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USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículo: Dinheiro Rural
Data: 27/04/2015
Caderno/Link:
-
amazonia
Assunto: Cacau na Amazônia
Cacau na Amazônia
Estudo observa potencial de sistemas agroflorestais para a recuperação de áreas degradadas
Inseridos no contexto do desmatamento da Amazônia, principalmente com relação à atividade pecuária no
município de São Félix do Xingu (PA), os sistemas agroflorestais com cacau (SAF-cacau) representam
uma forma alternativa de uso do solo pela agricultura familiar. Além do retorno econômico, o SAF-cacau
proporciona benefícios sociais e ambientais. A fim de entender o potencial desse sistema para
recuperação de áreas degradadas em São Félix do Xingu, o engenheiro florestal Daniel Palma Perez
Braga realizou seu mestrado focado no tema, no Programa de Pós-graduação (PPG) em Recursos
Florestais.
Para alcançar os objetivos do estudo, ele avaliou aspectos da vegetação (estrutura florestal e diversidade
florística) e do solo (fertilidade e macroinvertebrados) nos SAF-cacau, tendo como referência áreas de
pastagem e de floresta madura. No início, o pesquisador realizou a checagem de campo e revisão
bibliográfica para a definição dos métodos de pesquisa. Em seguida, vivenciou a realidade local durante
cinco meses. "Morei cerca de uma semana com cada produtor que participou do estudo, para coletar os
dados", conta Braga.
O material botânico foi identificado nos herbários da ESALQ (Esa) e do Museu Paraense Emilio Goeldi.
"Os demais materiais coletados foram analisados nos laboratórios da ESALQ. Tive a oportunidade de
discutir as informações com diversos pesquisadores, inclusive do Departamento de Ciências Florestais da
Universidade de Yale, para gerar os resultados e conclusões da pesquisa", explica.
Durante seu estudo, o engenheiro florestal pôde perceber que, de acordo com a percepção dos pequenos
produtores, o SAF-cacau é, no mínimo, 2,5 a 4 vezes mais rentável do que a pecuária, ocupando uma
área até sete vezes menor em suas propriedades. Outro ponto conferido pelas análises de solo é que o
pasto possui menor teor de matéria orgânica na camada subsuperficial (20-40 cm), quando comparado à
floresta. Quanto à biota, "a densidade de macroinvertebrados do solo se mantém mais estável em
florestas e em SAF-cacau do que no pasto, em que ocorre um desequilíbrio sazonal entre o verão e o
inverno". Segundo Braga, considerando as variáveis estudadas de estrutura florestal, o SAF-cacau possui
um alto potencial de recuperação de áreas degradadas. Em relação às variáveis estudadas de riqueza,
diversidade e composição de espécies arbóreas, o SAF-cacau está aquém das florestas. Ainda assim,
mantém tal potencial, podendo ser melhorado através de práticas de manejo para seu enriquecimento e
do planejamento das futuras lavouras.
De acordo com o pesquisador, o estudo ajuda a estimular o uso de sistemas agroflorestais para ampliar a
área de produção de cacau sem promover o desmatamento, mas por meio da recuperação de áreas
degradadas, valorizando o manejo aplicado pela agricultura familiar. No entanto, ele destaca que as
lavouras de cacau são áreas produtivas e não devem ser consideradas substitutas de áreas com floresta
nativa. "Em nenhuma hipótese deve se estimular a derrubada de florestas para a implantação de novas
áreas de SAF-cacau, principalmente considerando que, atualmente, todo desmatamento em São Félix do
Xingu é ilegal e que existem inúmeras áreas abertas passíveis de recuperação", afirma.
O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e teve
apoio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). A orientação foi do professor do
Departamento de Ciências Biológicas, Dr. Flávio Bertin Gandara Mendes.
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