USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Portal Fator Brasil
Data: 04/02/2015
Caderno/Link:
Assunto: Janeiro termina com temperatura e umidade recordes e chuva abaixo da média
Janeiro termina com temperatura e umidade recordes e chuva
abaixo da média
Calor forte, umidade baixa e chuvas modestas agravam crise hídrica.
Calor forte, com temperaturas recordes, chuva bem abaixo do esperado e umidade relativa típica do
inverno por vários dias. Esse é o resumo do clima registrado pelo Posto Meteorológico da Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) em janeiro de 2015. “Com registros desde 1917, os
números do Posto da ESALQ reforçam que estamos vivendo uma anomalia climática”, aponta Paulo
Cesar Sentelhas, professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da ESALQ,
especialista em agrometeorologia. A temperatura máxima, de 37oC, superou o recorde de 1984 (36,9oC)
e a umidade relativa mínima atingiu 25% por vários dias seguidos, a mais baixa de todo o período de
registros, superando o record anterior que era de 39% em janeiro de 1971. “Esse é um valor que
normalmente temos no inverno, quando o tempo é normalmente muito seco”. Quanto ao volume de
chuvas, até o último dia 28 o Posto da ESALQ marcava 97,2 mm, enquanto que, na média, a chuva do
mês é da ordem de 230 mm. “Esse cenário tem poucas chances de ser alterado até amanhã, último dia de
janeiro”.
As condições meteorológicas deste mês de janeiro agravaram ainda mais a crise hídrica, uma vez que os
mananciais não foram repostos. “As condições de chuvas abaixo do normal, temperatura acima do normal
e umidade abaixo do normal resultam numa taxa de evapotranspiração muito elevada, contribuindo ainda
mais para o esgotamento da reserva dos mananciais. A evapotranspiração é a água que é consumida
pela atmosfera e que nem sempre retorna ao mesmo local de origem. Assim, essa variável também deve
ser contabilizada na análise da crise hídrica atual e não somente a chuva, explica o docente da ESALQ.
Segundo o professor Sentelhas, para recuperar o nível dos mananciais, que hoje está abaixo dos 10% na
média do Estado, será necessário pelo menos três anos chovendo acima da média, mas essa questão
não está relacionada apenas com as condições climáticas, mas também com o consumo. “Lógico que se
houverem chuvas excepcionais nos próximos meses, poderemos ter uma recuperação mais rápida, porém
não é isso que indicam as previsões climáticas para o próximo trimestre. O problema é que a quantidade
de chuva na média é a mesma, os reservatórios são os mesmos desde a década de 1960 e o consumo
aumentou exponencialmente nesses últimos 50 anos. Nesses cenários, qualquer anomalia do clima irá
gerar uma crise hídrica, especialmente quando tal condição se estende por mais de 12 meses, como vem
ocorrendo desde o final de 2013. O que podemos concluir de tudo isso é que os problemas estão no
planejamento e na gestão. No planejamento pois pouco tem sido feito nos últimos anos para se aumentar
a capacidade de armazenagem de água e de gestão pela lentidão das ações de racionalização do uso da
água em um cenário como deste último ano, encerra Sentelhas. | Caio Albuquerque.