Clipping semanal - - page 40

USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Olhar Direto
Data: 11/02/2015
Caderno/Link
Assunto: O barato sai caro: uso de descartáveis não economiza água
O barato sai caro: uso de descartáveis não economiza água
Você acorda, pega a garrafa de água mineral. Depois, no trabalho, pega um copinho de café. Depois outro
de água, outro e outro... Chega a hora do almoço e você escolhe uma salada e um chá: ela vem em uma
embalagem de plástico ao lado da latinha de chá gelado ? com um canudo e/ou um copo, conforme sua
preferência. E assim você vai até o final do dia, revezando entre um e outro recipiente reciclável.
Nosso dia a dia tem sido cada vez mais invadido pelo plástico e muito se ouve sobre os benefícios que ele
traz em relação à praticidade (exigida na vida moderna na maioria das situações). Pelo mundo, países da
Europa Ocidental, como Alemanha, Itália, França e Espanha, por exemplo, consomem entre 100 e 200
litros de água engarrafada por pessoa ? todos os anos. E a tendência é aumentar cada vez mais a
demanda por embalagens recicláveis: segundo uma pesquisa realizada pela organização americana BCC
Research, o crescimento do mercado de garrafas de água deve ser de, aproximadamente, 10,5% ao ano
até 2018.
Afora o crescimento normal, no Brasil, a busca por este tipo de material passa por um momento especial
nos últimos meses, com a grave crise da falta d?água e o racionamento em alguns estados. Muitas
pessoas e estabelecimentos comerciais tentam se prevenir e estocam litros e litros de água em garrafas,
além de começarem a trocar o copo de vidro por um que possa ser jogado fora, para evitar a lavagem.
É evidente que algumas situações ?pedem? aquele copinho plástico (ou utensílio semelhante) ? como
em festas infantis, hospitais (e lugares onde a ascepcia é imprescindível). Outro fator mais pontual é a
crise hídrica. Na cidade de São Paulo, por exemplo, alguns restaurantes, bares e padarias também
iniciaram ?campanhas? pelo uso de copos de plástico para poupar água. Mas... Será mesmo que isso
acontece? Será que, ao substituir a pia de louças sujas por lixo reciclável ajudaremos o meio-ambiente e
nosso bolso?
Especialistas consultados pelo Terra apontam que o uso do plástico não indica economia de água (nem
de dinheiro). Para começar, é preciso lembrar que o desperdício de água não começa no momento da
pia, é bem anterior: somente na fabricação de um quilo de garrafas plásticas descartáveis são necessários
17,5 kg de água.
Com a crise hídrica, temos verificado diversos questionamentos se não seria melhor usar descartáveis;
entretanto, isso é muito perigoso e imediatista, pois, em vez de resolver o problema estamos criando
outro, como a geração excessiva de resíduos. No caso do copo descartável, apesar de ser potencialmente
reciclável, nem sempre há mercado para a reciclagem, pela baixa densidade e qualidade?, explica Ana
Maria de Meira, educadora do Programa USP Recicla, da Esalq, em Piracicaba.
Ana Maria também lembra que, em grande parte dos casos, o destino dos materiais recicláveis são lixões
ou aterros sanitários (e estes não são uma realidade da maioria dos municípios brasileiros), acumulando-
se por centenas de anos, contribuindo para a redução da vida útil dos aterros e poluindo solo e água -
mesmo no Brasil, que tem mais de 400 empresas recicladoras espalhados no seu território.
O emprego de materiais descartáveis no lugar de materiais reutilizáveis (como o vidro) poderá, sim,
diminuir o consumo imediato de água de sua caixa dágua, contudo a empresa que obteve o polímero
(plástico) e aquela que fabricou o copo descartável, por exemplo, consumiram água no processo, ou seja,
o problema foi apenas transferido, mas não sanado.
O impacto ambiental de um produto deve ser mensurado por toda a sua cadeia produtiva. Existe uma
metodologia, conhecida como avaliação de ciclo de vida, que emprega o conceito de impacto ambiental de
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