Desvendando o genoma do maracujá silvestre

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Passiflora organensis: note a flor típica e a presença de nectários extraflorais sobre as folhas. Crédito: Marcelo Dornelas, Unicamp
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Desvendar os genomas de plantas é uma tarefa laboriosa e desafiadora para os cientistas, particularmente quando não se tem outros genomas aparentados de referência. Importante, os genomas de espécies silvestres representam uma fonte de informações para se entender evolução e filogenia e avançar o conhecimento sobreas espécies cultivadas relacionadas.

Com base nessa ideia, surgiu a pesquisa conduzida pela pós-doutoranda Zirlane Portugal da Costa. O estudo, desenvolvido no departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), resultou no artigo “A genome sequence resource for the genus Passiflora, the genome of the wild diploid species Passiflora organensis”, recém-publicado no periódico The Plant Genome (doi:10.1002/tpg2.20117).

Maracujazinho – P. organensis é uma espécie nativa do Brasil, de ocorrência na Mata Atlântica, conhecida popularmente como “maracujazinho”. “Essa espécie possui um pequeno genoma (259 Mpb), é diploide e auto incompatível. A maior parte das sequencias foi atribuída aos cromossomos da espécie (n = 6), cerca de 60% desses são de natureza repetitiva, sobretudo elementos móveis (retrotransposons). 25,327 genes foram preditos, entre eles, foram detalhados os genes envolvidos no mecanismo que leva à autoincompatibilidade e aqueles pertencentes à família MADS-box, envolvida no desenvolvimento reprodutivo vegetal”, detalha a professora Maria Lucia Carneiro Vieira, supervisora do pós-doutorado.

Segundo a docente, os genomas do cloroplasto e da mitocôndria também foram elucidados e particularmente foram identificadas duas moléculas não contíguas de DNA mitocondrial. “Nossos dados contribuíram para o entendimento dos mecanismos que levaram à evolução do gênero Passiflora. Do ponto de vista aplicado, abrem-se perspectivas para assistir o melhoramento dos maracujás cultivados no Brasil, principalmente no que tange à autoincompatibilidade, já que 40% do custo de produção referem-se à necessidade de polinização manual”.

O estudo contou com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e são coautores do artigo os pesquisadores Alessandro de Mello Varani (Unesp/ Jaboticabal), Marcelo Carnier Dornelas (Unicamp/IB), Andrea Pedrosa-Harand (Universidade Federal de Pernambuco), Claudia Monteiro-Vitorello (Esalq/departamento de Genética) e Maria Lucia Carneiro Vieira (Esalq/departamento de Genética, supervisora do pós-doutorado), além de outros colaboradores.

O artigo pode ser acessado na íntegra em: https://acsess.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/tpg2.20117

Com informações da professora Maria Lucia Carneiro Vieira

30/07/2021