Maestro João Carlos Martins se apresentou com a Bachiana Filarmônica na ESALQ

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Mais de duas mil pessoas aplaudiram de pé o repertório apresentado pela Bachiana (crédito: Gerhard waller)
Editoria: 
Olhares atentos, ouvidos aguçados, muita expectativa em conhecer e se aproximar do regente brasileiro mais respeitado e admirado dos últimos tempos, o maestro e pianista João Carlos Martins. Sob sua batuta, apresentou-se, na última sexta-feira, 16 de janeiro, a Bachiana Filarmônica SESI SP no gramadão em frente ao Edifício Central da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). Esse foi o perfil de mais de duas mil pessoas que se extasiaram tanto com o repertório apresentado, quanto ao trabalho social que é brilhantemente desenvolvido por ele.  Tudo apresentado de maneira orquestral ao público presente.
 
Aplaudido de pé, por várias vezes, entre execuções de sinfonias de compositores clássicos como Mozart e Beethoven, passando por peças mais recentes como de Enio Morricone, o maestro se dirigiu e interagiu com a plateia ora comentando sobre os grandes compositores que a Filarmônica acabara de executar obras, ora para falar das limitações físicas que encontrou para atuar como pianista durante sua carreira, ora para brincar e se aproximar dos atentos espectadores.
 
João Carlos Martins ocupa um lugar diferenciado no cenário musical brasileiro. Considerado um dos maiores intérpretes de Bach dos últimos tempos, o paulistano nascido em 1940 iniciou seus estudos de piano aos oito anos com o professor José Kliass. Martins afirma que a música clássica é a raiz de tudo. “Quando percebemos que tivemos um Tom Jobim, que temos um Chico Buarque entendemos que a formação dos nossos grandes compositores derivam-se de Johann Sebastian Bach, da música clássica que é a origem de tudo e que será o futuro de tudo certamente”, explicou ele.
 
Sobre o trabalho que desenvolve com jovens musicistas oriundos de comunidades carentes, cuja inciativa já resultou na introdução à música para dez mil crianças, Martins se refere à força de uma orquestra na sociedade e ao legado que certamente deixará ao País. O maestro pretende fechar o Brasil em forma de coração por meio da música, assim como almejava Villa Lobos. “Um dos dias mais emocionantes de minha vida foi quando jovens já de liberdade assistida na Febem, que fazem parte do nosso projeto, deixaram em casa, no Natal, uma cartinha que dizia – Tio Maestro, feliz Natal! A música venceu o crime!”, revelou o regente.
 
Para falar sobre seu talento para superação de dificuldades, o maestro utilizou-se de uma célebre frase de Charles Chaplin - "No momento em que você abandona seus sonhos você continua a viver, mas você deixa de existir. E o meu sonho continua", finalizou Martins. 
 
A realização do evento, que encerrou a gestão como diretor da ESALQ do professor José Vicente Caixeta Filho, foi do Ministério da Cultura, com apoio da USP/ESALQ, da Prefeitura Municipal de Piracicaba / Secretaria de Ação Cultural e da Fundação Bachiana, com patrocínio da Raízen.
 
Sobre a Bachiana Filarmônica SESI SP
 
Em 2006, o maestro João Carlos Martins fundou a orquestra Bachiana Jovem, que tinha por objetivo trabalhar na evolução musical de jovens musicistas e ao mesmo tempo democratizar a música clássica apresentando-se para pessoas que jamais tiveram acesso às salas de concerto. As apresentações estenderam-se desde pequenas cidades, como Sobradinho, até comunidades mais carentes, por meio da série de concertos na capital paulista e em diversas escolas públicas e praças pelo Brasil afora. A Bachiana Jovem também gravou sob a regência do maestro o CD “Paixões”.
 
Há dois anos as duas orquestras fundiram-se, formando hoje a Bachiana Filarmônica SESI SP, grupo formado por 25 profissionais que são orientadores de 45 jovens musicistas e foi adotada pelo SESI de São Paulo, formando hoje a maior orquestra da iniciativa privada do Brasil, sem abandonar os ideais que deram origem à Bachiana Filarmônica e à Bachiana Jovem.
 
Texto: Alicia Nascimento Aguiar (20/01/2015)
Palavra chave: 
João Carlos Martins, José Vicente Caixeta Filho, Orquestra, Raízen, Música clássica