco do Desflorestamento" é um
problema social, econômico e ambiental que está associado ao não cumprimento, pelos condutores, da
Legislação Federal que fixa parâmetros técnicos para o transporte da carga em questão - Resolução n.
246, de 27 de julho de 2007- CONTRAN", explica Mariana. A coleta de informações aconteceu entre abril
e dezembro de 2012, quando foram entrevistados 300 motoristas, todos do sexo masculino. "A abordagem
ocorreu em 15 pontos distintos, que foram percorridos pela equipe de coleta, tais como postos policiais e
fiscais, pátios de indústrias processadoras de madeira, postos de abastecimento, manutenção e
alimentação, oficinas mecânicas e borracharias", conta a autora do estudo. Entre os resultados mostrados
em oito capítulos, a tese aponta o sucateamento da frota e a consequente falta de competitividade no
mercado para que seja feita a sua revitalização. A quantidade imensa de acidentes resulta, em sua
maioria, em vítimas fatais. "Esse alto índice de mortes ocorre já que, devido à rusticidade da atividade,
pouquíssimas vítimas sobrevivem". Além disso, a pesquisa aponta a necessidade de políticas públicas e
de cartas de crédito e financiamento para a renovação da frota. Sobre os motoristas, o trabalho revela
que trabalham em estado precário, com postos de higiene, dormitórios e alimentação em péssimas
condições. "Falta qualidade de vida para esses profissionais, que apresentam baixo índice de
escolaridade, altos índices de obesidade, mais de 50% utilizam bebidas alcoólicas ou consomem
entorpecentes na direção e mais de 40% tem vício de tabagismo", reforça Mariana. Outro ponto de risco
evidenciado na pesquisa é a existência de transporte ilegal de madeira, que em geral está atrelado à
prostituição, tráfico de drogas e animais. "São necessárias mudanças urgentes na legislação que fixa
parâmetros de segurança na atividade, além de conscientização tanto da sociedade civil, que apresenta
insegurança diante de tantas mortes e portanto precisa ser agente fiscalizador desta atividade, quanto dos
condutores, que precisam estar cientes do perigo que fazem a si mesmo e à sociedade". Cartilha A partir
dos resultados do estudo, uma cartilha está em fase final de elaboração. O material sobre a atividade,
intitulado "Manual sobre o Transporte Rodoviário Florestal" foi uma iniciativa para abordar diversos
assuntos concernentes à atividade. "Os principais temas são as legislações vigentes, a prevenção de
acidentes e direção defensiva, saúde e segurança do trabalhador através de discussões sobre qualidade