Alimentos funcionais na sala de aula

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divulgação | Instagram @alimentosbiomol
Editoria: 

Desmistificar a biologia molecular e os alimentos funcionais de forma lúdica e interativa é o objetivo de um projeto que aproximou alunos do curso de Ciências dos Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e estudantes do ensino médio e técnico de escolas de Piracicaba (SP) e Rio Claro (SP).

“Os alimentos funcionais têm se mostrado um importante aliado na prevenção de doenças como câncer, obesidade, diabetes do tipo 2 e doenças cardiovasculares”, conta a professora Aline Silva Mello Cesar, do departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq, coordenadora da iniciativa que contou com apoio do programa Aprender na Comunidade, da Pró-reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo.

Com linguagem simples e muita criatividade, os estudantes da Esalq planejaram e executaram ações de comunicação e disseminação do conhecimento afim de abordar a importância do alimento funcional e da biologia molecular na produção de alimentos. Na prática, foram elaborados livretos informativos em uma linguagem de fácil compreensão, além de vídeos e material digital para a divulgação dos temas de forma remota. “A proposta possibilitou aos alunos de graduação do curso de Ciência dos Alimentos da Esalq o convívio e o compartilhamento de conhecimento, além da prática de extensão, promovendo assim a aproximação do meio acadêmico com a comunidade externa.

Mídias – A equipe do projeto entrou em contato com algumas escolas de ensino médio e técnico estaduais e, durante os encontros, foram discutidos temas referentes aos alimentos funcionais, biologia molecular e o papel dos cientistas dos alimentos nesse processo.  “Essa discussão foi realizada com os participantes do projeto e os professores das escolas parceiras por meio de reuniões virtuais e, além dos encontros, criamos um perfil no Instagram (@alimentosbiomol) e, semanalmente compartilhamos conteúdo didático no site www.linbife.org”, complementa Aline Cesar. 

Durante os encontros, além da distribuição de livretos informativos especialmente preparados para o projeto, os estudantes puderam interagir a partir jogos lúdicos de forma virtual e estudos dirigidos para aprofundamento do conhecimento. De maneira geral os alunos das escolas parceiras avaliaram de maneira positiva a interação, destacando o aspecto de novidade dos conteúdos trabalhados, a qualidade do material didático e a oportunidade de aprender.

Comunidade escolar – Marcelo Vale, vice-diretor da Escola Estadual Dr. Dario Brasil, de Piracicaba. Avaliou positivamente a interação com a Esalq. “O convite para montarmos esse projeto com a assessoria do pessoal da Esalq foi muito bem-vindo. Abraçamos a iniciativa e foi muito positiva essa troca de conhecimentos sobre a importância dos alimentos funcionais para proporcionar uma vida saudável”.

Julia Ferreira dos Santos cursa o 1º ano e a partir do contato com conceitos da alimentação funcional despertou para práticas mais saudáveis. “Comecei a enxergar os alimentos de uma forma diferente. Eu não sabia que eles trazem tantos benefícios e me interessei bastante pelo conteúdo relacionado aos pelos pró-bióticos. “Pretendo a partir de agora consumir mais esses alimentos e acrescentar mais hábitos saudáveis”.

O secundarista Adriel Nunes Viana ressaltou a qualidade das informações recebidas nas interações. “O projeto com as estudantes da Esalq me ajudou a pensar melhor minha alimentação e variar os produtos que consumo. As interações a partir dos jogos foram bem proveitosas.

Para a professora de Biologia da escola Dario Brasil, Renata de Cássia Gregolim, foi um trabalho muito produtivo. “Pudemos trabalhar com metodologias ativas e recursos multimídia e conhecer conteúdos que eu desconhecia. Sou apaixonada pela área de alimentos e foi muito valioso perceber que os alunos incorporaram muitos conceitos na sua vida e o envolvimento de toda a escola com o projeto”.

