Agrodestaque entrevista José Matheus Camargo Bonatto

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José Matheus Camargo Bonatto representou o Brasil em congresso nos EUA (Créditos: Divulgação)
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Trajetória e atuação profissional.

Sou formado em 2007, na segunda turma de Ciências Biológicas da Esalq. Durante a minha graduação, fiz uma longa Iniciação Científica no Laboratório Max Feffer, do Departamento de Genética, onde me familiarizei com a importância das proteínas, as mais importantes biomoléculas que atuam em diferentes processos celulares. Após a graduação, continuei amadurecendo com um Mestrado no mesmo laboratório até 2010.

Por fim, fui realizar um Doutorado no Instituto de Química na USP de São Paulo, utilizei meus conhecimentos de caracterizar e identificar proteínas para entender a diferenciação no modelo de células tronco embrionárias de camundongos, e defendi o meu doutorado em 2014.

Ainda na USP, trabalhei na Facility de Espectrometria de Massas (CEFAP-USP) e ajudei outros estudantes a identificar proteínas em diferentes questões biológicas. Tive uma oportunidade em um grande laboratório de análises clínicas em São Paulo, o Fleury S/A, desenvolvendo pesquisa na área de biomarcadores proteicos no setor de P&D. Desde 2017, sou pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Química da Unicamp, atuo com o uso de enzimas, que são proteínas muito especiais, para responder questões importantes em química orgânica e farmacêutica.

Sou vinculado a um projeto de parceria público-privada do Centro de Excelência de Pesquisa em Química Sustentável, que conta com membros de cinco diferentes universidades públicas (UFSCar, Unicamp, USP-Ribeirão Preto, Unesp e UFSC) e a empresa química inglesa GlaxoSmithKline (GSK), com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Em 2018, fui consagrado com um convite e uma bolsa de estudos para representar o Brasil em uma importante conferência nos EUA, a Gordon Research Conference de Biocatálise.

 

A que área ou setor se dedica atualmente? Fale um pouco sobre suas atribuições.

Sou pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Química da Unicamp, atuo com o uso de enzimas, que são proteínas muito especiais, para responder questões importantes em química orgânica e farmacêutica.

De uma forma mais detalhada, para sintetizar uma molécula que pode ser um precursor de fármaco, por exemplo, os meus colegas químicos e farmacêuticos fazem síntese muito bem! Mas, existe uma característica no átomo de carbono quiral, que em uma reação de síntese pode produzir 2 moléculas completamente diferentes, espelhadas. O caso clássico e a importância disto foi o fármaco Talidomida, no qual uma forma é indicado para enjoo de gravidez, e a outra forma apresentou teratogênico e má formação para o feto. As enzimas conseguem realizar reações químicas de forma específica, produzindo como no meu exemplo, somente 1 dessas formas espelhadas. Além disso, as enzimas trabalham em condições brandas e sustentáveis, ou seja, sem o emprego de altas temperaturas, solventes ou ácidos fortes, sendo esses uns dos pilares da química verde.

Utilizo toda minha bagagem, que comecei aprendendo na Esalq, com a expressão de proteínas recombinantes, caracterização de proteínas, instrumentação analítica e bioquímica. Além dessa pesquisa, também sou docente responsável por uma disciplina de Química Geral na graduação da Unicamp.

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Quais os principais desafios desse setor?

O setor de biotecnologia e uso de biologia molecular e enzimologia é crescente nas indústrias de todo o mundo. Vi isso nessa conferência nos EUA e conversei com muitos pesquisadores de grandes farmacêuticas, química de defensivos e biocombustíveis que utilizam enzimas para fazer “Blocos de Construções” e gerar insumos novos. No Brasil, as coisas ainda estão engatinhando, possui poucas oportunidades fora da academia atualmente. Mas as novas Startups irão mudar esse cenário, Piracicaba é um polo de referência para isso.

 

Que tipo de profissional esse mercado espera?

O mercado espera que sejamos criativos, focados, automotivados, inteligência interpessoal e com domínio em técnicas de gestão de projetos com prazo determinado, aprendi isso no setor privado. Parece que é algo difícil, mas todos que realizam uma Iniciação Científica ou Pós Graduação domina todos esses aspectos.

 

Texto: Gabriela Martins Spolidoro | Estagiária de Jornalismo

Revisão: Caio Albuquerque

(Entrevista realizada em 20/07/2018)

Palavra chave: 
biólogo, turma de 2007, Matheus Camargo Bonatto, Ciências Biológicas