Clipping semanal - - page 43

presença e sempre com um grande antagonismo por parte de um pequeno grupo de pessoas que associa a
presença da polícia – que tem o objetivo de assegurar a segurança das pessoas – às repressões do período
ditatorial – coisas que estão, no mínimo, a 25 anos de distância. Neste momento, temos que ser práticos. Sabemos
que quem tem o poder de fazer policiamento é a polícia. Temos uma guarda para orientação patrimonial, mas que
não vai fazer policiamento – não tem treinamento para isso. Além do mais, modernizarmos todo o nosso sistema de
segurança com o uso de câmeras. No mundo todo, esse policiamento preventivo e inteligente é mais importante do
que as ações efetivas de contenção no momento em que ocorre o crime. Precisamos aumentar a vigilância, ter
policiais que convivam com a sociedade. Estamos convidando a comunidade a conviver com essas pessoas, elas
vão saber quem os policias são. Saber quem cuida da sua segurança. Portanto, isso exige uma interação entre a
comunidade e a polícia preventiva que está aqui. Isso daqui é rota de passagem, de grande quantidade de carros, de
carros roubados, assaltos, estupro. Aqui na frente, 6h da tarde, vem um marginal aqui na frente e estupra a menina.
Precisamos nos proteger contra isso.
JC: Na penúltima edição do Jornal do Campus, especialistas apontaram que o plano Koban – que está sendo
implantado – vem de um contexto diferente do da sociedade brasileira. Além disso, ele é feito para funcionar
em comunidades pequenas. Um especialista do IRI afirmou que “não existe modelo Koban em áreas de
grande circulação de pessoas”, como é o caso da USP, que só no campus Butantã possui milhares de
estudantes. Por que a escolha desse plano? O senhor acredita que o plano Koban é a melhor opção e será
eficaz?
Zago:
Olha, eu acho o seguinte: o fato de nós termos a possibilidade de termos um policiamento formado por
policias relativamente jovens, com treinamento especial, que vão conviver aqui o tempo todo é melhor do que outras
opções, que eu desconheço. Não podemos imaginar duas coisas: que essas funções de policiamento podem ser
assumidas pela Guarda Universitária. De forma nenhuma. Segunda, é acharmos de saída que essa policia é uma
policia violenta. Se ela é, cabe-nos como sociedade conviver e tentar melhorar. Quando nos formamos, é com essa
polícia (militar) que nós convivemos. Eu estou absolutamente convencido de que esse plano sera eficiente. Tenho
certeza que grande parte da comunidade esta pedindo uma solução semelhante a essa. Agora, vejam que esse
plano envolve também a formação de um conselho de segurança, com representantes de todos os segmentos, que
se destine a acompanhar o seu funcionamento e discutir as dificuldades que vão surgir. Claro que vão surgir, não
sou ingênuo. Temos que continuar discutindo, mas em cima de pontos concretos.
JC: Um ponto que já foi discutido em relação à segurança feita por policiais é a presença de policias
mulheres e centro de apoio para casos que envolvem diretamente a violência contra mulher. Isso já esta
sendo pensado?
Zago:
Isso faz parte dessa discussão desde que começou. Não sei quantas policias serão mulheres. Mas, aliás, a
comandante é uma mulher. Além disso, tomamos medidas internamente para tratarmos de toda questão relacionada
a direitos humanos. Temos uma comissão de direitos humanos muito atuante. E criamos um grupo para tratar da
questão de mulheres.
JC: O senhor considera a USP segura?
Zago:
Ela tem um grau de insegurança. Claro que ela é segura, eu circulo por aqui. Mas temos graus diferentes de
segurança conforme os horários. Não acho que ela seja mais insegura do que os Jardins. Temos uma concentração
muito grande de uma população jovem, e temos que ter um cuidado com essa geração – são quem vai construir o
nosso futuro. Nessas questão da segurança, precisa-se entender que não há a tentativa de impôr alguma coisa. Há
uma demanda muito intensa por termos segurança. Principalmente à noite. Ficar dizendo que isso não funciona,
aquilo não funciona, não dá certo. Temos que buscar soluções.
Direitos Humanos
JC: A CPI das Universidades terminou os trabalhos com relatório apontando suspeitas de mais de 100
estupros* ocorridos na Universidade de São Paulo nos últimos dez anos – uma média elevada de dez casos
por ano. De que maneira a USP pretende trabalhar para que casos como os denunciados não se repitam e as
vítimas recebam o apoio necessário?
Zago:
Em primeiro lugar, você tem um dado exótico. Onde saiu? Nos jornais, tudo bem. Eu tomei uma medida muito
clara com relação a isso: nós revigoramos a comissão de direitos humanos. Ela está composta por pessoas
respeitadas dentro da sociedade. Qualquer denúncia que chega à Universidade e às unidades tem que ser
diretamente encaminhada a essa comissão. A comissão não vai tomar a iniciativa de esclarecer. O esclarecimento e
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