FAO indica laboratório da Esalq entre os campeões mundiais em espectroscopia de solo

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Crédito Global Soil Partnership/FAO

O laboratório de Sensores do departamento de Ciência do Solo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) figura em uma seleta lista de campeões em espectroscopia de solo, elaborada pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).

Organizado pelo grupo Geotecnologias Aplicadas à Ciência do Solo (GeoCis), o laboratório é coordenado pelo professor José Alexandre Demattê, sendo considerado pela FAO o campeão regional da América Latina e Caribe no desenvolvimento de pesquisas em espectroscopia de solo.

Com atuação desde 1995, a FAO aponta como fatores que justificam tal distinção os 3 sensores Vis-NIR-SWIR e 1 Mid-IR. Indica ainda o fato de que em 2012 começou a trabalhar com laboratórios úmidos dentro de um programa interativo (mais de 50 laboratórios tradicionais; 200 membros), ser sede da Biblioteca Espectral de Solos do Brasil com a participação de 61 pesquisadores, 41 instituições, de todos os estados do Brasil. Além disso, oferece um serviço online gratuito com uma plataforma interativa para análise de solo (besbbr.com.br).

Rede Global – O laboratório da Esalq integra a Rede Global de Laboratórios de Solo, ou Global Soil Laboratory Network (GLOSOLAN). Criada em 2017, a Rede tem objetivo de construir e fortalecer a capacidade dos laboratórios em análise de solo e para responder à necessidade de harmonizar os dados analíticos. A harmonização de métodos, unidades, dados e informações é crítica para (1)  fornecer informações confiáveis e comparáveis entre países e projetos; (2) permitir a geração de novos conjuntos de dados de solo harmonizados; e (3) apoiar a tomada de decisão baseada em evidências para o manejo sustentável do solo. O trabalho da GLOSOLAN apóia a implementação a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o mandato da FAO sobre segurança alimentar e nutrição.

Campeões – O mapa dos campeões regionais contém 8 laboratórios em todo o mundo. Em 2020, laboratórios e institutos que manifestaram interesse em espectroscopia de solos foram convidados a preencher um formulário para se apresentar e indicar como poderiam cumprir o Termo de Referência. Os perfis dos candidatos foram enviados às Redes Regionais de Laboratórios de Solo, que elegeram seus campeões regionais.

Além do laboratório da Esalq, figuram nessa rede de excelência o Laboratório de Pesquisa de Solo Kellogg (EUA); o Laboratório de diagnóstico espectral de solo vegetal, Word Agroforestry (CIFOR - ICRAF), Quênia; o Centro de Excelência para Pesquisa de Solo e Fertilizantes na África (CESFRA) - Laboratório de Espectroscopia de Solo (SSP), Universidade Politécnica Mohammed VI, Marrocos e Laboratório Conjunto de Solo (JSL), no INRA-ICARDA Rabat-Marrocos; o Laboratório de espectroscopia de solo, ICAR-Instituto Indiano de Ciência do Solo, Bhopal, Índia; o Centro de Pesquisa Agropecuária da Valônia (CRA-W), Departamento de Conhecimento e Valorização de Produtos Agropecuários. Unidade de qualidade e autenticação de produtos agrícolas, Bélgica, em colaboração com ULiège GxABT Ax Echanges Eau-Sol-Plante; o Rothamsted Research, Reino Unido e o Aristotle University of Thessaloniki, Faculty of Agriculture, Forestry and Natural Environment, Laboratory of Remote Sensing, Spectroscopy and GIS (AUTH-RSL), Grécia.

“Para chegar nesse reconhecimento foram 28 anos de trabalho com esse tipo de análise. Assim fortalecemos as pesquisas nessa área, que emprega uma tecnologia que será disseminada para toda a temática em análise de solos. Laboratórios de todo o país poderão seguir esse modelo adotado na Esalq em conjunto com a FAO. Essa inserção internacional à FAO estabelece o reconhecimento e a importância do Brasil na áera tecnológica e especificamente nos estudos que envolvem sensores na agricultura, que norteará o rumo dos laboratrórios de análise de solo daqui em diante”, declara o professor Demattê.

Um dos pioneiros na Esalq a trabalhar com sensoreamento remoto em solos, Demattê lembra que o nível de aprimoramento que essa tecnologia atingiu hoje é fruto da persistência por parte da comnidade científica, que acreditou em um histórico passado, que apontava que essa tecnologia seria viável no fututo. “Necessitávamos de amadurecimento científico, novos softwares, computadores e sensores, e conseguimos evoluir de maneira a poder contribuir com toda a área  agrícola. Ressalto, no entanto, que o sensoriamento remoto não substitui a análise tradicional de solo mas otimiza o processo. Já estão surgindo mundo afora, os denominados laboratórios híbridos, o que resulta em ganhos tempo, custo e minimização de impactos ambientais”, finaliza. 

Espectroscopia – Segundo a FAO, a Espectroscopia é o estudo da interação entre matéria e radiação eletromagnética. É baseado no princípio de que as vibrações moleculares e as transições eletrônicas associadas aos constituintes do solo absorvem a luz enquanto interagem com a radiação. Pela primeira vez desde a descoberta desta tecnologia, instituições e especialistas de todo o mundo estão agora unindo esforços para colocar essa tecnologia em prática e para as os usuários, como apoio na tomada de decisão sobre a proteção do solo globalmente.

Saiba mais em http://www.fao.org/global-soil-partnership/glosolan/soil-analysis/dry-ch... .

Texto: Caio Albuquerque (22/04/2021)
Com informações da  FAO

Palavra chave: 
solo Alexandre Demattê LSO sensoreamento