Qual o seu papel na OSP?
Eu sempre fui um colaborador, sem nenhum cargo. Eu tenho cuidado em
falar da orquestra, porque não sou dela. Considero que da OSP quem deve falar é o regente. O que falo é
como apreciador de música e colaborador.
Qual foi o momento mais marcante da OSP que você acompanhou?
Acho que foi o concerto do
centenário. Foi o mais comovente, porque inclusive levamos um sósia do Erotides de Campos. Tinha
muita gente, o auditório do Teatro Municipal Dr. Losso Netto foi às lágrimas. Quase 20 anos após este
concerto, praticamente se tornou obrigatório o reconhecimento da cidade ao compositor e o novo teatro às
margens do rio, que foi cantado por ele, recebeu o nome seu nome. Uma justa homenagem.
Foram muitos anos regidos pelo Rizzi, anos que também tiveram dificuldades e conquistas. Como
foi este período?
Este período foi de estabilização da orquestra, que sempre contou, independente dos
prefeitos que se sucederam, com o apoio da municipalidade. Este apoio sempre foi pequeno,
especialmente se consideramos o custo da orquestra. Basta dizer que o orçamento para a orquestra de
Campinas, custeado pelo município, é de R$ 8 milhões. Já nós contaremos este ano com R$ 600 mil.
Contudo, nós sabemos que é o que município pode conceder neste momento. É preciso entender que a
OSP é a instituição cultural mais antiga e mais importante da cidade. São 115 anos, ela foi fundada em
março de 1900 em um concerto na Catedral Santo Antônio.
Vocês convidaram o violoncelista André Micheletti para assumir a regência da OSP e de um ano
para o outro aconteceram muitas mudanças, com o maestro Jamil Maluf chegando para fazer parte
desta história. O que está achando desta nova fase?
O maestro Rizzi regeu a orquestra por
aproximadamente 20 anos, até poucos dias antes de falecer. O último concerto regido por ele aconteceu
em 20 de dezembro de 2012 e ele faleceu na virada do ano, dez dias depois. A dedicação dele até o final
da vida foi extrema e de certa forma muito comovente. No último concerto, quando foi gravado um DVD
com músicas da cidade, ele já não estava se sentido bem durante a regência, mesmo assim persistiu até
o término do programa. Ele dizia, nos intervalos na coxia, é preciso chegar ao fim. Foi um momento muito
emocionante. Bom, eu tinha encontros semanais com o Rizzi e ele havia apontado André Michelleti, seu
antigo aluno, como um possível sucessor dele próprio. Coube a mim então procurar o violoncelista e
propor-lhe que assumisse a regência da orquestra. Ele aceitou prontamente, como homenagem ao antigo
professor. Alguns meses depois, em contato com o maestro Jamil Maluf, o André ouviu dele o interesse
em colaborar com a OSP. Esta surpreendente e inesperada oferta foi analisada pela diretoria da orquestra
e aceita com muita honra.
Esperavam tantas ideias e propostas? Era anseio da OSP este impulso de novos projetos?
Não
houve uma mudança, mas uma evolução da orquestra, impulsionada por novos conceitos, já que cada
regência é um conceito diferente. Também tivemos o interesse crescente da municipalidade. O prefeito
Gabriel Ferrato e a secretária da Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural), Rosângela Camolese,
prometeram e cumpriram aumentar a verba da orquestra. Com isso poderemos promover maior número
de concertos e desenvolver um antigo projeto das diretorias. Alavancado pelo maestro Jamil Maluf, com
vistas ao desenvolvimento musical da coletividade, serão realizados concertos didáticos, destinados ao
público infantil e escolar. Esta etapa inclui necessariamente a adesão já confirmada da Secretaria
Municipal de Educação.
Vocês estão com nova sede. O que pretendem fazer no espaço? Qual a importância dele?
A
prefeitura nos cedeu comodato uma sede no bairro Jaraguá, que necessita de adequações e
equipamentos para que possa servir de escritório administrativo, espaço para ensaios dos músicos,
conferências e cursos, visando a comunidade. Depois de um século esta nossa demanda está sendo
atendida.
Tem previsão?
Precisamos arrecadar uma quantia para tornar o espaço adequado para as propostas.
Pode ser que com os recursos captados com a Lei Rouanet nós conseguiremos fazer isso nos próximos
meses.
O senhor já comentou sobre o aumento do repasse da prefeitura. Na prática, o que isso
significa.
Significa mais ensaios da orquestra, possibilidade de remuneração um pouco melhor aos
músicos e maior presença da orquestra na comunidade.