USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Fator Brasil
Data: 29/01/2015
Caderno/Link:
Assunto: Estudo analisa a conservação da Palmeira-Juçara a partir de um novo sistema de
manejo
Estudo analisa conservação da Palmeira-Juçara a partir de um novo
sistema de manejo
Espécie encontra-se ameaçada de extinção pela exploração predatória de palmito e atualmente tem sido
manejada para obtenção de frutos que rendem polpa semelhante ao do açaí.
As questões sobre a compatibilidade do desenvolvimento socioeconômico e a conservação da
biodiversidade nas regiões tropicais tem sido um dos grandes desafios da humanidade. Assim, para
alavancar a conservação e a recuperação da palmeira-juçara (Euterpe edulis) e, ao mesmo tempo, trazer
melhoria dos meios de vida das populações humanas das regiões de Mata Atlântica, uma pesquisa foi
desenvolvida na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), pelo doutorando do
programa de pós-graduação (PPG) em Recursos Florestais, Saulo Eduardo Xavier Franco de Souza. A
orientação foi do professor Edson José Vidal da Silva, do Departamento de Ciências Florestais (LCF).
A juçara é uma espécie muito importante ecologicamente, culturalmente e economicamente. A polpa de
seus frutos é semelhante à do açaí amazônico e sua produção tem sido realizada em diversas localidades
do sul e sudeste brasileiro na última década. O uso dos frutos valoriza a sobrevivência das palmeiras. Já o
corte de palmito, inevitavelmente, aumenta a mortalidade. Além disso, as sementes geradas do processo
de beneficiamento são aptas a germinar, possibilitando a recuperação da espécie. “O manejo da juçara
para frutos, pode representar uma oportunidade de trabalho e renda para as comunidades rurais, bem
como estimular a sobrevivência e recuperação da espécie”, explicou o doutorando.
Para a realização da pesquisa, que teve início em 2011, Souza estudou iniciativas de produção de polpa
da juçara por quatro comunidades situadas no entorno e interior do Parque Estadual da Serra do Mar,
núcleos Santa Virgínia e Picinguaba, nos municípios de Natividade da Serra e Ubatuba (SP). “Foram
selecionadas as comunidades da Vargem Grande, Sertão do Ubatumirim, Sertão da Fazenda e Cambury,
pois estão engajadas por mais tempo na produção de polpa”, destacou o pesquisador.
A pesquisa foi conduzida, principalmente, por meio de entrevistas com os comunitários e monitoramento
da produção de frutos e da dinâmica populacional em parcelas permanentes instaladas em áreas
manejadas pelas comunidades e não manejadas no interior do parque, que totalizaram 1,9 hectares.
Essas parcelas também foram utilizadas para amostrar a diversidade de árvores, para que pudesse
avaliar a complementaridade dessas áreas para a conservação de outras espécies também. O estudo
abrangeu os principais tipos de vegetação onde a juçara é manejada – florestas secundárias e sistemas
agroflorestais. “Essas áreas recebem diferentes níveis de intensidade de manejo agroflorestal. Além disso,
a amostragem também representou três faixas de altitude da Serra do Mar, Terras Baixas (até 50 m),
Submontana (50-500) e Montana (500-1500)”, ilustrou Souza.
Principais resultados -O pesquisador ressaltou que a colheita dos frutos é feita de forma não destrutiva e
após a colheita ainda sobram cerca de 70% dos cachos na área. Cada grupo colhe frutos de 10-30
palmeiras por dia, o que rende, em média, 87 Kg de frutos e 45l de polpa. “A quantidade de frutos
restantes sugere que a atividade não prejudica a fauna que depende dos frutos, apesar de ainda ser
necessário aprofundar essa questão”, lembrou o pesquisador. Observou-se, ainda, que o novo sistema de
manejo da juçara pode contribuir com o fortalecimento comunitário a partir da diversificação da produção
familiar e aumento de renda.
Para o pesquisador, um dos desafios para a sustentabilidade do manejo de espécies nativas consiste em
garantir a reprodução da espécie enquanto produz e comercializa. “Acompanhamos 712 palmeiras por
três anos e verificamos que os adultos produtivos rendem, em média, 5,6 Kg de frutos por ano, chegando
a 21 Kg por palmeira. Também registramos a maior média do número de cachos por palmeira já