No uso de controle biológico, contudo, o país ainda está muito atrás de países como os da
Europa, segundo Parra. Uma das razões para isso seria a cultura do uso de agroquímicos para
controlar pragas agrícolas nas lavouras brasileiras, que têm causado graves desequilíbrios
biológicos, tais como aparecimento de pragas secundárias e contaminação do solo e água.
Em 2012, por exemplo, foram gastos R$ 9,7 bilhões com agroquímicos no Brasil. Já em 2014, o
gasto saltou para R$ 12 bilhões, dos quais R$ 4,6 bilhões foram voltados para a compra de
inseticidas.
Nos últimos 12 anos, a utilização de agroquímicos no Brasil aumentou 172% enquanto que no
resto do mundo o crescimento foi de 90%, comparou Parra. “Tem se usado muito inseticida no
Brasil, inclusive feitos a partir de moléculas que já foram banidas em outros países”, disse.
“Os agroquímicos podem ser usados desde que sejam aplicados produtos seletivos – que matam
a praga, mas não os inimigos naturais – e que seja feita uma rotação dos princípios ativos de tal
forma que não se crie resistência dos organismos que se pretende controlar”, avaliou.
Segundo o pesquisador, o alto custo de desenvolvimento e os desafios cada vez maiores para a
sintetização de moléculas para a produção de inseticidas têm favorecido a expansão do controle
biológico no Brasil e no exterior.
Atualmente, de acordo com dados apresentados por Parra, o custo da síntese de uma nova
molécula para a produção de inseticidas é de cerca de US$ 250 milhões.
Já o custo de desenvolvimento de uma cultivar transgênica, mais tolerante a uma determinada
praga, por exemplo, é de US$ 125 milhões. E o desenvolvimento de um inseto para controle
biológico fica entre US$ 2 milhões e US$ 10 milhões.
“O alto custo do desenvolvimento de moléculas para inseticidas, somado ao aumento da pressão
da sociedade pela diminuição do uso de agroquímicos e a constatação de que os transgênicos
não conseguem solucionar o problema das pragas agrícolas, têm estimulado o uso de controle
biológico no Brasil e no mundo”, disse Parra.
“Mas o controle biológico não pode ser usado isoladamente e não é a única solução para o
controle de pragas. Ele deve ser um componente do manejo integrado de pragas e ser usado
associado aos inseticidas, desde que usados de forma racional, além de plantas transgênicas e
outros métodos de controle do equilíbrio de um agrossistema”, ponderou.
A utilização de controle biológico na agricultura no país e no exterior tem aumentado entre 15% e
20% ao ano e atualmente esse setor já movimenta US$ 17 bilhões.