Clipping semanal - - page 41

isolados. Para cada espaço, você deve ter o controle necessário para que a vida se faça adequadamente. Na
Universidade, as pessoas podem ter acesso, mas elas têm que ter um motivo para ter acesso.
JC: No final de agosto, a Universidade de São Paulo proibiu a realização de festas com consumo de bebida
alcoólica dentro do campus. Além disso, a determinação estabeleceu algumas regras e normas, como a
realização apenas de eventos festivos que sejam “compatíveis com a vida universitária”. O que isso significa
exatamente?
Zago:
Eu pergunto o seguinte: uma festa, com consumo ilimitado de bebida alcoólica, é compatível com a vida
universitária? Em primeiro lugar, todos sabemos que álcool é um tipo de droga. É uma substância prejudicial à
saúde. A OMS tem programas de combate ao uso de álcool. E, olha, eu não sou puritano nesse aspecto, não vou
dizer que não bebo meu uísque de vez em quando, acho que é completamente compatível com a vida social. Agora,
o uso ilimitado, principalmente por jovens e que associam o uso do álcool à alegria, à vida festiva, não é um bom
hábito, e não cabe à Universidade favorecer isso.
JC: O senhor poderia citar um exemplo de um evento, portanto, que seria compatível com a vida
universitária?
Zago:
Em Ribeirão Preto, me convidaram para, agora no dia 4 de outubro, participar de um evento esportivo que vai
ocorrer por toda a manhã no campus, estão chamando a cidade inteiro para participar. É a
Med Run
. Vai haver
distribuição de kits, camisetas; quem puder vai correr, quem puder vai passear. Eu acho que vou passear (risos).
Neste evento, se fará a venda de kits, coisas desse tipo, que poderia ser uma forma das atléticas obterem recurso.
Porque sei que os grêmios, as atléticas precisam de recursos, inclusive para favorecer a vida acadêmica. Agora,
fazer festa, patrocinada por empresas de bebida, para angariar recursos para a vida universitária, eu não recomendo.
JC: Como será feito esse controle?
Zago:
Nós vamos admitir de princípio que os estudantes e docentes estão treinando para vida, sabem que a
sociedade é feita de regras, e elas devem ser decidias da maneira mais adequada e democrática possível, mas
precisamos respeitá-las para viver em sociedade. Vou admitir de partida que os estudantes vão respeitar as regras e
procurar soluções desse tipo.
JC: O documento de candidatura reconhece a necessidade da Universidade de repensar o cenário atual de
requerimentos culturais, científicos, de cidadania, sociais e públicos. Com a recente proibição de festas e
eventos no campus, além da entrada controlada aos finais de semana, como é possível garantir o
cumprimento dessa proposta?
Zago:
Usar o campus da USP como um parque é algo que todos querem que seja possível. Isso já foi tentado no
passado e há uma série de dificuldades que eu ainda não tratei. Por exemplo, se você abre amplamente, você tem
uma grande quantidade de pessoas que precisam ir ao toilete. Você precisa ter uma infra-estrutura. A Cidade
Universitária é um local em que os prédios [faculdades] estão concentrados. Mas quando você abre, precisa de
estrutura para isso. Nós não estamos preparados para isso. A ideia seria fantástica! Começamos abrindo
controladamente sábado de manhã, para fazer exercícios, academias, ciclistas, corredores. Houve alguns sábados
de teste, não sei se agora continua funcionando ou não. No sábado de manhã isso já foi resolvido. Mas eles [as
assessorias esportivas] trazem grande parte de estrutura: água, recolhem todo o lixo. Podemos tentar expandir para
o domingo, mas tem essa questão de custos. Alguém tem que pagar.
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