USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Brasil Post
Data: 26/02/2015
Caderno/Link:
-
usp_n_6662806.html?utm_hp_ref=educacao
Assunto: Melhor universidade da América do Sul, USP concentra casos assustadores de
trotes
Melhor universidade da América do Sul, USP concentra casos
assustadores de trotes
Apontada como a 132ª melhor universidade do mundo e a melhor da América do Sul, a
Universidade de
São Paulo (USP)
concentra não só uma boa porção da nata intelectual e acadêmica do Brasil, mas
também alguns dos
mais escabrosos relatos de trotes violentos já relatados
. A Faculdade de Medicina
(FMUSP) apareceu com mais destaque no ano passado, mas o desrespeito não ocorre apenas entre os
estudantes do curso envolvidos nas denúncias investigadas pela Assembleia Legislativa de São Paulo
(Alesp).
"A gente ouviu um 'zum zum zum' e não se atentou. Primeiro havia uma dificuldade, que ninguém queria
se expor. E, no momento em que as poucas pessoas se expuseram, a primeira reação foi: vamos tentar
resolver internamente. Houve uma certa tentativa de dizer: são desvios pontuais", disse o professor da
FMUSP
Paulo Saldiva
, à CPI que investiga os estupros e violações de direitos humanos nas
universidades de SP.
Ex-integrante da Congregação da instituição,
ele se afastou ao perceber que a resposta da faculdade
não seria a ideal
. "[
A faculdade
] estava mais doente do que pensávamos (...). A gente poderia ter atuado
de uma forma um pouco mais dura no início, fomos moles", completou.
Com tantos casos, é esperado que a saúde dos estudantes sofra. E foi isso que apontou a pesquisa do
Projeto Quara (Qualidade das Relações no Ambiente), conduzida pela professora de Medicina Preventiva
da FMUSP e coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP,
Maria Fernanda Tourinho
Peres
. Segundo o levantamento,
92%
dos alunos informaram ter sofrido pelo menos um episódio de
violência física ou verbal na faculdade - de humilhação a violência sexual. Destes,
30%
consideraram que
o fato foi grave.
"Há uma cultura de considerar a FMUSP acima da lei e da sociedade, esquecendo-se do fato de que é
uma instituição pública, que recebe grandes investimentos públicos", analisou o presidente do Instituto
Luiz Gama, professor de Direito, e mestre e doutor pela USP,
Silvio Luis Almeida
. "É preciso disseminar
a educação sobre a cultura do consentimento, do valor do não", afirmou a professora da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH),
Heloísa Buarque de Almeida
, ao discorrer sobre
a naturalidade com que os trotes e perseguições são tratados na USP.
Foi justamente essa cultura que matou o calouro
Edison Tsung-Chi Hsueh
, em 1999. Ele acabou
afogado durante um trote na FMUSP. Enquanto a instituição apontou a morte como acidental, a Justiça
inocentou os quatro acusados pela morte em 2006.
Trotes não são exclusividade da USP
O problema da violência no ambiente universitário não é exclusivo da USP ou do ensino superior paulista.
Há relatos de casos de abusos físico e sexual, racismo, homofobia e outras violências em instituições de
dentro e fora do Brasil. No âmbito de São Paulo, pelo menos três casos foram registrados em 2015, o que
mostra que a prática permanece forte, apesar de leis e discursos correntes das autoridades.
Alguns dos trotes mais violentos foram relatados nos campus de Campinas e Sorocaba da
Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
. Lá, as calouras são proibidas de usar cabelo solto,
bijuterias e maquiagem e os homens são obrigados a manter o cabelo raspado. Além disso, eles não têm
acesso ao Centro Acadêmico, ao restaurante e são proibidos de usar bancos e elevadores. Tudo em
nome da tradição, dizem os veteranos.