Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
70
A primeira providência é a delimitação e a pro-
teção da área de aplicação do produto. Para isso,
o estudo deve ser conduzido em área pré-delimita-
da protegida por telas, que minimizem a deriva do
agrotóxico pelo vento. No entanto, nos estudos que
verificam os efeitos das práticas de manejo adota-
das em determinada região, a metodologia adotada
deve ser outra. Para essa finalidade, o condutor da
pesquisa deverá estabelecer uma zona de seguran-
ça (buffer zone), que nada mais é do que uma faixa
de vegetação que não pode receber a aplicação de
agrotóxico para proteger determinada área sensível
como, por exemplo, um curso de água (EMBRAPA,
2004). De acordo com Cunha (2008), esta pode ter
um tamanho que varia de 6 m a 40 m, dependendo
do produto utilizado.
Outra ação necessária para minimizar a conta-
minação ambiental é não aplicar o pesticida durante
o período de floração da lavoura ou de outra planta
nativa abundante no local, evitando que as flores e,
consequentemente, o pólen e o néctar sejam conta-
minados, o que diminui a exposição de outros visi-
tantes florais ao produto químico.
Além disso, deve-se considerar as condições
abióticas no momento da aplicação do agrotóxico.
Vários pesquisadores consideram que gotas meno-
res que 100 µm são facilmente carregadas pelo ven-
to, sofrendo mais intensamente a ação dos fenôme-
nos climáticos (MURPHY; MILLER; PARKIN, 2000),
por isso, a Embrapa (2006) recomenda que as pul-
verizações sejam feitas em condições de baixa ve-
locidade do vento, variando de 3,2 a 6,5 km/h, que
corresponde a uma brisa leve caracterizada pelo
vento perceptível na face, mas capaz de movimentar
apenas levemente as folhas.
• Pulverização média/fina – 3 km/h a 5 km/h;
• Pulverização grossa/muito grossa – 3 km/h a
10 km/h.
Não é adequado aplicar o produto quando a
velocidade do vento estiver muito baixa, deixando o
ar parado, sem qualquer vento, o que reduz as tro-
cas de ar entre camadas verticais próximas ao solo,
significando que a névoa pulverizada pode se mo-
ver lentamente, com o vento, para longas distâncias
(EMBRAPA, 2004).
De acordo com o Manual de Tecnologia de
Aplicação da ANDEF (2004), em toda pulverização,
fina, média ou grossa, existirão gotas pequenas, mé-
dias e grandes, variando apenas a proporção entre
elas. Por isso, a determinação do tamanho das gotas
é fundamental para enquadrar a pulverização nas
classes a seguir:
• aerossol: gota com menos de 30 µm de diâ-
metro;
• pulverização muito fina: gota muito pequena
(31 µm – 100 µm);
• pulverização fina: gota pequena (101 µm – 200
µm);
• pulverização média: gota média (201 µm – 400
µm);
• pulverização grossa: gota grande (> 400 µm).
As formulações pó seco e microencapsulada
devem receber especial atenção; no primeiro caso,
devido à escassez de estudos que mostrem a ca-
pacidade de deriva. Sendo classificada somente
como de fácil deriva (PICANÇO, 2010), ela deverá
ser incluída na categoria de gotas muito pequenas,
pulverização média/fina. O mesmo deve acontecer
com os pesticidas que se apresentam na formula-
ção microencapsulada, considerada a de maior
toxicidade para as abelhas, com o agravante de a
liberação dos ingredientes ativos ocorrer de manei-
ra gradativa.
A temperatura deve estar entre 10
o
C e 30
o
C, a
depender do produto utilizado, e a umidade relativa
do ar deve ser de no mínimo 55% (PINHEIRO; FREI-
TAS, 2010; EMBRAPA, 2006).
A intensidade luminosa deve ser semelhante
nos casos de estudos que almejem a comparação
de seus resultados com outras pesquisas, já que
alguns ingredientes ativos podem ter sua vida útil
ativa alterada pela fotólise, o que influencia o re-
sultado final dos efeitos provocados pelas subs-
tâncias.
Sempre que possível, os testes devem ser rea-
lizados em condições controladas de temperatura,
umidade, luminosidade e velocidade do vento.
6.4.1 Boas práticas na apicultura e na agricultura
Para evitar ou diminuir as chances de conta-
minação pelos agrotóxicos, alguns cuidados devem
ser tomados pelos apicultores e agricultores. Entre
eles, destacam-se as recomendações feitas por Pi-
nheiro e Freitas (2010):