AGROdestaque entrevista Rafael Barone, biólogo (F-2006)

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Biólogo conta suas experiências profissionais na piscicultura e fala dos desafios do setor (Crédito: Divulgação)
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Atuação profissional

Sou formado em Ciências Biológicas em 2006 e, durante praticamente toda minha graduação, fui estagiário de iniciação científica no setor de piscicultura, com o professor José Eurico Possebon Cyrino. Depois de formado, fiz o mestrado em aquicultura na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cuja dissertação tinha como tema a definição de critérios para a seleção de áreas para a piscicultura nos reservatórios das hidrelétricas de Itá e Machadinho (SC). Esse trabalho me oportunizou fazer parte de uma equipe multidisciplinar que prestou uma consultoria para a então Secretaria de Aquicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP-PR), que na época definia quais critérios seriam adotados para a seleção dessas áreas nos reservatórios brasileiros.

Durante a consultoria, a então SEAP-PR se tornou Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e fui convidado a coordenar a equipe que era responsável pelos estudos de demarcação de parques aquícolas. Gosto sempre de ressaltar que nunca tive nenhum envolvimento político-partidário e que esse cargo foi oportunizado pelas qualidades técnicas que demonstrei durante o período de consultoria.

Após dois anos no MPA, decidi que estava no momento de sair e atuar como consultor em seleção, regularização e licenciamento ambiental de empreendimentos de piscicultura.

A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado?

Atualmente, sou doutorando no Programa de Pós-graduação (PPG) em Ciência Animal e Pastagens da ESALQ e pesquisador associado do Pecege. Na pesquisa que estou desenvolvendo, avalio o uso de microalgas na nutrição de tilápia. Acredito que, nos próximos anos, a produção desses microrganismos serão uma realidade para a mitigação de impactos, produção de combustível e na nutrição animal e humana.

Como pesquisador do Pecege, estou organizando um curso de Educação a Distância (EaD) em Gestão do Pescado e um Workshop para promover parcerias em pesquisa e desenvolvimento entre empresas e universidades na indústria do pescado. Também atuo em projetos de estudos e análises de informações da indústria do pescado.

O Brasil possui um potencial enorme para o desenvolvimento da indústria do pescado, no entanto esse segmento enfrenta dificuldades de regularização, licenciamento e falta de informações e dados de qualidade para balizar investimentos, gestão de empreendimentos e análises desse mercado.

Quais os principais desafios desse setor?

Por se tratar de uma atividade relativamente nova para o Brasil, os principais desafios hoje são burocráticos e legais em função da falta de definição de procedimentos claros para o licenciamento e monitoramento ambiental. Isso faz parte do processo de entendermos os reais impactos da atividade e sabermos como mensurá-los e mitigá-los e essa é uma área carente de profissionais especializados no país.

Outro grande desafio é mercadológico, pois o consumo tem aumentado nos últimos anos e, para atender esse aumento da demanda, o Brasil tem importado cada vez mais pescado, tendo, no ano de 2014, registrado um déficit na balança do pescado em torno de três bilhões de reais. Por isso, é importante que o segmento se estruture nos próximos anos para que possamos utilizar nosso potencial de produção para não só atendermos a crescente demanda interna, mas também nos tornar exportadores de pescado.

Que tipo de profissional esse mercado espera?

O mercado necessita de profissionais com formação especializada, mas ampla visão dos processos de gestão da produção, impactos ambientais, necessidades mercadológicas, e atento às tendências de tecnologia dos grandes centros produtores no exterior.

Entrevista concedida a Alessandra Postali, estagiária de Jornalismo | 29/05/15