Curso de Engenharia Florestal da Esalq possibilita proximidade com o mercado e dupla diplomação com escolas europeias

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Professor e aluno do curso em Laboratório de Química e Celulose (crédito: Roberto Amaral)
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“Lembro-me perfeitamente do dia da matrícula, entrei na Esalq de mãos dadas com minha mãe, não sei quem estava mais feliz”, disse Carolina Bozetti Rodrigues, egressa do curso de Engenharia Florestal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP). Ela sempre estudou em escola pública e obter uma formação de ensino superior era um sonho não somente dela, mas também de seus pais.  

Formada na turma de 1999, escolheu estudar na Esalq por apresentar a melhor avaliação do curso. “Devo destacar que o apoio que a instituição me ofereceu, como moradia, bolsa alimentação e trabalho, na época, não estavam disponíveis em outras universidades e que foram fundamentais para que eu pudesse estudar fora de minha cidade natal”.

A Engenharia Florestal é uma profissão muito ampla e que está presente no dia a dia do ser humano. É possível atuar em praticamente todo o território brasileiro e também no exterior, em diversas áreas. Para Carolina, o curso é bastante dinâmico e aplicado, possibilitando relacionar rapidamente o conteúdo visto em sala de aula com os problemas e desafios reais. “Do ponto de vista pessoal, a graduação permitiu que eu convivesse com pessoas vindas das mais diferentes partes do Brasil e fizesse amigos para toda a minha vida”.

Hoje, a egressa possui experiência na área de conservação dos recursos hídricos com ênfase nos efeitos do manejo florestal sobre a quantidade e a qualidade de água. “Atuo como consultora em projetos de monitoramento hidrológico, planejamento territorial e restauração florestal com foco nas relações entre as florestas e a água”.

Criado no início da década de 1970, o curso de Engenharia Florestal é reconhecido profissionalmente. Tem duração de cinco anos, com disciplinas que se dividem entre básicas (introdutória), profissionalizantes gerais e específicas. “O grande diferencial do curso é o fato de unir conceitos e práticas de produção e processamento da madeira, além de conservação de recursos naturais, tornando nossa formação mais dinâmica”, disse Victória Marega Festucci, estagiária da Comissão de coordenação do curso.

Para enriquecer o currículo dos estudantes, a Esalq conta com duas estações experimentais, localizadas em Itatinga e em Anhembi, que ficam à disposição dos alunos. Também nas áreas florestais do próprio campus da Esalq em Piracicaba, ocorrem experimentos e aulas. Com esta estrutura disponível, é possível oferecer muitas aulas práticas. “Como exemplo, duas viagens são marcantes, uma para Juréia, com a disciplina de Ecologia no primeiro ano, quando os alunos vivenciam e aprendem sobre cinco biomas e, no quarto ano, uma viagem para a Floresta Amazônica, com a disciplina de Manejo de Florestas Tropicais”, contou Victoria. Sobre a ida à Amazônia, quem já foi, destaca a experiência para a formação. “Quando entramos no curso de Engenharia Florestal da Esalq, sempre esperamos essa viagem. Quando conversamos com estudantes que fazem o mesmo curso em outras universidades do país, eles falam que não têm essa oportunidade de fazer um curso de Manejo Florestal como esse. Acho que é o ápice da nossa formação”, disse Nadia Rosário de Oliveira, aluna do curso.

Entre as diversas aplicações da madeira como fonte de energia e celulose, há também a possibilidade de uso como elemento estrutural. Entretanto, este uso pode apresentar certos desafios devido a algumas limitações naturais da madeira. A área de tecnologia da madeira atua no sentido de estudar e buscar melhoria do processamento e da madeira e seus derivados visando aperfeiçoar e otimizar as aplicações deste recurso natural. A melhoria das características estruturais e mecânicas da madeira, por exemplo,  feita com base em projetos de pesquisa, vem tornando possível o atendimento de um mercado crescente em demanda.

