Para desenvolver a técnica, os pesquisadores sequenciaram e classificaram por meio de um
método de análise de laboratório chamado PCR de tempo real os pares de base do DNA
mitocondrial das linhagens de Trichogramma pretiosum Riley.
Ao fazer isso, observaram que as linhagens apresentavam uma diferença muito nítida em um
fragmento da CO1 – gene – do DNA mitocondrial, que possuíam três “tipos raros”, com potencial
de serem usados como marcadores genéticos.
Com base nessa constatação, eles criaram, por meio de uma série de cruzamentos, 45 linhagens
diferentes dos três “tipos” mitocondriais de Trichogramma pretiosum Riley, sendo 15 de cada tipo
mitocondrial.
“Criamos linhagens puras, marcadas com esses fragmentos de DNA mitocondrial”, explicou
Aloisio.
Teste em campo
As 45 linhagens do inseto foram classificadas em três categorias – melhor, intermediário e pior –,
de acordo com o tamanho médio de sua prole e a proporção de descendentes do sexo feminino,
que são fatores determinantes para desempenho do inseto no ataque às pragas agrícolas.
A fim de avaliar se os fragmentos de DNA mitocondrial das células do Trichogramma
pretiosum Riley poderiam ser usadas como marcadores do inseto para analisar seu desempenho
em campo, os pesquisadores fizeram um experimento em que lançaram linhagens de cada uma
das três categorias do inseto com perfis diferentes de DNA mitocondrial em uma plantação de
milho para quantificar o quanto eram capazes de parasitar ovos da praga Ephestia kuehniella,
conhecida popularmente como traça da farinha.
Para isso, eles distribuíam pelo milharal cartelas com ovos da praga e liberavam em um ponto
central da plantação as diferentes linhagens de Trichogramma pretiosum Riley previamente
classificadas em laboratório de acordo com suas características reprodutivas, sendo que cada
uma possuía um “tipo” mitocondrial diferente.
Um dia após o lançamento, eles recolhiam as cartelas com os ovos da traça da farinha, traziam
para o laboratório e esperavam emergir o Trichogramma pretiosum Riley que parasitou o ovo.
Por meio de uma análise com PCR em tempo real, os pesquisadores analisavam o DNA
mitocondrial do inseto parasitoide e identificavam a qual linhagem liberada em campo seu perfil
da CO1 correspondia.
Dessa forma, conseguiram verificar quais parasitaram mais e produziam mais prole no campo,
por exemplo.
“O DNA mitocondrial serviu como uma espécie de impressão digital do inseto”, comparou Aloisio.