A professora Elbia do Valle Pinheiro, da ETEC Prof. Armando Bayeux da Silva, mostrou sua gratidão à iniciativa. “O projeto trouxe um alívio durante a pandemia e ajudou no conteúdo que eles estavam vendo, sobre alimentos. Foi primordial para esse momento de descobertas que eles passam na escola e bastante positivo perceber a universidade alcançando as escolas públicas de nível médio.

Adi Eloy de Moraes leciona na escola João Chiarini reforça que o trabalho complementou o conteúdo de uma disciplina eletiva. “Projetamos trabalhar com Pancs - Plantas alimentícias não convencionais -  e a vinda da Esalq trouxe material novo e nos ensinou as propriedades de plantas que não conhecíamos”.

Compartilhar – Para os estudantes de Ciências dos Alimentos da Esalq, compartilhar o conhecimento com os secundaristas contribui com a formação e reforça a importância do cientista de alimentos na sociedade.  Uma das participantes do projeto é Ana Julia Bernardi Souza, do 4º ano. “Sinto que nossas interações despertaram o interesse dos alunos nos temas, mas o mais importante é que eles acabam conhecendo a própria universidade e descobrem os cursos disponíveis na USP. Fico muito feliz em poder levar um pouco do aprendemos em sala de aula para a comunidade”.

Debora de Campos também está no 4º ano e confessa que, além de ensinar, pôde desenvolver habilidades individuais durante os encontros. “Além de aprimorar os conhecimentos sobre os temas do projeto, consegui desenvolver habilidades como autonomia, comunicação, trabalho em equipe. Foi uma experiência única”. Estudante do 2º ano, Julia Helena Rocha reforça que participar do projeto foi uma experiência enriquecedora. “Poder levar um pouco daquilo que aprendemos e esse contato com as escolas foi algo muito gratificante”.

Mesmo ingressando na Esalq este ano, Giovana Carvalho teve a oportunidade de participar do projeto. “Estou muito feliz de fazer parte do projeto já no meu primeiro ano e foi muito gratificante estimular os estudantes e levar um pouco do que aprendemos até eles”.

Desde 2020 Natália Peccin Biarzolo é estagiária do Laboratório de Biologia Molecular e Micotoxinas e gostou muito da interação com os estudantes. “Além dos alunos aprenderem conosco, podemos aprender com as dúvidas deles também. Levar jogos e conteúdos diferentes estimulou os estudantes e ajudou ainda a divulgar nosso curso de Ciências dos Alimentos”.

Conhecer um pouco mais sobre o ambiente universitário foi uma vantagem do projeto apontado por Janaina Lustosa, do 3º ano. “Esse projeto é muito importante pois leva o conhecimento para a comunidade e instiga os estudantes a saber mais sobre ciência e sobre o próprio ambiente universitário, que contribui para a evolução da sociedade como um todo”.

Apoio – Além da coordenação da professora Aline Cesar, o projeto teve o professor Albino Luchiari Filho, atualmente pesquisador colaborador da Esalq, como responsável pela escrita do livreto sobre Alimentos Funcionais. A professora Jocelem Salgado revisou esse conteúdo. Foram parceiras do projeto a Escola Estadual Dr. Dario Brasil e Ee Prof. Dr João Chiarini, ambas de Piracicaba e a ETEC Prof. Armando Bayeux da Silva, de Rio Claro.

O projeto recebeu ainda o apoio de uma bolsa CNPq concedida pelo programa WASH (Workshop Aficionados em Software e Hardware) e o sucesso da iniciativa possibilitou também a aprovação de uma proposta de Pré-Iniciação Científica, com a concessão de duas bolsas para as alunas Laura Fernanda de Lima Oliveira e Tânia dos Santos Rodrigues, do Ensino Médio da escola Dario Brasil, que passaram a aprender na prática ferramentas da biologia molecular.

Texto: Caio Albuquerque (26/11/2021)