“O diferencial da área se dá na constante busca por soluções para uso dos recursos madeireiros e não madeireiros. Muitos estudos podem ser realizados em laboratório em um intervalo de tempo razoável, o que facilita a interpretação de resultados e possibilita adaptações imediatas para novos testes”, contou Larissa Stefani Martins da Silva, aluna do curso.

Proximidade com o mercado – O futuro engenheiro florestal da Esalq tem ainda grande proximidade com o mercado de trabalho. A Escola possui parceria em projetos com empresas do setor, tanto no Brasil como no exterior. Os alunos são levados às empresas para conhecer seus plantios, seu processo industrial, suas técnicas e inovações. Fora isso, há também possibilidades de intercâmbio, estágios profissionalizantes, dupla diplomação e a opção de cursar licenciatura em Ciências Agrárias, simultaneamente.

Estágios – Márcia Sousa do Nascimento, graduanda do quarto ano, optou pela licenciatura. “No primeiro ano, decidi também entrar no curso de Licenciatura em Ciências Agrárias e estou quase concluindo. A Licenciatura nos possibilita também ter uma visão mais crítica da situação atual da educação brasileira e a valorizar essa profissão extremamente importante para qualquer país”.

Márcia ingressou em 2015 e, já na segunda semana de aula, entrou no Centro Acadêmico de Engenharia Florestal, onde esta até hoje. “Desde o primeiro semestre entrei em um grupo de estágio voltado aos estudos e pesquisas em ecologia e manejo florestal e, com o tempo, fui conhecendo também outros grupos na área de silvicultura e restauração florestal. Isso me ajudou muito a decidir as áreas que mais gosto de atuar”. Hoje, a aluna possui um projeto de iniciação científica e faz parte do laboratório de Hidrologia Florestal.

A estudante coordena ainda atividades de um grupo de extensão criado recentemente na Esalq, na área de Hidrologia Florestal. As ações do grupo estão focadas com produtores rurais a fim de contribuir na adequação ambiental, principalmente, na preservação das nascentes. “Trabalhar com extensão foi algo que sempre desejei, pois acredito ser esse o principal papel da Universidade, compartilhar nossas pesquisas e os conhecimentos adquiridos com a população. Para mim é uma experiência muito boa”.

Internacionalização – No curso de Engenharia Florestal da Esalq, é possível realizar a dupla diplomação com a AgroParisTech, acordo assinado recentemente e com a Universidade Politécnica de Bragança, em Portugal. O aluno selecionado para o duplo-diploma cursa 2 anos e meio no Brasil e 2 anos e meio no outro país resultando em um diploma que vale para ambas as nações. Outra possibilidade na formação realizada na Esalq e incrementar o currículo com experiências no exterior.

Camilla Noel da Silva também é aluna do curso. A estudante teve uma experiência de estágio no segundo semestre de 2017 na cidade de Alta Floresta (MT), no Instituto Ouro Verde (IOV). “Trabalhei em um projeto realizando entrevistas com agricultores familiares que coletavam sementes agrícolas e florestais para comercialização. Essa foi uma das melhores experiências que tive durante a graduação”. Este ano, Camilla fez intercâmbio no primeiro semestre na Europa, cursando quatro disciplinas na Escola Agrária de Coimbra, em Portugal e depois trabalhou, durante um mês, voluntariamente em uma ecovila na Itália. “Estar fora do país por tanto tempo é uma experiência única e indescritível, que te possibilita conhecer diversos lugares com diferentes culturas, além de te trazer amizades de vários lugares do mundo”.

Empreender – O egresso José Henrique Bazani possui atualmente uma empresa de tecnologia florestal, a Geplant, em sociedade com mais dois esalqueanos. Depois de formado, em 2006, transferiu-se para o sul da Bahia, onde trabalhou por 6 anos na área de tecnologia em uma empresa de celulose. Após este período, resolveu aprimorar seus conhecimentos e retornou à Esalq para realização do curso de Mestrado na área de silvicultura e manejo florestal.

