Efeitos dos agrotóxicos sobre as abelhas silvestres no Brasil
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duto e pouca água, pois assim os coadjuvantes se
dissolvem bem e o produto não forma grumos, asse-
gurando sua perfeita umectação (EMBRAPA, 2006).
Além disso, por possuir partículas sólidas em sus-
pensão na calda, o pulverizador deve ser equipado
com filtros malha 50 (50 aberturas em 1 polegada
linear) para evitar que grande quantidade de produ-
to seja retida pelo filtro, formando uma pasta que o
bloqueia e obrigando o operador a realizar limpezas
constantes (ANDEF, 2004).
As desvantagens da aplicação de pó estão re-
lacionadas ao fato de as partículas serem levadas
pelo vento a longas distâncias; à sua baixa aderên-
cia, o que facilita a lavagem pela chuva; e ao alto
risco de inalação das partículas pelos aplicadores
(EMBRAPA, 2006).
As aplicações também deverão ser realizadas
de acordo com as instruções do fabricante, utilizan-
do a máxima dosagem permitida, contida na bula do
produto, respeitando o intervalo de segurança exi-
gido. É importante também estar atento às medidas
de redução de risco de contaminação do ambiente,
contidas no subitem N do item XI da seção 6.4 deste
livro.
6.3.3 Terceira etapa – inspeção da colmeia
Os meliponíneos são eussociais e apresentam
colônias perenes onde se encontram as operárias,
que mantêm o seu funcionamento por meio da exe-
cução de diversas atividades que variam conforme
a idade e as necessidades da colônia (CAMPOS,
1996); o cuidado com as crias e com a própria hi-
giene; a coleta e o processamento do alimento; a
construção dos favos, potes e invólucro; a limpeza
do ninho; defesa da colônia e da rainha. Por isso,
fatores externos que influenciem de forma negativa
essas atividades podem abalar o funcionamento da
colmeia.
No item 3 foram listados diversos efeitos, cha-
mados de subletais, que afetam o funcionamento de
uma colmeia (Tabela 7). A ocorrência desses proble-
mas desestrutura o funcionamento da colônia e provo-
ca alterações na atividade de voo, coleta de alimento,
ovoposição da rainha, manutenção da colônia.
a)
Para obter indícios dos problemas que estão
acontecendo, observar as seguintes variá-
veis (NOGUEIRA-NETO,número de discos de
cria;
b)
uniformidade de preenchimento;
c)
número de novas células em construção;
d)
número de potes de alimento (mel e pólen)
fechados e em construção;
e)
intensidade de movimentação na entrada da
colônia (essa observação deverá ser feita no
horário de pico de atividade);
f)
presença de parasitas como formigas e forí-
deos.
Essas informações serão utilizadas para a
construção de uma curva de desenvolvimento da co-
lônia ao longo dos dias de observação.
Os dados deverão ser coletados semanalmen-
te, durante 120 dias, e anotados em uma tabela (Fi-
gura 37). As medições deverão ser feitas com um
paquímetro.
Discos
de cria
Uniformidade
dos discos de cria
Células em
construção
Potes
de mel
Potes
de pólen
Potes
em construção
Parasitas.
Qual (is)?
Nº
Uniforme/não uniforme
Nº
Nº
Nº
Nº
Sim/não
Figura 37
. Exemplo de tabela para coleta de dados.
6.3.4 Quarta etapa - coleta de mel e pólen
Os pesticidas podem ser encontrados no mel
preferencialmente por duas rotas de contaminação,
indireta e direta. De maneira indireta, quando as abe-
lhas entram em contato com o néctar e com o pólen
de flores provenientes de terras previamente pulveri-
zadas. Se a abelha morrer e não retornar à colmeia, a
rainha e as outras abelhas não estarão contaminadas
e a colônia sobreviverá. Quando as abelhas entram
em contato com o agrotóxico e o transportam para a
colmeia no seu próprio corpo ou em forma de néctar
e pólen contaminados, pode ocorrer a contaminação
desses alimentos. A contaminação direta verifica-se
quando ocorre tratamento nas colmeias para con-
trolar pestes e doenças que elas sofrem (ALBERO;
SANCHEZ-BRUNETE; TADEO, 2004; RISSATO et al.,
2004).