“Foram mais dois anos de dedicação aos estudos científicos e mais descobertas sobre as oportunidades que a Esalq poderia me oferecer. Durante este período, tive a honra de participar do comitê de organização do mais importante fórum científico de florestas plantadas do mundo”.

Com o término do curso de mestrado e o encontro com dois grandes colegas de profissão, José e os amigos esalqueanos decidiram criar a própria empresa, com o objetivo de prestar serviços para o setor florestal. “Não tivemos dúvidas de onde iríamos nos instalar: a cidade de Piracicaba. Além de ser uma cidade em franco crescimento, é hoje uma das referências em ciência e tecnologia voltada para o agronegócio e o setor florestal e nossa Escola é a grande responsável por esse título. Neste ano, contratamos um aluno recém-formado na Esalq. Procuramos sempre retribuir à sociedade um pouco do que recebemos durante nossa formação e os anos vividos na Esalq”, disse Bazani.

Segundo o coordenador de Engenharia Florestal na Esalq, professor Silvio Ferraz, o diferencial do curso é ser eclético, com forte atuação seja na área de produção florestal, conservação da natureza ou tecnologia da madeira. “Nosso profissional é versátil, tem forte embasamento teórico, mas também experiência prática e contato com o mercado. Estamos sempre reformulando o curso para atender um mercado globalizado, que pede mais empreendedorismo e que exige flexibilidade na forma de trabalho. A Engenharia Florestal está mudando e precisamos sempre estar olhando à frente.”

Licenciatura – O engenheiro florestal formado pela Esalq pode atuar em propriedades rurais, empresas, indústrias de grande, médio e pequeno porte, ONGs, órgãos governamentais, comunidades quilombolas, indígenas e rurais, com atividades nas áreas de silvicultura e manejo, ecologia aplicada, tecnologia de produtos florestais. Ao aluno que cumprir as disciplinas do programa de Licenciatura em Ciências Agrárias será atribuído um segundo diploma, que permite dar aulas na educação profissional, ensino médio, na área de ciências agrárias, envolvendo as subáreas de agropecuária, florestal e meio ambiente.

Formas de Ingresso

Para ingressar no curso de engenharia Florestal ou em um dos outros cursos de graduação da Esalq, o acesso é realizado pelo vestibular da Fuvest (www.fuvest.br) ou pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU) http://sisu.mec.gov.br/sisu .

Como surgiu o curso?

A importância da área florestal cresceu nas décadas de 1950 e 1960, com o desenvolvimento econômico excepcional do país, que resultou em grande demanda de produtos florestais. A Esalq, então, atenta a tais demandas cria, em 1962, a área de Silvicultura. O curso de Engenharia Florestal da Esalq inicia-se em 1972, sendo reconhecido em 1976, mesmo ano quando inicia-se também o mestrado na área florestal. Em 2.000 tiveram início as atividades do em Recursos Florestais.

Em pesquisa recente com os egressos entre 2000 e 2017, verificou-se que 80% dos egressos exercem atividades diretamente ligadas às ciências florestais. Em relação às áreas de atuação, 47% atuam com silvicultura e manejo florestal, 36% trabalham com conservação de recursos naturais e ecologia e 4% estão em cargos ligados à tecnologia de produtos florestais. Outros 13% atuam em áreas diversas, principalmente prestando serviços de consultorias ou no serviço público.

Saiba mais em http://graduacao.lcf.esalq.usp.br .

 

Texto: Gabriela Martins Spolidoro | Estagiária de Jornalismo

Revisão: Caio Albuquerque

11/09/2018

José Henrique Bazani está em uma área de colheita de eucalipto, acompanhado de Marcos Dassan, que também é esalqueano (crédito: acervo pessoal)
Camilla Noel da Silva no Parque Natural da Serra da Estrela, em Portugal (crédito: acervo pessoal)